Quando o assunto é calorias, há empate técnico entre o arroz e o macarrão: 100 gramas do primeiro, cozinho, carregam 128 calorias, enquanto a mesma quantidade do segundo, 131. Será que o mesmo acontece quando o assunto é a ação de Camil (CAML3) e M.Dias Branco (MDIA3)?
Segundo o JP Morgan, não. O banco atualizou a recomendação para as duas empresas e agora tem uma posição neutra para CAML3 e indica a compra de MDIA3.
No caso da Camil, o preço-alvo foi cortado de R$ 13 no final de 2022 para R$ 9,00 no final de 2023 — o que representa um potencial de valorização de 26% com relação ao fechamento de segunda-feira (21).
Embora o JP Morgan veja avaliações baratas com Camil negociando em 4,3 vezes o valor da firma sobre o ebitda (EV/Ebitda) em 2023, a falta de gatilhos de curto prazo levou o banco a preferir ficar fora de CAML3 por enquanto.
Embora a M.Dias Branco tenha recomendação de compra, o preço-alvo também diminuiu: passou de R$ 39,50 para R$ 33,50 no final de 2023 — o que representa agora um potencial de valorização de 34%.
Para o banco, as avaliações são atraentes para a M.Dias e a empresa negocia a 7,9x EV/Ebitda em 2023.
O JP Morgan diz que mesmo com um quarto trimestre fraco — e um primeiro trimestre provavelmente sem brilho este ano — é mais positivo em relação à M Dias porque acredita que a demanda e custos melhores abrirão espaço para aumentos de preços e forte recuperação de margem.
Enquanto isso, a Camil deve enfrentar uma ligeira deterioração nas tendências operacionais com perspectivas mais fracas em termos de volumes, contribuição mais lenta do que o esperado de novos negócios e um segmento internacional fraco, segundo o banco.
“Continuamos a ver caminhos interessantes de crescimento, como café e alguma diversificação. Enquanto vemos a negociação de ações baratas, vemos falta de catalisadores à frente”, diz o JP Morgan em relatório.
Camil: arroz no canto do prato
A Camil foi rebaixada para neutra pelo JP Morgan porque temperou o prato com volumes fracos, divisão internacional em dificuldades e recuperação mais lenta do que o esperado.
“Estamos reduzindo as expectativas para a Camil diante de um cenário mais difícil em muitas das linhas de negócios da empresa”, diz o JP Morgan.
Os vários ventos contrários que a empresa está enfrentando devem inevitavelmente atrasar a recuperação de margem que vínhamos pedindo até o segundo semestre deste ano, segundo o banco.
- Volumes: Para arroz e feijão, os volumes devem sofrer quedas de 2% e 8%, respectivamente, para 2023 na comparação com 2022 que, segundo a Camil, é explicado por uma mudança de consumo para outros alimentos. O açúcar deve ter contração de volume de cerca 13% em base anual para 2023 e o café, deve chegar a 30 quilotonelada (kt) — abaixo das expectativas iniciais de 40kt.
- Lucratividade em dificuldades em novos negócios: a Camil afirma que as margens do café devem ser mais fracas do que o previsto. A empresa também declarou dificuldade no repasse de preços em seu segmento de massas para 2023, no qual deve ver margens na casa dos dois dígitos.
- Internacional: Chile e Peru pesando no segmento internacional.
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M.Dias Branco: prato cheio de macarrão
No caso da M.Dias, o pior ficou para trás. Segundo o JP Morgan, a empresa conta com pitadas de tendências saudáveis de receita e recuperação de margem esperada já no segundo trimestre de 2023.
No contexto de redução de custos esperada à frente, o banco está mais otimista com a MDIA3 devido a alguns fatores:
- Perspectiva de volume e preço: bom equilíbrio, o que implica boas tendências de participação de mercado. M Dias está considerando alguns aumentos de preços em 2023, embora pequenos.
- Tendências de custos e margem: os custos estão diminuindo, com o custo do estoque já está abaixo dos níveis do segundo semestre de 2022, quando as margens estavam baixas — um sinal encorajador para as margens deste ano.
- Alocação de capital: a M.Dias Branco pode distribuir R$ 2 bilhões em lucros acumulados sem tocar em créditos tributários acumulados, e o pagamento atual de 60% dos lucros distribuíveis também pode aumentar no futuro.
- Reforma tributária: representa um risco para os créditos tributários estaduais que a empresa possui, mas, na visão da M.Dias Branco, a transição para um regime tributário diferente será longa e não deve impactar a atividade industrial de vários produtores.