🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Larissa Vitória

Larissa Vitória

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

INADIMPLÊNCIA RURAL

Os Fiagros não são mais pop? Por que os calotes que assombram os fundos imobiliários agora ameaçam os fundos do agronegócio

O crescimento da emissão de títulos do setor fomentou a oferta de produtos para as carteiras dos Fiagros, mas indica que produtores e empresários rurais podem ter se envolvido com dívidas com custo difícil de bancar

Larissa Vitória
Larissa Vitória
22 de maio de 2023
7:01 - atualizado às 15:40
Montagem de foto com imagem do Rei do Gado em frente à plantação de soja | Fiagros ação agro
Nem Rei do Gado ou Rei da Soja: o pequeno investidor agora pode lucrar com o agro - Imagem: Seu Dinheiro

Criado em 2021 para pegar carona em um dos setores mais importantes da economia, o Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) logo caiu no gosto do investidor. A categoria conta hoje com quase 260 mil cotistas e aproximadamente R$ 7,6 bilhões em estoque na B3.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Existem atualmente três tipos de Fiagros. O mais famoso é categorizado como Fiagro-FII justamente por ter sido inspirado na estrutura dos “primos da cidade”, os fundos de investimento imobiliários (FIIs).

Há até mesmo a diferenciação entre fundos de tijolo — que, nesse caso, compram e/ou desenvolvem terras, imóveis e estruturas voltadas para pecuária e agricultura — e papel, que investem em títulos de dívida do setor.

Mas, por outro lado, algumas dessas características em comum também fazem com que os fundos agros estejam sujeitos a alguns dos mesmos problemas que afetam os “parentes”.  

E, nos últimos meses, nenhum fantasma tem assombrado tanto os cotistas quanto o da inadimplência. Atrasos de pagamentos a fundos imobiliários, especialmente aqueles que investem em títulos de crédito mais arriscados — conhecidos como high yield —, dominaram o noticiário desde março e aumentaram a cautela dos investidores com o segmento de crédito listado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os holofotes sobre esse poltergeist dos calotes ficaram restritos ao universo dos FIIs por um tempo, mas não mais.

Leia Também

Os avanços do principal instrumento de dívida do setor, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), fomentaram a oferta de ativos para o portfólio de Fiagros. A média histórica de emissões passou de R$ 12 bilhões para cerca de R$ 30 bilhões em 2021 e mais de R$ 38 bilhões no ano passado, segundo o boletim CVM Agronegócio.

Mas esse crescimento exponencial em meio a um cenário de juros altos também indica que produtores e empresários rurais podem ter emitido dívidas com um custo difícil de bancar.

Fiagros com problema

Na semana passada, por exemplo, os fundos XP Crédito Agro (XPAG11) e XP Crédito Agrícola (XPCA11) foram notificados de que a Usina Açucareira Ester, que está no portfólio de ambos, entrou com um pedido de recuperação judicial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O XPAG11 detém cerca de R$ 23,7 milhões de um CRA do qual a usina é devedora. Já o XPCA11 está menos exposto ao problema: são R$ 5 milhões investidos no CRA, com peso de 1,16% no PL.

Em comunicado enviado ao mercado, a XP Investimentos, administradora dos dois Fiagros destaca que “os fundos adotarão e realizarão o acompanhamento processual da RJ para que sejam adotadas todas as medidas necessárias para obter o pagamento dos valores devidos”.

E a recuperação judicial da Usina Ester não foi o primeiro caso a afetar o portfólio de Fiagros neste ano. Em fevereiro, o fundo Valora CRA (VGIA11) foi um dos impactados pela reestruturação de dívidas da Cooperativa Languiru.

O VGIA11 detém cerca de R$ 99 milhões em CRAs da companhia sul-rio-grandense e, segundo o último relatório gerencial divulgado, segue acompanhando o processo de adição e reestruturação das garantias das operações.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Outros dois Fiagros — o Vinci Crédito Agro (VICA11) e o Vectis Datagro (VCRA11) — ligaram o alerta após a notícia da reestruturação da Usina Serpasa.

Ambos ficaram expostos à companhia após investirem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) emitidos para a construção de uma usina sucroalcooleira na Bahia.

A planta deveria ter entrado em funcionamento no primeiro semestre deste ano, mas um problema com a emissão de licenças pelo órgão regulador atrasou o evento.

Sem operação para gerar recursos, os controladores da usina tiveram de se desfazer de um imóvel em março para retomar parcialmente o pagamento de juros dos CRIs.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Vectis, gestora do VCRA11, tranquilizou os cotistas no relatório gerencial de maio ao reforçar que a companhia contratou a consultoria Alvarez & Marsal — a mesma que atua na recuperação judicial da Americanas — para ajudar na gestão operacional e financeira do negócio.

Já a Vinci Partners, responsável pelo VICA11, destacou que a Serpasa “segue em processo de negociação de novos ativos imobiliários como alternativa para readequação da estrutura de capital e melhoria da liquidez”.

VEJA TAMBÉM — “A Bet365 travou meu dinheiro!”: este caso pode colocar o site de apostas na justiça; entenda o motivo

Dificuldades climáticas e juros altos podem afetar os Fiagros

Apesar de a maioria das empresas citadas nesta matéria operarem com açúcar e álcool, Caio Araújo, analista da Empiricus, não acredita que há um problema de insolvência no mercado sucroalcooleiro.

Araújo destaca que, no caso da Usina Serpasa, por exemplo, o grande empecilho é uma “questão burocrática e operacional que afetou o fluxo de caixa da companhia”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A ressalva, porém, não implica na ausência de alertas para os fundos agro. “Por ora, acredito que as operações mais problemáticas não estão nesse segmento [açúcar e álcool], mas sim em grãos e plantações em regiões que sofrem com condições climáticas menos favoráveis ao cultivo.”

Além dos desafios inerentes ao agro, que incluem um arrefecimento parcial das commodities e um mercado interno menos aquecido, o especialista da Empiricus relembra ainda que os títulos do setor também são afetados pelo crescimento dos juros no país.

“O risco exige um retorno um pouco mais elevado, e vimos CRAs sendo estruturados com taxas altas desde o ano passado. Com a Selic ainda elevada, o carrego do custo de crédito, no caso do devedor, por um tempo maior que o esperado começa a deteriorar suas condições de pagamento.”

Araújo não acredita que o movimento de calotes será tão intenso como o registrado pelos fundos imobiliários high yield. Mas espera que, ao menos ao longo do primeiro semestre, “continue pipocando uma ou outra operação insolvente nas carteiras”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para evitar estresse com eventuais calotes, o analista pede que, antes de comprar cotas de Fiagros, o investidor atente-se para o fato de que essa indústria não é composta pelos melhores devedores do agronegócio.

O ‘filet mignon’ do setor é financiado por grandes bancos, benefícios do governo e outras fontes de recurso. Já nos Fiagros, os players são mais sensíveis às oscilações do mercado e às condições econômicas como um todo, alguns deles passam por reestruturações societárias e outros ainda não geram resultado positivo. Então, atualmente, esse é um segmento mais arrojado.

Caio Araújo, analista de fundos imobiliários da Empiricus.

Especialista recomenda dois Fiagros para sua carteira

Um ponto positivo dos Fiagros é que, como o risco é maior, a remuneração também costuma ser mais expressiva do que a encontrada em outros produtos. 

Para quem digeriu os alertas e, ainda assim, considera que a relação entre risco e retorno é favorável ao produto, o analista da Empiricus cita dois fundos que, em sua visão, estão mais bem preparados para atravessar o cenário atual.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O primeiro é o JGP Fiagro (JGPX11), que, de acordo com Araújo, “assume uma postura mais conservadora e têm algumas operações menos arriscadas no portfólio”. Com pouco mais de 3,8 mil cotistas, o JGPX11 registrou um dividend yield — indicador que mede o retorno de um ativo a partir do pagamento de dividendos — de 1,21% no último mês.

A outra recomendação fica com o Kinea Crédito Agro (KNCA11), cujo portfólio é mais arrojado. Para o analista, o risco maior da carteira é equilibrado pela liquidez do fundo — são 32,6 mil cotistas —, o volume maior de negociações e a gestão ampla com experiência em crédito.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RESUMO SEMANAL

Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana 

16 de agosto de 2025 - 11:39

A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?

CHAMOU NA CHINCHA

Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda

15 de agosto de 2025 - 18:52

Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema

ACABAMENTO FOSCO

Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?

15 de agosto de 2025 - 18:04

Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital

É COMPRA ATRÁS DE COMPRA

TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso

15 de agosto de 2025 - 10:35

Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos

TORCEU O NARIZ

Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?

15 de agosto de 2025 - 10:18

Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)

RECUPERANDO O FÔLEGO

FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa

14 de agosto de 2025 - 12:10

Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos

VISÃO DO GESTOR

“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’

14 de agosto de 2025 - 6:04

Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?

13 de agosto de 2025 - 13:25

O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas

HERE COMES A NEW CHALLENGER

Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil

12 de agosto de 2025 - 16:57

Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM

FOME DE AQUISIÇÃO

HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo

12 de agosto de 2025 - 15:28

Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas

ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO

Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora

12 de agosto de 2025 - 14:48

Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho

MERCADOS HOJE

A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870

12 de agosto de 2025 - 11:55

Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed

NOVOS HORIZONTES

Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo

11 de agosto de 2025 - 15:44

A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário

APETITE RENOVADO

Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje

11 de agosto de 2025 - 14:39

A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia

VÃO OS ANÉIS…

FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa

11 de agosto de 2025 - 13:12

O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista

RECICLANDO O PORTFÓLIO

FII RBVA11 anuncia venda de imóvel e movimenta mais de R$ 225 milhões com nova estratégia

9 de agosto de 2025 - 9:43

Com a venda de mais um ativo, localizado em São Paulo, o fundo imobiliário amplia um feito inédito

FIIS HOJE

DEVA11 vai dar mais dores de cabeça aos cotistas? Fundo imobiliário despenca mais de 7% após queda nos dividendos

8 de agosto de 2025 - 11:57

Os problemas do FII começaram em 2023, quando passou a sofrer com a inadimplência de CRIs lastreados por ativos do Grupo Gramado Parks

FII DO MÊS

Tarifaço de Trump e alta dos juros abrem oportunidade para comprar o FII favorito para agosto com desconto; confira o ranking dos analistas

8 de agosto de 2025 - 6:03

Antes mesmo de subir no pódio, o fundo imobiliário já vinha chamando a atenção dos investidores com uma série de aquisições

TECH MADE IN AMERICA

Trump anuncia tarifa de 100% sobre chips e dispara rali das big techs; Apple, AMD e TSMC sobem, mas nem todas escapam ilesas

7 de agosto de 2025 - 14:52

Empresas que fabricam em solo americano escapam das novas tarifas e impulsionam otimismo em Wall Street, mas Intel não conseguiu surfar a onda

VISÃO DO GESTOR

Ações baratas e dividendos gordos: entenda a estratégia deste gestor para multiplicar retornos com a queda dos juros

6 de agosto de 2025 - 18:44

Com foco em papéis descontados e empresas alavancadas, a AF Invest aposta em retomada da bolsa e distribuição robusta de proventos com a virada de ciclo da Selic

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar