Agenda ganha força, mas guerra comercial é destaque
Dados de inflação ao consumidor no Brasil e ata da última reunião do Fed calibram apostas sobre rumo dos juros, após BC dos EUA indicar mais estímulos

A política monetária volta ao radar do mercado financeiro hoje, dia de divulgação do IPCA (9h) e da ata da última reunião do Federal Reserve (15h). Os investidores continuam acreditando na eficácia de estímulos lançados pelos bancos centrais para mitigar os impactos da guerra comercial, o que sustenta os negócios no exterior em alta nesta manhã, ainda mais após Jerome Powell falar ontem que deve voltar a comprar títulos do governo dos Estados Unidos (Treasuries) - mas sem admitir que se trata de um novo programa de afrouxamento monetário (QE, na sigla em inglês).
De qualquer forma, os ativos globais seguem sensíveis ao noticiário sobre as negociações comerciais entre EUA e China, que serão retomadas amanhã. Apesar de a reunião estar mantida, as relações sino-americanas pioraram muito às vésperas do encontro, sugerindo que as duas maiores economias do mundo não caminham em direção a um acordo.
Ao contrário. O governo Trump manteve a estratégia de morde-e-assopra, aumentando a pressão contra Pequim antes do início formal das negociações, o que reduz a chance de algum consenso ser alcançado. Assim, qualquer progresso a ser feito deve ser em escala muito menor, envolvendo, por exemplo, compras de produtos agrícola do EUA pela China.
Afinal, após os EUA ampliarem o número de empresas chinesas que estão impedidas de comprar componentes de companhias norte-americanas, a Casa Branca impôs restrições a vistos para oficiais chineses. Em ambos os casos, a alegação foi abusos do governo chinês contra minorias muçulmanas na região autônoma de Xinjiang, violando direitos humanos.
Além disso, o governo Trump parece mesmo disposto em restringir o fluxo de investimentos do país para a China. O foco estaria nos fundos de pensão do governo dos EUA, sob o argumento de que o fluxo de portfólio em torno de US$ 50 bilhões em direção a ativos chineses estaria financiando o crescimento econômico do país asiático.
Ainda não está claro qual autoridade legal a Casa Branca tem para impedir que certas empresas chinesas façam parte da composição de índices referenciais, como o MSCI World Index, composto por países emergentes. O problema é se a proposta for mesmo levada a cabo e a China retaliar, vendendo, por exemplo, uma fatia das Treasuries que possui.
Leia Também
Seja como for, se Washington continuar com a prática de atacar enquanto negocia, mesmo que haja algum acordo nas conversações desta semana, Pequim naturalmente se perguntará se os EUA irão cumprir os compromissos ou vão enxergar o consenso como um sinal de que pode obter mais. As dúvidas, portanto, tendem a permanecer.
Esperança nos BCs
O sinal positivo prevalece entre os índices futuros das bolsas de Nova York e nas principais praças europeias, um dia após Wall Street amargar perdas de mais de 1%, o que contaminou o pregão na Ásia hoje. Enquanto o Ocidente se apóia na perspectiva de que o Fed estaria disposto em “imprimir dinheiro” via o QE, injetando liquidez nos mercados globais, o Oriente segue preocupado com as tensões comerciais.
Tóquio caiu 0,6% e Hong Kong cedeu 0,8%, enquanto Xangai subiu 0,4%, reagindo à declaração do Ministério do Comércio da China, dizendo que os EUA deveriam “parar de interferir” em assuntos internos do país. Segundo um porta-voz do ministério, “a China também tomará todas as medidas necessárias para proteger os interesses do país”.
Nos demais mercados, o petróleo recua e o minério de ferro caiu, apesar da valorização das moedas rivais em relação ao dólar. Destaque para a lira turca, que monitora tropas do país cruzando a fronteira com a Síria. Já o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) está de lado, à espera de novos eventos envolvendo o Fed hoje, após Powell sugerir mais um corte na taxa de juros para evitar turbulência nos mercados.
IPCA e ata do Fed em destaque
A agenda econômica está mais relevante hoje e traz como destaque o IPCA de setembro. A previsão é de que o indicador mantenha as leituras fracas, que vêm sendo registradas desde o fim do semestre passado, ficando praticamente estável em relação a agosto. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses deve ficar abaixo de 3%, no menor nível do ano.
Os números efetivos serão conhecidos às 9h e devem calibrar as apostas em relação ao rumo da Selic neste ano. A expectativa é de que a taxa básica caia abaixo de 5% até dezembro, sendo que as apostas mais ousadas já falam em juros de 4% em 2019, com o Copom acelerando o ritmo de cortes para 0,75 ponto nas próximas duas reuniões.
O Fed também tem mais dois encontros neste ano, em outubro e em dezembro, mas o cenário em relação à taxa norte-americana parece mais incerto. Por isso, será importante fazer a leitura da ata da reunião do mês passado. O documento será publicado às 15h e pode esclarecer tanto o novo corte de setembro quanto a divergência entre os membros.
Da mesma forma, também merece atenção mais um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, às 12h. Ainda no calendário norte-americano do dia, saem o relatório Jolts sobre o número de vagas disponíveis e os estoques no atacado, ambos às 11h e referentes ao mês de agosto, além dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país (11h30).
No Brasil, serão conhecidos também os números preliminares sobre a entrada e saída de dólares no início deste mês (14h30). Aliás, saltam aos olhos as sucessivas retiradas de capital estrangeiro no mercado secundário da Bolsa brasileira nos primeiros dias de outubro, na ordem diária de R$ 1 bilhão, elevando o déficit para mais de R$ 20 bilhões.
Dólar e o pré-sal
Essa falta de apetite dos “gringos” pelos ativos domésticos ajuda a explicar, em partes, porque o mercado doméstico de câmbio está respeitando o intervalo entre R$ 4,05 e R$ 4,20, desde que rompeu a barreira dos R$ 4,00, em meados de agosto. Aliás, esse comportamento da moeda norte-americana tem encurtado o fôlego de alta do Ibovespa, que ontem perdeu a faixa dos 100 mil pontos.
O problema é que um dólar realmente mais fraco depende de um movimento global nesta direção - algo que só deve ocorrer se os sinais mais claros de desaceleração nos EUA combinados com as apostas de queda adicionais de juros pelo Fed se confirmarem. Mas também há a expectativa de entrada maciça de recursos externos via o megaleilão do pré-sal, da ordem de R$ 100 bilhões, previsto para 6 de novembro.
Com o acordo entre os Estados e municípios sobre a divisão dos recursos da cessão onerosa da camada de extração de petróleo, a proposta deve ser votada hoje no Congresso. O imbróglio é tido como a principal condicionante para votar, em segundo turno, a reforma da Previdência, que, aliás, deve ficar para o fim deste mês.
Trump propõe corte de gastos de US$ 163 bilhões — educação, saúde e meio ambiente devem arcar com aumento em defesa e fronteiras
Presidente dos EUA quer ampliar gastos com defesa e fronteiras, enquanto reduz verba de agências como NASA, CDC e Departamento de Educação em um dos orçamentos mais agressivos desde 2017
Petrobras (PETR3) excluída: Santander retira petroleira da sua principal carteira recomendada de ações em maio; entenda por quê
Papel foi substituído por uma empresa mais sensível a juros, do setor imobiliário; saiba qual
IRB (IRBR3) volta a integrar carteira de small caps do BTG em maio: ‘uma das nossas grandes apostas’ para 2025; veja as demais alterações
Além do retorno da resseguradora, foram acrescentadas também as ações da SLC Agrícola (SLCE3) e da Blau Farmacêutica (BLAU3) no lugar de três papéis que foram retirados
WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’
Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
Bitcoin mira marca de US$ 100 mil e ganha fôlego com Donald Trump sinalizando mais acordos comerciais
A principal criptomoeda do mundo foi o melhor investimento de abril e especialistas veem mais valorização à frente
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Trump acena com negociações tarifárias, mas anuncia sanções ao petróleo do Irã — com alvo indireto na China
Presidente diz que quem comprar petróleo e petroquímicos do país do Oriente Médio não terá mais permissão para fazer negócios com os Estados Unidos
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Elon Musk demitido da Tesla? WSJ diz que conselho deu início a busca por substituto, mas montadora nega; entenda
A Tesla tem sido alvo de boicotes devido à aproximação do bilionário com o governo Trump. Conselheiros estariam insatisfeitos com a postura de Musk e a repercussão nos lucros e valor de mercado da montadora
Ozempic na mira de Trump? Presidente dos EUA diz que haverá tarifas para farmacêuticas — e aproveita para alfinetar Powell de novo
Durante evento para entregar investimentos, Trump disse entender muito mais de taxas de juros do que o presidente do Fed
China já sente o peso das tarifas de Trump: pedidos de exportação desaceleraram fortemente em abril
Empresas americanas estão cancelando pedidos à China e adiando planos de expansão enquanto observam o desenrolar da situação
Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos