Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
A América Latina está envelhecendo rápido. Embora esse movimento gere um alerta por representar impactos econômicos e desafios de produtividade, indica também oportunidades para a bolsa de valores, de acordo com o estudo do Santander. As mudanças nos padrões de consumo, são as principais responsáveis por beneficiar os setores da economia que atendem a população mais velha.
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a América Latina é a região de envelhecimento mais rápida do mundo. Para que a parcela da população total com mais de 65 anos passe de 10% para 20%, espera-se que leve apenas 29 anos. Isso é menos da metade do tempo que levou para que essa mesma transição ocorresse na Europa, onde o processo demográfico durou 56 anos.
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Além disso, as taxas de fertilidade na região caíram drasticamente de cerca de 6 em 1955 para 1,8 em 2023. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida média subiu de cerca de 52 anos em 1955 para 75 anos em 2023, com previsão de atingir 80 até 2045.
Diante deste cenário, o relatório do Santander chama atenção para o fato de que, diferente das nações da primeira onda de envelhecimento, como as europeias, da América do Norte e países desenvolvidos da Ásia, a América Latina está envelhecendo antes de atingir níveis confortáveis de renda, serviços públicos e infraestrutura.
No entanto, as mudanças nos comportamentos de consumo que podem gerar oportunidades na bolsa ao impulsionar um deslocamento do dinheiro antes direcionado a produtos e serviços para jovens àqueles essenciais ao público idoso.
Impactos econômicos e desafios de produtividade
O envelhecimento da população, como indica o estudo do Santander, afeta diretamente tanto o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, quanto a produtividade e gera, inclusive, pressão sobre os orçamentos públicos.
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No último quarto do século, a América Latina se beneficiou com uma janela de oportunidade do "dividendo demográfico" (o período em que a população em idade ativa é majoritária), responsável por adicionar 0,5% ao PIB per capita da região.
No entanto, segundo o relatório, essa porcentagem deve cair para zero nos próximos 25 anos se não houver políticas estratégicas para aumentar a produtividade do trabalho.
Já em relação à produtividade, o estudo indica que, na região, um trabalhador produz em média US$20 por hora, um valor consideravelmente mais baixo que nas regiões de primeira onda de envelhecimento (com exceção da China). Além disso, a região registrou o crescimento de produtividade mais lento entre aquelas de envelhecimento tardio nos últimos 25 anos (0,9% ao ano).
No que tange à crescente pressão fiscal, o estudo projeta que o gasto público total da América Latina com educação, previdência social e saúde deverá crescer de 12,8% para até 18,3% do PIB da região no período de 2015 a 2045. Este aumento será impulsionado principalmente pelos benefícios pagos pelo governo a aposentados e pensionistas e, em seguida, pelos custos de saúde.
Setores mais beneficiados
Segundo o relatório do Santander, o setor de saúde será o maior beneficiado em meio a este contexto. Naturalmente, o envelhecimento populacional representa um aumento significativo na demanda por serviços de saúde e medicamentos.
Um estudo de 2023 da McKinsey mostrou que em países com um estágio de envelhecimento avançado como China, Alemanha, Japão e Estados Unidos, após os 65 anos, as pessoas gastam mais em categorias como saúde básica. Já dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que pessoas com mais de 65 anos gastam quatro vezes mais em despesas relacionadas à saúde do que em outros períodos da vida.
Diante deste cenário, o estudo aponta que hospitais, empresas farmacêuticas, de diagnósticos e academias, por exemplo, devem ser beneficiados pelo aumento do gasto per capita com saúde. Alguns exemplos citados no estudo são Rede D’Or, Hypera, Fleury e SmartFit.
O estudo projeta ainda que se os idosos da América Latina se comportarem da mesma forma que na China, Alemanha, Japão e EUA, os gastos com alimentação em casa, eletrodomésticos e serviços públicos, além de assistência médica, também devem aumentar.
A pesquisa da McKinsey apontou que, conforme as pessoas ultrapassam os 65 anos, elas também gastam mais em saúde, alimentação em casa, equipamentos domésticos, moradia e serviços públicos. Em vista disso, o relatório projeta alta dos gastos com alimentação em casa, energia e eletrodomésticos — favorecendo varejistas como Assaí, Cencosud, Magazine Luiza entre outras empresas de utilities.
Oportunidades
O relatório do Santander indica que o crescimento do PIB per capita na América Latina pode contribuir para o mercado de saúde privado. Diante disso, o estudo projeta que o aumento da renda dos cidadãos pode criar espaço para uma maior contratação de planos de saúde e seguros privados, além de estimular fintechs a criarem produtos voltados à longevidade financeira.
O setor de imóveis não fica de fora das oportunidades: “Quanto ao segmento imobiliário, esperamos um impacto positivo para as construtoras em geral, refletindo um alto déficit habitacional na região e uma mudança na demanda do mercado imobiliário de imóveis menores para maiores, e vice-versa”, dizem os analistas do banco.
O relatório projeta ainda que lacunas em infraestrutura médica e tecnologia hospitalar criam oportunidades para fusões e aquisições no setor de saúde. Segundo o estudo, a América Latina “ainda tem muito a evoluir em comparação com os países da OCDE em termos de recursos”, como o número de leitos e médicos disponíveis.
- Em 2020, a região tinha em média 1,9 leitos por 1.000 pessoas , menos da metade da média dos países da organização. Em termos médicos, a região registrou uma média de 2,4 por 1.000 pessoas, também inferior à dos membros da OCDE (3,4).
E os riscos?
Ainda segundo o estudo de 2023 da McKinsey, que analisou dados em países onde o envelhecimento populacional é mais avançado do que na América Latina, ao ultrapassar os 65 anos, as pessoas passaram a reduzir a frequência de viagens. Tal movimento, naturalmente, impacta negativamente as estadias em hotéis e transportes.
De acordo com o relatório do Santander, o efeito sobre o setor de vestuário também é negativo, com menores compras de roupas e calçados, além de outros acessórios.
Além disso, o maior impacto negativo do envelhecimento populacional, segundo o estudo, costuma ser observado no setor de educação, uma vez que a maior parte dos gastos com estudos ao longo da vida das pessoas ocorre entre 0 e 25 anos. Isso inclui desde a educação básica até os cursos universitários/técnicos.
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