Trégua nos calotes em fundos imobiliários, cotas com desconto e mais: as razões por trás da disparada recente do IFIX
A atual série positiva do índice é a maior desde o início de junho de 2020, quando ele subiu em 17 pregões consecutivos
O IFIX, índice que reúne os principais fundos imobiliários da B3, não é conhecido por apresentar grandes volatilidades diárias como o Ibovespa, a referência mais famosa do mercado de renda variável brasileiro.
Mas, como já dizia o ditado: de pregão em pregão, o IFIX enche o papo. O índice de fundos imobiliários está prestes a quebrar um recorde, engatando a maior sequência de fechamentos em alta dos últimos três anos.
Pressionado pelo ambiente desfavorável para os ativos de risco no geral e os calotes nos portfólios de alguns dos maiores fundos da indústria, o índice sofreu no primeiro trimestre de 2023.
Mas passou por uma virada recente e acumula ganhos de mais de 9% desde o final de março, quando chegou ao seu menor nível no ano.
A sessão de ontem trouxe um modesto avanço de 0,09%, mas a leve alta foi suficiente para garantir o 16º fechamento seguido no azul.
A série positiva é a maior desde o início de junho de 2020, quando o IFIX subiu em 17 pregões consecutivos. E esse recorde pode ser ultrapassado, de acordo com Caio Araújo, analista da Empiricus: “por ora, o movimento segue favorável.”
Leia Também
Mas o especialista em FIIs destaca que o curtíssimo prazo é imprevisível. “A implementação do arcabouço fiscal segue em andamento e o ambiente político no Brasil sempre traz surpresas que têm influência no mercado de capitais.”
O substituto do teto de gastos, aliás, é um dos elementos por trás do desempenho dos fundos imobiliários nos últimos dias. Veja abaixo as razões por trás da disparada recente do IFIX.
Calotes ainda preocupam, mas fundos imobiliários high yield recuperam parte das perdas do ano
O primeiro motivo para o salto do IFIX é o desempenho dos fundos de papel — ou seja, os que investem em títulos de crédito imobiliário — do tipo high yield. A categoria, que entrega remunerações maiores em troca de um risco de crédito elevado, sofreu com calotes nos portfólios.
Nos últimos dias, porém, os FIIs alvos de inadimplência apresentaram uma forte recuperação que apaga parcialmente as perdas registradas do ano e leva esses ativos a anotarem as maiores altas do IFIX em maio. Veja abaixo:
| Fundo | Alta no mês* |
| Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11) | 33,93% |
| Versalhes RI (VSLH11) | 29,55% |
| Hectare CE (HCTR11) | 25,28% |
| Banestes RI (BCRI11) | 18,15% |
| Tordesilhas EI (TORD11) | 14,53% |
| Iridium RI (IRDM11) | 12,59% |
Nas primeiras posições da tabela aparecem membros de um grupo de fundos relacionados à Gramado Parks, conglomerado de turismo e multipropriedades em recuperação judicial.
Hectare CE (HCTR11), Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11), Versalhes RI (VSLH11), Banestes RI (BCRI11) e Iridium RI (IRDM11) foram alvos da inadimplência de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da companhia em março.
Três das holdings do grupo estão em recuperação judicial, mas uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul autorizou a Forte Securitizadora, emissora dos CRIs, a executar as garantias dos títulos.
Antecipando-se aos tribunais, uma assembleia de credores de outros certificados de recebíveis da Gramado Parks também aprovou o acionamento judicial das garantias dos ativos da holding que ainda não estão sob a proteção da RJ.
Os detentores dos títulos deram ainda o sinal verde para a exigência da recompra total dos créditos imobiliários e declaração de vencimento antecipado de debêntures, entre outras deliberações.
VEJA TAMBÉM — “A Bet365 travou meu dinheiro!”: este caso pode colocar o site de apostas na justiça; entenda o motivo
Os segmentos de fundos imobiliários mais descontados em 2023
Além dos calotes, outro fator que impulsiona a performance de alguns fundos em maio é o movimento de “caça às pechinchas” da indústria.
Na classe dos recebíveis imobiliários, por exemplo, até mesmo FIIs que não sofreram diretamente com calotes foram penalizados pelo aumento da percepção de risco dos investidores.
A categoria também já acumulava uma queda nas cotas desde o terceiro trimestre do ano passado, quando o IPCA — indicador oficial da inflação brasileira — variou negativamente por três meses consecutivos e afugentou investidores de ativos com carteiras atreladas ao índice.
Com isso, até abril, o segmento de recebíveis anotava a maior queda entre os fundos imobiliários no ano, de acordo com dados do Santander. A classe recuava 4,91% em quatro meses e apresentava descontos tentadores.
Outros segmentos, como o híbrido, o de escritórios e o logístico também recuavam em 2023 e geravam oportunidades para quem procurava FIIs com desconto. Veja abaixo:
| Segmento | Rentabilidade até abril/2023 |
| Shoppings | +7,07% |
| Outros | +1,18% |
| Fundos de fundos | +0,58% |
| IFIX | -0,31% |
| Logístico/Industrial | -2,34% |
| Escritórios | -2,70% |
| Híbridos | -3,16% |
| Recebíveis Imobiliários | -4,91% |
Cenário macroeconômico também afeta o IFIX
Até agora, falamos de eventos específicos do mercado de fundos imobiliários, mas o desempenho do IFIX também é afetado por fatores macroeconômicos que mexem com as perspectivas para toda a renda variável brasileira.
O primeiro deles é a melhora geral no apetite aos ativos de risco com o arrefecimento da curva de juros. Os contratos de DI negociados na B3 — referência para o futuro das taxas brasileiras — apresentam quedas em 2023 que vão de 1%, nos vencimentos mais curtos, até 11%, nos vértices mais longos.
O movimento marca uma virada nas projeções do mercado, que vinham sendo pressionadas por fatores macroeconômicos desde o início do ano, e foi patrocinado pelo noticiário político e econômico recente.
Do lado de Brasília, a principal contribuição para o ambiente menos caótico é o arcabouço fiscal. A urgência para votação do substituto do teto de gastos foi aprovada na última quarta-feira pela Câmara dos Deputados.
Na prática, isso significa que a tramitação do texto será mais acelerada, pois ele pode pular a avaliação das comissões da Casa e passar diretamente para o debate no plenário.
Ainda que a proposta esteja longe de corresponder a todas as expectativas do mercado para o controle das contas públicas, sua aprovação é considerada importante para diminuir as incertezas para os investimentos no país.
A queda no volume dos ruídos fiscais também deve contribuir para a avaliação do Banco Central sobre o contexto inflacionário do país e remover um dos empecilhos para o início do ciclo de queda da taxa Selic — uma grande vilã para a cotação dos fundos imobiliários.
O BC já deixou claro que "não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal". Mas vale destacar que o projeto foi bastante mencionado na última ata do Copom, especialmente por trazer previsibilidade à trajetória dos gastos do governo.
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
