O tiro pela culatra de Donald Trump
Sucesso da DeepSeek mostra que restrições iniciadas por Biden e sanções prometidas por Trump podem ter forçado empresas chinesas a buscarem maneiras de inovar com baixo custo

Donald Trump parece magoado com o Brasil.
Algumas horas depois da ligação de Vladimir Putin para Lula, o presidente norte-americano incluiu nosso impávido colosso na lista de países que, segundo ele, “taxam demais” e “querem mal” aos EUA.
“Imponha tarifas a países e estrangeiros que realmente nos querem mal”, pediu Trump a congressistas de seu partido, o Republicano, em evento ocorrido na noite de segunda-feira (27).
“A China é um grande criador de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países. Então, não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar os EUA em primeiro lugar, sempre colocar os EUA em primeiro lugar”, disse Trump.
Esta não é a primeira vez que Trump usa aquela que considera a palavra mais bonita do dicionário para se queixar dos brasileiros, conhecidos por múltiplos defeitos — e o coração peludo em relação a estrangeiros certamente não é um deles.
Pouco depois de vencer as eleições, Trump já havia citado o Brasil como exemplo de país com tarifas alfandegárias supostamente excessivas sobre produtos norte-americanos.
Leia Também
Como não ser pego de surpresa: Ibovespa vai a reboque de mercados estrangeiros em dia de ata do Fed e balanço da Vale
PGR denuncia Bolsonaro e mais 33 por tentativa de golpe de Estado; veja tudo o que você precisa saber sobre as acusações
De qualquer modo, o mundo segue em compasso de espera em relação ao cumprimento das ameaças de impor tarifas e “enriquecer os americanos”, pobrecitos.
Também na noite de ontem, Trump falou de maneira genérica sobre a intenção de sobretaxar uma série de produtos importados pelos EUA, passando por semicondutores, aço e insumos para a indústria farmacêutica.
Essa retórica, no entanto, pode estar ultrapassada e quem prova isso é a DeepSeek.
Depois do estrondo provocado pela ferramenta de inteligência artificial (IA) chinesa no mercado, Trump não deu o braço a torcer e saudou hoje a iniciativa.
“É algo bom porque você não precisa gastar tanto dinheiro. Eu vejo isso como algo positivo, uma vantagem”, afirmou.
A declaração faz referência ao fato de a DeepSeek ter construído seu chatbot modelo R1 com custos de produção menores do que os de concorrentes como OpenAI e Google.
O republicano aproveitou a ocasião para mandar também um recado para as big techs norte-americanas.
“O lançamento da DeepSeek, IA de uma empresa chinesa, deve ser um alerta para as nossas indústrias de que precisamos estar focados em competir para vencer”.
Só que o recado, na realidade, é para o próprio Trump.
Os EUA impuseram restrições severas projetadas para impedir que empresas chinesas comprem ou construam seus próprios chips de computador de ponta necessários para treinar modelos de IA.
Esses chips estão no centro da corrida armamentista da IA e o objetivo das restrições à exportação é impedir que a China acompanhe.
Não foi à toa que Trump não deu o braço a torcer hoje.
O sucesso da DeepSeek mostra que as restrições de exportação do governo norte-americano saíram pela culatra: elas podem ter encurralado Pequim de tal forma que ajudaram as empresas chinesas a encontrar maneiras de inovar com baixo custo.
É muita eficiência: enquanto Trump descansa, republicação de Musk sobre o Brasil mexe com corações e mentes de simpatizantes e opositores de Lula
Com Trump de folga na Flórida, compartilhamento por Musk de convocação de protesto contra Lula alcança milhões de visualizações
O urso de hoje é o touro de amanhã? Ibovespa tenta manter bom momento em dia de feriado nos EUA e IBC-Br
Além do índice de atividade econômica do Banco Central, investidores acompanham balanços, ata do Fed e decisão de juros na China
Agenda econômica: Com balanços a todo vapor no Brasil, prévia do PIB e indicadores europeus movimentam a semana
Desempenho da Vale, Mercado Livre, B3, Nubank e outros grandes nomes no quarto trimestre de 2024 são destaques na semana
Em meio a transição de modelo, China luta contra a desaceleração do crescimento do PIB no novo Ano da Serpente
Depois de décadas de forte expansão econômica, o crescimento do PIB da China vem desacelerando nos últimos anos e desafia o otimismo do governo Xi Jinping
Trump não vai gostar: a decisão do Brasil que pode colocar o dólar para escanteio
A presidência brasileira do Brics se comprometeu a desenvolver uma plataforma que permita aos membros usarem suas próprias moedas para o comércio
Duas faces de uma mesma moeda: Ibovespa monitora Galípolo para manter recuperação em dia sem Trump
Mercados financeiros chegam à última sessão da semana mostrando algum alívio em relação à guerra comercial norte-americana
Trump e Modi: por que o encontro com o primeiro-ministro da Índia é mais importante do que parece
À primeira vista, a reunião entre o presidente norte-americano e o premiê indiano pode ter apenas um caráter comercial, com tarifas em jogo, mas em uma segunda olhada, a estratégia da política externa dos EUA é colocada à mesa
Pressionada por ‘taxação das blusinhas’, Shein mira expansão do marketplace e quer gerar 100 mil empregos no Brasil, mas BTG vê pedras no caminho da varejista chinesa
Taxação tem impulsionado a Shein a apostar em produtos e comerciantes brasileiros – até 2026, a varejista espera que 85% das vendas no país sejam do mercado nacional
Da ficção científica às IAs: Ibovespa busca recuperação depois de tropeçar na inflação ao consumidor norte-americano
Investidores monitoram ‘tarifas recíprocas’ de Trump, vendas no varejo brasileiro e inflação do produtor dos EUA
Tarifas recíprocas, inflação, juros e guerra: nada passa batido por Trump
Presidente norte-americano usa a mesma estratégia da primeira gestão e faz pressão em temas sensíveis à economia norte-americana e ao mundo
BofA mantém recomendação de comprar Brasil com 19 ações da B3 na carteira — ação de elétrica ‘queridinha’ da bolsa é novidade
Em um relatório de estratégia para a América Latina, o Bank of America (BofA) decidiu manter o Brasil em overweight (exposição acima da média) na comparação com o índice de referência para a região, o MSCI LatAm. A preferência do banco americano se dá por empresas que demonstram resiliência em vista dos juros elevados. Nesse […]
‘O barco vai balançar’: Galípolo prevê mercado mais agitado com fim do guidance do BC e indica inflação fora da meta
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, participou do primeiro evento desde a posse no cargo e comentou sobre a rota dos juros no Brasil
Brasil não vive crise como a de 2016, mas precisa largar o ‘vício em gasto público’ se quiser que os juros caiam, diz Mansueto Almeida, do BTG
Comentários do economista-chefe do banco foram feitos durante evento promovido pelo BTG Pactual na manhã desta quarta-feira em São Paulo
Mais uma chance na vida: Ibovespa tenta manter bom momento em dia de inflação nos EUA e falas de Lula, Galípolo e Powell
Investidores também monitoram reação a tarifas de Trump sobre o aço e o alumínio; governo brasileiro mantém tom cauteloso
‘A corrida da IA está longe de terminar’: UE quer investir 200 bilhões de euros em inteligência artificial para rivalizar com EUA e China
Comissão Europeia anunciou o aporte durante o AI Action Summit, cúpula global de Inteligência Artificial que aconteceu nesta terça-feira em Paris
Apple tem parceiro ‘inusitado’ para desenvolver inteligência artificial do iPhone na China – mas não é o DeepSeek
Big tech precisa reconquistar clientes e retomar as vendas do iPhone, que caíram no trimestre passado; a IA pode ser a solução para isso
Empresas chinesas não sabem o que fazer com a pilha de dinheiro que têm em caixa — e são seus acionistas que estão ganhando com isso
Com a crise econômica na China, Pequim vem estimulando uma mudança na política das empresas do país, que estão distribuindo dividendos recordes aos acionistas
A um passo do El Dorado: Ibovespa reage a IPCA, tarifas de Trump, Powell no Congresso dos EUA e agenda de Haddad
Investidores esperam desaceleração da inflação enquanto digerem confirmação das tarifas de Trump sobre o aço e o alumínio
A nova corrida do ouro? Cotação dispara em meio a busca por proteção e passa de US$ 2.900, mas pode subir mais
Fortalecimento da cotação do ouro é acentuado por incertezas sobre a política tarifária de Trump e pela persistente tensão geopolítica
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.