Dólar sobe a R$ 3,99 com cautela no front político; Ibovespa cai 0,51%
O cenário político conturbado e o clima ainda indefinido no exterior trouxeram pressão aos ativos locais. O Ibovespa caiu aos 91 mil pontos e o dólar à vista ficou a um triz dos R$ 4,00
Uma nuvem negra pairou sobre a cabeça dos mercados brasileiros nesta quarta-feira (15). E, como resultado, tanto o Ibovespa quanto o dólar à vista tiveram mais um dia de pressão intensa.
A moeda americana, por exemplo, terminou a sessão em alta de 0,51%, a R$ 3,9967, enquanto o principal índice da bolsa brasileira teve perda de 0,51%, aos 91.623,44 pontos. Ambos foram na contramão do exterior: lá fora, o dólar recuou ante as divisas emergentes, enquanto as bolsas de Nova York fecharam no campo positivo.
Essa diferença de comportamento é explicada pela nebulosidade no cenário político local. O noticiário agitado, as informações desencontradas do governo e as manifestações populares elevaram a cautela dos mercados por aqui e culminaram nesse descolamento do o Ibovespa e do dólar em relação ao exterior.
Vale ressaltar, no entanto, que os mercados locais terminaram o dia longe do momento de maior estresse. Logo após a abertura, o dólar à vista chegou a tocar os R$ 4,0218 (+1,14%), enquanto o Ibovespa mergulhou aos 90.294,63 pontos (-1,95%).
E essa melhoria só foi possível porque, lá fora, os mercados passaram por um movimento de descompressão: as bolsas americanas, que abriram em queda de mais de 0,5%, fecharam em alta; e o dólar, que avançava ante os pares do real durante a manhã, perdeu força e virou para queda.
Tensão local
A quebra de sigilo fiscal e bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro e o acordo de colaboração premiada de um dos donos da Gol, Henrique Constantino — citando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia — trouxeram insegurança aos mercados e levantam dúvidas sobre o quanto esses fatores podem afetar a tramitação da reforma da Previdência.
Leia Também
E a articulação política confusa gerou ainda mais tensão. Ontem, deputados que haviam se reunido com o presidente Jair Bolsonaro disseram que o governo iria rever o bloqueio de recursos no orçamento da Educação, mas a informação, foi desmentida em seguida pela Casa Civil, pelo Ministério da Educação e pela equipe econômica.
Esse desencontro de informações, somado às manifestações populares contra o bloqueio de recursos e à convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar esclarecimentos à Câmara, foi fundamental para que um tom de pessimismo tomasse conta dos mercados.
"O cronograma da Previdência vai atrasando... Hoje, o mercado está de olho para ver a capacidade do governo de formar uma base coesa para passar as pautas e, por enquanto, ele parece não ter essa capacidade", diz um analista.
Fraqueza econômica
No front de indicadores, mais um dado trouxe desânimo aos mercados: o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, recuou 0,28% em março, no comparativo com fevereiro. A queda no primeiro trimestre de 2019 foi de 0,68%.
"A recuperação está demorando a vir", diz a fonte, que prefere não ser identificada. "A expectativa ainda é que uma reforma da Previdência com um mínimo de potência seja aprovada, mas os sinais que o governo passa no curto prazo são ruins, tanto na economia quanto na parte política".
O único mercado local que reagiu de maneira relativamente calma nesta quarta-feira foi o de juros, uma vez que, em meio à fraqueza econômica, aumentam as apostas num eventual corte da Selic. Os DIs para janeiro de 2021 recuaram de 6,85% para 6,84%, os para janeiro de 2023 subiram de 7,99% para 8,00% e os para janeiro de 2025 avançaram de 8,56% para 8,61%.
Exterior respira
Assim como ontem, os mercados globais tiveram uma sessão de maior tranquilidade. O Dow Jones fechou em alta de 0,45%, o S&P 500 subu 0,58% e o Nasdaq teve ganho de 1,13%.
Essa melhoria no humor lá fora se deve a algumas notícias relacionadas à guerra comercial — a imprensa americana afirmou mais cedo que o presidente do país, Donald Trump, estaria planejando o adiamento da aplicação de tarifas sobre importações de automóveis.
Também cooperou positivamente uma fala do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, afirmando que o mais provável é que ocorra "no futuro próximo" uma nova rodada de negociação em Pequim. Ele ainda reforçou que Trump pretende se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, durante a cúpula do G-20 no Japão, no fim de junho.
"O mercado internacional esteve melhor novamente, mas, aqui, as tensões políticas estão cada vez mais fortes", diz Paulo Nepomuceno, estrategista da Coinvalores. "Essa situação política atrapalha a confiança do mercado, e ele acaba exigindo prêmios maiores".
Mas, apesar da virada vista lá fora, operadores ponderam que o clima ainda é pesado em relação à guerra comercial e aos eventuais impactos que a disputa entre americanos e chineses poderá trazer à economia global. E dados mais fracos da atividade econômica na China em abril cooperam para aumentar a cautela.
A produção industrial do país subiu 5,4% no mês, abaixo das expectativas de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam acréscimo de 6,6%. Já as vendas no varejo tiveram expansão anual de 7,2% em abril, também inferior à alta de 8,8% projetada por economistas.
Na mira
O empresário Michael Klein confirmou que está de olho na Via Varejo, dona do Ponto Frio e das Casas Bahia. Para realizar a compra das ações da varejista, que foram colocadas à venda pelo Grupo Pão de Açúcar, ele disse estar no processo de contratação dos serviços de assessoria financeira da XP Investimentos.
Os papéis ON da Via Varejo (VVAR3), que já haviam subido nos últimos dias com os primeiros rumores sobre o interesse de Klein, hoje devolveram os ganhos: fecharam em queda de 5,49%, o pior desempenho do Ibovespa.
Kroton cai forte
As ações ON da Kroton (KROT3) tiveram o segundo pior desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira, fechando em queda de 5,22%. Analistas reagiram mal ao balanço trimestral da empresa: o lucro líquido caiu 47,4% em relação aos primeiros três meses de 2018, totalizando R$ 250,1 milhões.
Além disso, as projeções divulgadas pela companhia para 2019 também desagradaram o mercado. A Kroton prevê uma queda de 0,9% na receita líquida, para R$ 7,353 bilhões, mas a geração de caixa neste ano deve ficar positiva em R$ 800 milhões, um avanço de 40,1%. O lucro ajustado deve ficar em R$ 1,348 bilhões, alta de 14%.
Embraer sob pressão
Quem também teveuma sessão negativa é a Embraer: a fabricante de aeronaves encerrou o primeiro trimestre de 2019 com prejuízo líquido ajustado de R$ 229,9 milhões — um ano antes, a perda foi de R$ 208,9 milhões.
Para o BTG Pactual, os números da empresa foram mais fracos que o esperado, em especial a receita líquida — em reais, a linha chegou a R$ 3,1 bilhões, estável na base anual, mas, em dólares, somou US$ 823 milhões, uma queda de 14% na mesma base de comparação.
Como resultado, as ações ON da empresa (EMBR3) recuaram 4,17% — o terceiro pior desempenho do Ibovespa.
Vale na contramão
Os papéis ON da Vale (VALE3) destoam do Ibovespa e fecharam em alta de 0,76%, aparecendo entre os maiores ganhos do índice nesta sessão. As ações são beneficiadas por uma combinação entre dólar forte — as exportações têm papel fundamental para a empresa — e avanço expressivo do minério de ferro: hoje, a commodity subiu 2,77% na China.
Petrobras recua
As demais blue chips do Ibovespa — ações de grande peso individual na composição do índice e liquidez elevada — apareceram no campo negativo. Petrobras PN (PETR4) recuou 0,46% e Petrobras ON (PETR3) caiu 0,70%, apesar dos ganhos do petróleo no exterior: o Brent subiu 0,74% e o WTI avançou 0,39%.
Entre os bancos, Bradesco PN (BDC4) caiu 1,07%, Bradesco ON (BBDC3) recuou 0,9% e Banco do Brasil ON (BBAS3) teve perda de 1,65%. A exceção foi Itaú Unibanco PN (ITUB4), que fechou em alta de 0,31%.
Guararapes desagrada
Fora do Ibovespa, destaque para os papéis ON da Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, que terminaram em queda de 5,06%, a R$ 16,70 — na mínima, chegaram a cair 12,79%, a R$ 15,34.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 32,3 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 36,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os resultados decepcionaram os analistas, que destacaram o retração na margem bruta da Riachuelo e a fraca expansão das vendas no conceito mesmas lojas (SSS), entre outros pontos.
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto
