🔴 ESTA FERRAMENTA PODE MULTIPLICAR SEU INVESTIMENTO EM ATÉ 285% – SAIBA MAIS

Venezuela sem Maduro? A oportunidade mora ao lado

Maduro fora, a Venezuela será um país excepcional para investimentos brasileiros, principalmente da Petrobras e de construtoras

18 de fevereiro de 2019
12:36 - atualizado às 14:47
Homem segura bandeira da Venezuela em manifestação contra Nicolás Maduro, em Caracas - Imagem: Shutterstock

No início de 1971, fui à Venezuela pela primeira e única vez. Fiquei em Caracas durante uma semana com a delegação do Fluminense que participava da Copa Libertadores da América.

Vencemos os dois jogos: Deportivo Galicia 1 x 3 Flu; Deportivo Itália 0 x 6 Fluminense. Só a título de esclarecimento, semanas mais tarde seríamos eliminados do torneio, em pleno Maracanã, ao perdermos para o Deportivo Itália (0 x 1) e Palmeiras (1 x 3).

Voltando à viagem ao país vizinho, verifiquei que não produziam absolutamente nada além de óleo cru. Nenhum tipo de indústria; bens de consumo, importados. Como a gasolina era vendida a quase zero, as ruas da capital estavam sempre congestionadas, de tal maneira que, num dos jogos, a delegação do Fluminense foi a pé para o estádio.

Naquela época, companhias estrangeiras perfuraram poços de petróleo no país, sendo a Shell a principal. O acordo entre essas multinacionais e o governo local era extremamente lesivo aos venezuelanos.

Na página 163 (edição da Inversa) de meu livro Os mercadores da noite, explico como o esquema funcionava. Os lucros eram divididos meio a meio entre as empresas perfuradoras e os países detentores das reservas. Só que, antes da divisão, descontavam-se todas as despesas, superfaturadas. Portanto um fifty-fifty fajuto.

Desde 1960 existia a OPEP, criada por inspiração do ministro do Desenvolvimento da Venezuela, Juan Pablo Pérez Alfonzo. Era uma instituição desconhecida e totalmente sem prestígio. Sua sede fora instalada em Genebra e mais tarde seria transferida para Viena.

Em 1973, com a guerra do Yom Kippur, veio o primeiro choque do petróleo. Em menos de três meses, o preço do barril subiu 300%. Três anos mais tarde, o governo venezuelano estatizou a produção. O monopólio passou a ser da PDVSA, empresa que viria a se destacar por ser uma das mais mal administradas do mundo dos hidrocarbonetos.

Mesmo quando os dólares começaram a entrar em profusão, os venezuelanos jamais se preocuparam em industrializar o país, confiantes no petróleo. Veio o segundo choque, em 1979, por ocasião da revolução islâmica no Irã.

A partir daí o óleo cru passou a oscilar ao sabor do mercado, como uma commodity qualquer. Só que, nos anos de preço alto, a Venezuela aproveitava pouco. Quando a cotação caía, imperava a miséria nas inúmeras favelas das grandes cidades.

Passaram-se os anos. Em 1992, um coronel do exército, de nome Hugo Chávez, tentou dar um golpe de estado. Pretexto: melhorar a vida do povão. Só que a quartelada fracassou. Isso não impediu que ele se tornasse extremamente popular.

Em fevereiro de 1999, Chávez foi democraticamente eleito presidente. Como obteve grande maioria das cadeiras do Legislativo, mudou a Constituição, ampliando seus poderes. Aumentou o número de ministros da Suprema Corte, que passou a ser um tribunal carimbador das decisões presidenciais.

Da posse de Chávez até meados de 2008, o petróleo entrou em um bull market formidável. Subiu de US$ 17,00 para US$ 148,00, alta de 770%.

Era para a Venezuela ter se tornado um país riquíssimo, pois tem as maiores reservas petrolíferas provadas do planeta: 296,5 bilhões de barris.

Acontece que Chávez preferiu, através de seu regime bolivariano, que ninguém sabe direito o que significa, tornar-se um líder revolucionário latino-americano. Vendeu petróleo quase de graça para Cuba, de onde importou açúcar pagando preços acima dos de mercado.

Como se não bastasse a ajuda aos irmãos Castro, o governo venezuelano comprou títulos da dívida pública da inadimplente Argentina kirchnerista e ajudou financeiramente a Bolívia e o Equador. Investimentos domésticos não fez praticamente nenhum, a não ser programas de assistencialismo que lhe deram grande popularidade, mas combaliram os cofres do Tesouro.

O país continuou desindustrializado. Pior, produtos como papel higiênico, sabonetes e alimentos da cesta básica sumiram das prateleiras dos supermercados. Só eram encontrados, por preços extorsivos, no câmbio negro. Houve racionamento de água e energia elétrica.

Como desgraça pouca é bobagem, o preço do barril do petróleo caiu para menos de 100 dólares. Vítima de câncer, Hugo Chávez morreu em março de 2013. Antes disso, escolheu para sucessor Nicolás Maduro, motorista de caminhão (nada contra os caminhoneiros) semianalfabeto, tacanho, incompetente, vaidoso, perdulário, homem de se deixar fotografar comendo um steak de 275 dólares no restaurante Nusr-Et, de Nusret Gökçe, em Istambul, um dos mais badalados do mundo.

A figura de Maduro, pançudo, um Havana na boca e um babadouro sobre a camisa, viralizou nas redes sociais e indignou o povo venezuelano, que precisa juntar 41 salários mínimos para degustar um bife daqueles.

Para desespero de Nicolás, durante sua gestão o preço do barril de petróleo caiu para 55 dólares, agravando a miséria do país. Resultado: 3 milhões de venezuelanos, quase 10% da população, fugiram para países vizinhos como o Brasil e a Colômbia.

Tendo perdido as últimas eleições presidenciais, Nicolás Maduro considerou o pleito inválido e promoveu nova rodada, através de um colégio eleitoral “de sua confiança”. Obteve 67,8% dos votos.

Em resposta, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino até que eleições livres e democráticas possam ser realizadas. Para desespero de Maduro, os Estados Unidos, a OEA e a maior parte dos integrantes da Comunidade Europeia passaram a reconhecer o governo de Guaidó como o legítimo do país.

Agora é questão de tempo, de muito pouco tempo, até que Juan Guaidó tome posse no palácio de Miraflores. Se for esperto, Nicolás Maduro deverá fugir do país. Caso contrário, pode lhe acontecer coisa pior. Lembrem-se do líder líbio Muammar al-Gaddafi que, mesmo tendo uma oferta de asilo político na Arábia Saudita, preferiu ficar em seu país.

Morreu empalado num linchamento perpetrado por populares.

Maduro fora, a Venezuela será um país excepcional para investimentos brasileiros, principalmente da Petrobras e de construtoras. Atualmente a PDVSA extrai apenas um milhão e quinhentos mil barris por dia. Só para efeito de comparação, o Brasil produz mais do que o dobro disso.

As oportunidades na Venezuela não se limitam ao campo dos combustíveis. O país terá de recomeçar do zero em todos os setores da atividade industrial, comercial e de serviços. As empresas brasileiras, muitas delas com capacidade ociosa, podem se valer disso.

Talvez, para nós, seja um dos grandes negócios deste fim de década.

Compartilhe

NOVO REAJUSTE

Botijão mais barato? Petrobras (PETR4) corta preço do gás de cozinha pela segunda vez em 2022

13 de setembro de 2022 - 7:42

A partir de hoje, o preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP) passa de R$ 4,23 para R$ 4,03 o quilo, uma queda de 4,7%

Volatilidade à frente

A gasolina mais barata está com os dias contados? BofA lista 8 riscos que podem fazer o petróleo disparar ou desabar nos próximos meses

6 de setembro de 2022 - 17:48

Analistas veem forte volatilidade no futuro da commodity, que está entre a cruz da recessão global e a espada da crise energética na Europa

PREPAREM OS ESTOQUES!

Vai faltar vidro? Como Putin pode fazer a Europa ficar sem cerveja e sem automóveis

3 de setembro de 2022 - 16:16

Grandes fabricantes de automóveis como a Volkswagen e as cervejarias europeias estão correndo para aumentar os estoques e evitar uma interrupção da produção

ACABOU O GÁS

Entenda o que está em jogo agora que a operadora do gás russo Gazprom interrompeu o fluxo para a Europa; apostas na recessão aumentam

31 de agosto de 2022 - 11:47

Com a proximidade do inverno, as sanções impostas à Rússia começam a ter efeitos na Europa — que começa a correr contra o tempo

O QUE RESTOU DO IMPÉRIO

De Eike para Tanure? Dommo (DMMO3) diz que a PetroRio (PRIO3) está entre as interessadas na compra de ativos

24 de agosto de 2022 - 9:11

A Dommo e a PetroRio (PRIO) já são bem próximas e firmaram em 2020 um acordo para interligar os campos de Polvo e Tubarão Martelo

EM BUSCA DE CONTROLE?

Warren Buffett está autorizado a comprar até metade da Occidental Petroleum; entenda o que o bilionário vê na petroleira

20 de agosto de 2022 - 13:18

Berkshire Hathaway, o conglomerado de Warren Buffet, já possui mais de 20% das ações da Ocidental Petroleum; analistas especulam que ele estaria atrás do controle da empresa

VOTOS DE FÉ CONTIDA

Medinho de recessão? Warren Buffett ignora temor global e aumenta apostas da Berkshire Hathaway em empresas dos EUA

16 de agosto de 2022 - 13:17

Apesar de ter desacelerado o ritmo de compras de ações no segundo trimestre, o Oráculo de Omaha investiu US$ 6,2 bilhões em companhias norte-americanas entre abril e junho de 2022

EM FORTE QUEDA

China derruba preços do petróleo internacional e pode ajudar na redução da gasolina no Brasil; entenda

15 de agosto de 2022 - 11:06

Desde as máximas em março deste ano, o barril de petróleo Brent já recuou cerca de 26% com a perspectiva de desaceleração — e, possivelmente, recessão — global

CADÊ A PARIDADE?

E aí, Petrobras (PETR4)? Petróleo cai no exterior, mas preço dos combustíveis no Brasil não acompanha; entenda

8 de agosto de 2022 - 14:01

Segundo a Abicom, o preço do diesel está 14% acima do praticado no mercado internacional, enquanto o da gasolina está 8%

NADA DE PARAR

O ciclo continua: Opep+ confirma aumento da oferta de petróleo em 100 mil barris por dia em setembro

3 de agosto de 2022 - 18:20

A previsão era encerrar o ciclo de altas na oferta no próximo mês; o acréscimo de barris de petróleo, portanto, será menor em comparação aos meses de julho e agosto

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar