Com o exterior positivo e o PIB acima do esperado, o Ibovespa saltou além dos 100 mil pontos
O Ibovespa pulou mais de 2% nesta quinta-feira (29) e conseguiu retornar à casa dos três dígitos, ajudado pelo alívio na guerra comercial e pela surpresa positiva com o PIB brasileiro
Antes de falarmos sobre o Ibovespa e o dólar à vista nesta quinta-feira (29), vamos a uma pequena história.
Era tarde da noite do dia 15 de agosto de 2016. Eu estava em casa, assistindo à final olímpica do salto com vara masculino pela TV — eram os jogos do Rio de Janeiro e eu usava quase todo o meu tempo livre para acompanhar as competições. E, bom, essa disputa foi particularmente memorável.
Depois de muitas idas e vindas, apenas dois atletas sobraram no páreo: o francês Renaud Lavillenie, atual campeão e favorito para a repetir o ouro, e o brasileiro Thiago Braz, um azarão praticamente desconhecido do público. Mas, impulsionado pela torcida local, o atleta da casa ganhou coragem.
Contra todos os prognósticos, Braz saltou impressionantes 6,03 metros — um novo recorde olímpico — e subiu ao degrau mais alto do pódio, transformando-se num herói instantâneo. Essa, afinal, foi a única medalha dourada conquistada pelo atletismo brasileiro naquela edição dos jogos.
Dito tudo isso, você deve estar se perguntando: por que é que estamos falando sobre salto com vara num texto que deveria discutir o desempenho dos mercados financeiros?
Eu explico: na época, eu me interessei um pouco pela modalidade. Nunca cheguei nem perto de praticar, mas li algumas coisas a respeito do esporte, vi um ou outro vídeo na internet e aprendi algumas coisas. Em resumo, todo bom saltador precisa conjugar dois fatores fundamentais: velocidade e impulsão.
Velocidade na fase de corrida, já que o atleta parte de um estado estático e corre em direção ao obstáculo; e impulsão, já que o competidor precisa projetar o próprio corpo no ar, com o auxílio da vara, para conseguir atingir alturas cada vez maiores.
Nesta quinta-feira, o Ibovespa teve seu dia de Thiago Braz: correu rápido, impulsionado pelo maior otimismo no exterior, e teve um impulso firme, gerado pela surpresa positiva com o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre. Com isso, o índice deu um salto digno de medalha, superando o sarrafo dos 100 mil pontos.
Ao fim da sessão, o Ibovespa fechou em forte alta de 2,37% — o melhor desempenho em termos porcentuais desde 21 de maio —, aos 100.524,43 pontos. É a primeira vez desde o dia 22 que o índice aparece na faixa dos três dígitos.
Correndo com o vento a favor
Ao contrário do que vem acontecendo nos últimos dias, o Ibovespa contou com uma ajudinha do exterior na fase da corrida: lá fora, os ventos da guerra comercial mudaram ligeiramente de direção, passando a soprar a favor dos mercados.
Lá fora, os agentes financeiros receberam bem uma sinalização emitida pelo governo da China, afirmando que Pequim e Washington continuam "em comunicação efetiva" e que ambos os lados discutem se seguirão adiante com a rodada de negociações marcada para setembro.
Tal indicação trouxeram um alívio pontual às preocupações nesse front. Nos últimos dias, o presidente americano, Donald Trump, vinha fazendo acenos mais amenos à China, mas o governo do gigante asiático ainda não tinha feito nenhum gesto na mesma direção.
"O assunto do momento é a guerra comercial. Se há algum sinal de que as negociações poderão evoluir, os mercados se recuperam", diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset. "As perdas [por causa das disputas entre China e EUA] foram muito grandes nos últimos dias".
Assim, embora nenhum acordo ou alívio nas sobretaxas de importação tenha sido anunciados, os mercados assumem uma postura ligeiramente mais otimista, mostrando-se mais dispostos a aumentarem as posições nas bolsas ao redor do mundo.
Como resultado, os mercados acionários de Nova York também tiveram uma sessão bastante positiva: o Dow Jones fechou em alta de 1,25%, o S&P 500 avançou 1,27% e o Nasdaq teve ganho de 1,48%.
É claro que os ventos do exterior podem mudar a qualquer momento — basta um tuíte mais agressivo de Trump ou uma sinalização menos afetuosa das autoridades chinesas para trazer uma nova onda de cautela aos agentes financeiros. Mas, ao menos nesta quinta-feira, o Ibovespa aproveitou a ajuda externa para ganhar velocidade.
Decolando
Com o impulso vindo lá de fora, o principal índice da bolsa brasileira chegou bem posicionado para tentar dar um salto. E os investidores não desperdiçaram a chance: conjugaram o exterior positivo ao sinal de força emitido pela economia doméstica — e foram bem alto.
Por aqui, os agentes financeiros respiraram aliviados após o PIB do Brasil crescer 0,4% no segundo trimestre — havia o temor de que a economia poderia apresentar desempenho negativo pelo segundo trimestre consecutivo, o que caracterizaria um quadro de recessão técnica no país.
E, por mais que o resultado ainda esteja longe de sinalizar uma retomada mais firme da atividade doméstica, o dado surpreendeu positivamente o mercado — a média das projeções de analistas indicava que o PIB cresceria cerca de 0,2% entre abril e junho. "Nosso PIB surpreendeu e afastou os cenários mais pessimistas", ponderou Galdi.
Argentina desclassificada?
Na noite de quarta-feira (28), havia o temor de que a desclassificação do competidor da Argentina — ontem, o governo do país vizinho anunciou que planeja renegociar suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) — poderia mexer com o psicológico do Ibovespa.
No entanto, considerando os dois fatores citados acima, o índice brasileiro não sentiu nenhum efeito da crise portenha: analistas ponderaram que, apesar de a notícia ser negativa e representar um foco de tensão em relação aos emergentes como um todo, a situação na Argentina começa a ficar em segundo plano.
E mesmo o mercado de câmbio, que costuma ser mais sensível à aversão ao risco em relação aos emergentes, teve uma sessão relativamente comportada, em meio aos desdobramentos mais positivos da guerra comercial. No exterior, as divisas com esse perfil tiveram um comportamento misto em relação ao dólar.
Enquanto moedas como o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano se fortaleceram, outras como o peso mexicano e o real continuaram perdendo terreno — por aqui, o dólar à vista fechou em alta de 0,31%, a R$ 4,1709, maior nível de encerramento desde 13 de setembro do ano passado.
Apesar da nova rodada de ganhos do dólar — é a sexta sessão consecutiva em que a divisa americana ganha força em relação ao real — analistas ponderaram que o dia não foi muito agitado no mercado de moedas. Se é verdade que as atuações do Banco Central não têm conseguido trazer alívio ao dólar, também é verdade que a moeda americana tem apresentado oscilações relativamente discretas nos últimos dias.
Juros devolvem ganhos
Com o fortalecimento do Ibovespa e a maior confiança por parte dos agentes financeiros, o movimento de correção na curva de juros teve uma pausa nesta quarta-feira: os DIs interromperam a sequência de altas dos últimos dias e fecharam em baixa.
Na ponta curta, as curvas com vencimento em janeiro de 2021 caíram de 5,63% para 5,62%. Na longa, os DIs para janeiro de 2023 foram de 6,75% para 6,72%, e os com vencimento em janeiro de 2025 recuaram de 7,26% para 7,22%.
Caixa Seguridade (CXSE3) pode pagar mais R$ 230 milhões em dividendos após venda de subsidiárias, diz BofA
Analistas acreditam que recursos advindos do desinvestimento serão destinados aos acionistas; companhia tem pelo menos mais duas vendas de participações à vista
Gradiente (IGBR3) chega a disparar 47%, mas os acionistas têm um dilema: fechar o capital ou crer na vitória contra a Apple?
O controlador da IGB/Gradiente (IGBR3) quer fazer uma OPA para fechar o capital da empresa. Entenda o que está em jogo na operação
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação
Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda
Com olhos no mercado de saúde animal, Mitsui paga R$ 344 milhões por fatias do BNDES e Opportunity na Ourofino (OFSA3)
Após a conclusão, participação da companhia japonesa na Ourofino (OFSA3) será de 29,4%
Quer ter um Porsche novinho? Pois então aperte os cintos: a Volkswagen quer fazer o IPO da montadora de carros esportivos
Abertura de capital da Porsche deve acontecer entre o fim de setembro e início de outubro; alguns investidores já demonstraram interesse no ativo
BTG Pactual tem a melhor carteira recomendada de ações em agosto e foi a única entre as grandes corretoras a bater o Ibovespa no mês
Indicações da corretora do banco tiveram alta de 7,20%, superando o avanço de 6,16% do Ibovespa; todas as demais carteiras do ranking tiveram retorno positivo, porém abaixo do índice
Small caps: 3R (RRRP), Locaweb (LWSA3), Vamos (VAMO3) e Burger King (BKBR3) — as opções de investimento do BTG para setembro
Banco fez três alterações em sua carteira de small caps em relação ao portfólio de agosto; veja quais são as 10 escolhidas para o mês
Passando o chapéu: IRB (IRBR3) acerta a venda da própria sede em meio a medidas para se reenquadrar
Às vésperas de conhecer o resultado de uma oferta primária por meio da qual pretende levantar R$ 1,2 bilhão, IRB se desfaz de prédio histórico
Chega de ‘só Petrobras’ (PETR4): fim do monopólio do gás natural beneficia ação que pode subir mais de 50% com a compra de ativos da estatal
Conheça a ação que, segundo analista e colunista do Seu Dinheiro, representa uma empresa com histórico de eficiência e futuro promissor; foram 1200% de alta na bolsa em quase 20 anos – e tudo indica que esse é só o começo de um futuro triunfal
Leia Também
-
IRB Re (IRBR3): vale a pena comprar a ação que toca máxima após forte alta dos lucros em fevereiro?
-
Ações da Multiplan (MULT3) saltam na B3 após balanço e CEO diz por que deve seguir estratégia oposta à da rival Allos no portfólio de shoppings
-
Anglo American recusa proposta “oportunista e pouco atraente” de quase US$ 39 bilhões da BHP e barra megafusão
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas