Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
Em plena sexta-feira (31) de Halloween, a bruxa parece ter sido solta nas ações da Marcopolo (POMO4), que fecharam o dia com a maior queda do Ibovespa, com perdas de 10%, negociadas a R$ 7,93.
O mercado reagiu ao balanço do terceiro trimestre divulgado na noite de ontem (30).
Entre julho e setembro, a companhia do Rio Grande do Sul atingiu 4.127 unidades produzidas no total, leve queda no ano a ano. A receita líquida somou R$ 2,5 bilhões, avanço de 8,2% frente ao terceiro trimestre de 2024.
O lucro líquido caiu 1,8% na base anual, para R$ 329,6 milhões, com margem de 13,2%, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu quase 10%, para R$ 419 milhões.
O número foi impactado por um impairment (perda contábil) de R$ 71 milhões na New Flyer Industries, uma empresa canadense de fabricação de ônibus na qual a Marcopolo tem participação, e que comprou a empresa britânica Alexander Dennis em 2019.
Excluindo esse efeito não recorrente, o Ebitda teria sido de R$ 491 milhões, alta de 14% diante do mesmo intervalo de 2024.
Leia Também
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Gestora aposta em ações 'esquecidas' do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
- LEIA TAMBÉM: Conheça as análises da research mais premiada da América Latina: veja como acessar os relatórios do BTG Pactual gratuitamente com a cortesia do Seu Dinheiro
Mais destaques do balanço
As vendas domésticas somaram R$ 1,2 bilhão, queda de 15% em relação ao ano anterior, representando cerca de 50% da receita total — contra 57% no segundo trimestre deste ano.
Segundo o BTG, isso reflete o desempenho mais fraco do segmento rodoviário, que reportou uma queda de 23% na base anual, enquanto os micros e Volares (linha de ônibus da empresa voltada para o transporte de pequeno e médio porte) mostraram resiliência.
As vendas para o mercado externo totalizaram R$ 1,3 bilhão, salto de 49% versus o mesmo intervalo de 2024, também cerca de 50% da receita total, ante 43% no segundo trimestre, apoiadas por volumes sólidos de exportação e operações internacionais mais fortes.
No terceiro trimestre, a empresa registrou 3,9 mil unidades em receita líquida, das quais 2,8 mil foram faturadas no Brasil, cerca de 70% do total, 473 exportadas a partir do Brasil (12%) e 708 produzidas no exterior (18%).
No front operacional, a receita aumentou 8,2% ano a ano, para R$ 2,5 bilhões. A receita doméstica, que corresponde a 50% do total, caiu 15% ante o 3T24 e 11,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior, impactada por uma redução de 12% nos volumes e uma queda de 4% a/a nos preços médios implícitos.
Essa retração reflete volumes mais fracos nos segmentos rodoviário, com queda de 22% ano a ano e Volare, com perdas de 32% anuais, parcialmente compensados pelo crescimento de 11% nos segmentos urbano e de 35% micro-ônibus (+35% a/a).
O que azedou no balanço da Marcopolo?
Para o Citi, o resultado veio abaixo do esperado, com receitas mais fracas em todos os segmentos. No Brasil, embora a fatia dos ônibus rodoviários, mais pesados e caros, tenha aumentado no mix de produtos — com margem bruta recorde de 26,7% —, não foi o bastante para compensar os volumes menores.
“De fato, a produção de ônibus rodoviários caiu 164 unidades na comparação anual e 187 no trimestre, algo que nós não esperávamos”, escreve o time de análise em relatório.
Além disso, a administração observou que a carteira de pedidos para o quarto trimestre está em linha com o terceiro em termos de mix, mas o Citi ainda projeta um volume mais forte ano a ano no próximo resultado.
No entanto, o banco enxerga o mercado externo como o destaque positivo do terceiro trimestre — visão com a qual o Safra e o BTG Pactual concordam, para o primeiro os números foram levemente positivos, enquanto o segundo classificou como “em linha”.
“As operações internacionais, tanto nas exportações a partir do Brasil quanto nas vendas externas diretas, foram o grande destaque do trimestre, e a expectativa é de que o bom momento continue”, diz o Citi em relatório.
Para o BTG, mesmo com uma receita mais fraca, o trimestre pareceu reunir uma combinação perfeita de exportações lucrativas, mix mais robusto no mercado doméstico, volumes estáveis do programa Caminho da Escola e uma contribuição importante dos ônibus elétricos.
O que fazer com as ações?
Safra e BTG mantêm a recomendação de compra para os papéis. Os preços-alvo são de R$ 10,50 e R$ 12, respectivamente — que representam potenciais de alta de 16% e 26,5% em relação ao fechamento de quinta, respectivamente. O Citi também recomenda a compra de POMO4.
“Olhando para 2026, o foco do mercado deve se voltar para as tendências de crescimento, a composição do mix e as perspectivas de entregas do Caminho da Escola e programas governamentais. No curto prazo, os investidores também devem acompanhar as discussões sobre possíveis dividendos extraordinários”, escreve o BTG.
Já o Citi espera que as vendas internacionais sejam um ponto positivo adiante.
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
