Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Junto ao tarifaço de Donald Trump, a palavra de ordem era inflação. A expectativa da maior parte dos agentes de mercado era de que o aumento das tarifas para importações nos Estados Unidos levaria ao repasse de custo para os consumidores, gerando um aumento de preços em cadeia no país — e, por consequência, no resto do mundo.
João Piccioni, diretor de investimentos (CIO) da Empiricus Gestão e convidado do podcast Touros e Ursos desta semana, espera que este cenário se materialize, porém, com um final diferente.
Em conversa com Vinícius Pinheiro e Julia Wiltgen, Piccioni afirmou que o cenário atual é de perda do poder de compra do dólar, de modo que a margem que as empresas vão ter para aumentar preços será muito pequena, com o risco de perder o consumidor se aumentar demais.
“Os americanos compravam os produtos chineses muito baratos e, rapidamente, o preço sobe muito, mas o americano não tem mais bala na agulha para comprar, e isso vai começar a pressionar a economia”, disse Piccioni.
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O CIO explicou que o rearranjo da cadeia de suprimentos global já está acontecendo e usou um estudo de caso da Apple como exemplo.
Segundo ele, a empresa de Steve Jobs tem uma série de fornecedores que atuam na China. Para continuar vendendo para a Apple, uma empresa americana que irá arcar com uma forte tarifa agora, esses fornecedores tendem a baixar um pouco suas margens para manter as vendas. Em compensação, para outra empresa de tecnologia, como a japonesa Sony, eles podem aumentar os preços.
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“Quer dizer, essa cadeia de produção vai repassar o preço dos produtos entre si. Mas, com esse rearranjo, acredito que o novo estado de equilíbrio subótimo é pior do que o estado anterior [antes das tarifas]. Se é pior, a gente deve ver preços e economias desacelerando”, disse Piccioni. “E provavelmente juros para baixo também.”
Para o CIO, o grande alvo de Trump desde o início era a China, e as tarifas sobre os demais países eram uma “bomba de fumaça”. Dessa forma, ele espera que a tarifa geral se mantenha no nível de 10%.
A grande incerteza, entretanto, é também o maior objetivo do presidente norte-americano e o maior temor do mercado financeiro.
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“Ele [Donald Trump] sabe que o Xi Jinping vai querer voltar para a mesa em algum momento. Como vai ser essa relação? A gente ainda não sabe. Mas a China não aguenta um ano e meio, dois anos, com tarifas super lá em cima.”
Na opinião dele, o presidente norte-americano tem, sim, um plano: se acertar com o México e o Canadá e restabelecer o USMCA (acordo comercial entre os três países) em meados de maio, depois que as eleições parlamentares do Canadá forem concluídas. Na sequência, Trump resolveria a questão com a Europa provavelmente até o fim do ano. Por fim, vai sobrar a China, que deve ficar para 2026.
“Essa é uma timeline que daria para as coisas não saírem muito dos eixos”, afirma Piccioni.
Confira a análise completa sobre a genialidade ou loucura do presidente Trump:
Como fica o Brasil?
O diretor da Empiricus acredita que a melhor oportunidade para o Brasil neste momento é estreitar os laços com os Estados Unidos e se tornar um dos grandes fornecedores da terra do Tio Sam.
Os ganhos que o agronegócio pode captar com maiores exportações para a China não deveriam ser o foco, na opinião de Piccioni. Para ele, a indústria de base do nosso país é boa e tem bons nomes, como Embraer e Weg, de modo que é competitiva o suficiente para apresentar vantagens em relação ao resto do mundo.
“Talvez o ponto seja exportar mais para os EUA. O que a gente consegue exportar para lá? Tem como melhorar essa balança comercial? Essa é uma saída que eu considero mais interessante”, diz.
Em relação ao mercado de capitais, ele vê as ações brasileiras se tornando a bola da vez, mas apenas por um período curto, apenas como um “grande trade”, com hora para acabar.
Piccioni acredita que os negócios no Brasil são antiquados, pertencentes a setores que já se provaram ultrapassados no mercado internacional. Enquanto aqui temos exemplos de bons nomes entre varejistas de moda e locadoras de veículos, por exemplo, nos Estados Unidos esse tipo de negócio já não vale muita coisa, muitas empresas desses setores já quebraram ou viram suas ações virarem pó.
“Eu me preocupo com essa bolsa brasileira de ‘grandes campeãs’ que, numa economia do futuro, não vão ter tanto espaço assim. E a economia do futuro está chegando rápido”, disse.
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Onde investir?
Porém, não tem como fugir do fato de as ações brasileiras estarem descontadas. Desta forma, até mesmo Piccioni, cético em Ibovespa, acredita que vale a pena investir em ações, fundos imobiliários e títulos de inflação neste momento.
“Eu gosto de tomar risco nessas três vertentes, acho que vai ser bastante produtivo para os investidores”, diz.
Para as ações americanas, o cenário se mostra mais seletivo, com uma visão de dólar mais fortalecido frente ao real nos próximos meses e incertezas sobre a conclusão do tema das tarifas.
Você pode ver o argumento completo do diretor de investimentos da Empiricus Gestão no episódio completo e também saber por que Petrobras, Ouro, Euro e Milei foram escolhidos nos Touros e Ursos da semana.
Veja as escolhas de Piccioni para investimentos no podcast completo:
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