Em um dia de poucos destaques positivos e muita cautela no Ibovespa, as ações da BRF (BRFS3) despontaram como um dos principais destaques desta quarta-feira (05).
Com a cautela com o futuro da política monetária dos Estados Unidos contaminando o cenário, o otimismo do Credit Suisse com o potencial de alta das ações da companhia foi o que embalou o desempenho da empresa de proteínas.
O analista Victor Saragiotto, que assina o relatório, vê um potencial de alta de 33% para as ações, com um preço-alvo de R$ 30, elevando a recomendação de "neutra" para "compra". Os papéis BRFS3 conseguiram fechar em alta de 1,25%, a R$ 22,70, nesta quarta-feira (05), enquanto o Ibovespa caiu mais de 2%.
Para o banco suíço, a BRF é hoje uma das empresas mais baratas do mundo dentro do setor alimentício, o que gera um ponto de entrada atrativo para o papel, fruto de um trabalho de gestão "competente". Mas isso não significa que o cenário deve se tornar menos desafiador no futuro.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, que começou em 2018, ainda impacta o preço dos grãos de soja e milho, levando as commodities a serem negociadas próximas dos níveis recordes. O analista pontua que, como o ciclo produtivo de suínos e aves é longo, a elevação deve seguir pressionando as margens.
Resultados da BRF empolgam
A pressão, no entanto, não tem impedido a BRF de apresentar resultados trimestrais animadores e acima do esperado pelos analistas. Mesmo com o impacto da redução das margens, o banco espera uma receita de cerca de R$ 53 bilhões para 2023 e um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 6 bilhões.
Os riscos para o papel continuam sendo uma recuperação doméstica ainda mais lenta, um setor mais competitivo e o crescimento do mercado de aves no país, o que pode levar a uma queda dos preços.
No melhor dos cenários projetado pelo banco, as ações poderiam chegar a R$ 34. Isso vai depender de uma melhora nas vendas de comidas processadas e como isso deve afetar a dinâmica de preços domésticos. No pior dos cenários, o papel poderia ir a R$ 15, acompanhando a deterioração do ambiente econômico brasileiro e o impacto nas vendas.