O império contra-ataca: o Google responde à ameaça do ChatGPT e volta ao jogo (mesmo sem nunca ter ido embora)
Com a popularidade do ChatGPT, muitos afirmaram que o Google caminhava rumo à extinção. No entanto, a big tech reagiu à altura
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia — e o tema da coluna de hoje é o Google, um dos membros mais importantes do grupo das big techs.
Se tem uma coisa que o tempo te ensina sobre o mercado de ações, é que as narrativas mudam muito mais rápido que os fundamentos. Quantas vezes não vemos papéis derretendo ou subindo euforicamente sem que absolutamente nada de novo tenha acontecido…
Um exemplo perfeito dessa heurística é o que aconteceu com as ações do Google. Nos últimos dois meses, os ativos da empresa precificaram três cenários diferentes:
- Monopólio de mecanismos de busca, líder absoluto e inconteste;
- Monopólio letárgico à beira da disrupção;
- Renascimento como queridinha dos investidores de inteligência artificial.
A seguir, eu vou te explicar como, em tão pouco tempo, o mercado foi capaz de nutrir (e fazer refletir no preço das ações), cenários tão diferentes.
Oi, queria saber se é o fim do Google
Nos últimos dois meses, dei entrevistas a jornalistas pautados para a escrever sobre o "fim do Google", sobre como o ChatGPT substituiria o mecanismo de buscas — e se a empresa seria lembrada no futuro da mesma maneira que a IBM.
Em defesa da mídia, o Google também não colaborou: após o sucesso inicial (e bastante surpreendente) do ChatGPT, a companhia convocou investidores e jornalistas para uma conferência em que mostraria ao mundo todos os seus recursos incríveis e comparáveis aos da Microsoft.
Leia Também
A conferência foi mais confusa que o antigo programa da Regina Casé: os apresentadores estavam mal preparados, as "novidades" eram todas notícias velhas e, no ápice da confusão, um dos palestrantes notou estar sem o celular em mãos ao realizar uma "demo".
Aquela conferência pegou mal — para muitos investidores, ficou uma sensação estranha de que o Google estava desesperado. Se a empresa sequer conseguia botar na rua uma apresentação de funcionalidades rivais ao ChatGPT, como conseguiria emplacar de fato um novo produto? Uma remodelagem na razão de ser do mecanismo de buscas?
Essas perguntas fizeram as ações do Google derreter.
Na mesma época, o fundador da OpenAI (empresa criadora do ChatGPT) deu uma entrevista polêmica, dizendo que não gostaria de estar na pele de um monopólio letárgico, à beira da disrupção. Essa declaração também pesou, e tenho certeza que desceu quadrado para os executivos do Google.
Era preciso revidar.
Google Keynotes 2023
Na semana passada, agora sim bem preparados, os executivos do Google trouxeram uma apresentação de duas horas mostrando o futuro da inteligência artificial em seus produtos.
No Gmail, vimos a ferramenta fazendo nosso trabalho. Em breve, a função "me ajude a escrever" estará disponível para mais de 2 bilhões de usuários do serviço de e-mails no mundo.

No mecanismo de buscas, o Google mostrou uma interface super interativa, integrando modelos de linguagem natural (como o ChatGPT) ao mecanismo de buscas que conhecemos.
Do ponto de vista da empresa, há basicamente dois tipos de busca: as que geram a possibilidade de inserir um anúncio, e as que não. As não monetizáveis são maioria na plataforma — e são, também, as que mais se encaixam ao tipo de interação ao estilo ChatGPT.
Em casos como esse, o Google passará a apresentar como respostas iniciais, ao invés de links qualificados graças a SEO, um texto inicial gerado por modelos de inteligência artificial. Caso o usuário se interesse pela descrição, há um botão que o convida a continuar a pesquisa no formato de uma conversa com a AI.

Caso as buscas sejam monetizáveis, antes da interação com o chatbot, o Google seguirá apresentando links patrocinados, sem causar grandes rupturas à sua vaca leiteira (os anúncios do mecanismo de busca).

Numa tacada só — ou melhor, num único slide —, o Google impressionou o mundo da tecnologia e acalmou seus investidores.
De volta ao fundamento
Se falarmos em termos práticos, a ascensão da inteligência artificial é um risco ao modelo de negócios do Google: se não um perigo existencial, é pelo menos um convite a reinventar a maneira como os usuários interagem com o produto e a maneira como ele é monetizado.
Em circunstâncias como essa, é normal que a ação passe por um processo de contração de múltiplos: ninguém quer pagar caro numa empresa sob risco de deixar de existir.
No Keynotes, o Google mostrou ao mundo qual será sua abordagem para lidar com essa mudança: ele não pretende competir com a Microsoft, nem com nenhuma das outras Big Techs. Seu objetivo é tão somente seguir como o melhor produto de buscas do mercado — ou seja, competir consigo mesmo.
No ano, graças a esse lembrete aos investidores, as ações do Google sobem mais que as da Microsoft.

Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região