Onde Investir: Dólar e juros em queda pavimentam cenário otimista para economia, mas um risco segue no radar, diz Luciano Sobral, da Neo Investimentos
Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, conversou com exclusividade com o Seu Dinheiro sobre os cenários com os quais trabalha sobre onde investir no segundo semestre de 2023
O primeiro semestre de 2023 passou numa velocidade vertiginosa. Se o ano começou sob um véu de múltiplas incertezas políticas, econômicas e internacionais, os próximos meses parecem promissores para o Brasil. Pelo menos na percepção do mercado financeiro.
“O cenário agora é de correção de uma visão exageradamente pessimista”, afirma Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos.
Se na virada do ano, a bolsa era considerada barata, o real estava bem defasado em relação ao dólar e a curva de juros projetados apontava para cima, a situação é bem diferente nesta passagem do primeiro para o segundo semestre de 2023.
O pessimismo talvez não tenha sido substituído pela euforia, mas é possível dizer que agora os ativos estão “corretamente precificados”.
Essas foram as principais impressões transmitidas por Sobral ao falar com o Seu Dinheiro sobre o cenário projetado por ele para o segundo semestre.
“Não se pode dizer que estejamos vivendo um modo de euforia, mas que o Brasil que a gente vê agora da bolsa, do juro, do dólar, está corretamente precificado. É mais ou menos o que o fundamento garantiria”, disse ele, do alto dos mais de R$ 5 bilhões sob gestão da Neo.
Leia Também
Você confere a seguir os principais pontos da entrevista concedida por Sobral ao Seu Dinheiro no fim de junho para a série Onde Investir.
A taxa Selic vai começar a cair
A taxa Selic talvez tenha sido o assunto mais discutido do primeiro semestre de 2023.
Ela está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
A boa notícia é que a Selic vai começar a cair.
“Se não for em agosto, vai ser em setembro”, afirma Sobral.
Mas houve muita tensão entre o governo e o BC antes que se chegasse finalmente a isso.
Logo depois de eleito para retornar ao Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a criticar o nível da taxa básica de juros no Brasil.
Ao mesmo tempo em que causou turbulência no mercado financeiro, o debate deflagrado pelas críticas teve ampla repercussão e tirou da zona de conforto o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Aos poucos, as críticas ao nível dos juros extrapolaram o círculo governamental e passaram a ser ecoadas por representantes de diversos setores da economia.
Com dificuldade para se explicar além do economês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC entrou em modo de morde-assopra: endurecendo o tom nos comunicados para depois aliviar na ata. Assim aconteceu nas reuniões de fevereiro, março, maio e junho.
Mas a percepção de que a Selic finalmente vai começar a cair ganhou força na última semana de junho. Foi quando a ata do Copom, o Relatório Trimestral de Inflação e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceram uma trinca que levou muitos participantes do mercado a anteciparem suas apostas para os juros.
VEJA A DINHEIRISTA - Taxada na Shein: “Meu reembolso está mais de um mês atrasado. E agora? Irmão golpista coloca pais no Serasa
Disputa em torno da Selic é simbólica
Para Sobral, toda essa disputa em torno da Selic tem caráter mais simbólico.
“Para a economia não vai fazer diferença nenhuma”, diz ele. “É um negócio mais simbólico e do Banco Central gerenciar expectativa, tentar manter a coerência com a postura que ele vem adotando do que qualquer outra coisa. Acho que no fim das contas o que vai decidir se vai cair em agosto ou em setembro são os próximos dados de inflação.”
Um desses dados foi o IPCA-15 de junho, que desacelerou em linha com a expectativa, em direção ao centro da meta. Os próximos são o IPCA cheio de junho e o dado preliminar de julho.
“Se esses dados vierem em linha ou um pouco melhores do que o mercado está esperando, o BC corta em agosto”, afirma o economista.
Passadas a ata do último Copom, a divulgação do RTI e a reunião do CMN, Sobral passou a considerar a possibilidade de o BC interromper o futuro ciclo de cortes da Selic em 9% ao ano. Antes, a projeção da Neo era 10%.
Enquanto isso, diante de um iminente alívio monetário, a expectativa dos participantes do mercado é de uma melhora da bolsa nos próximos meses.
A equipe de Sobral não faz projeção para a bolsa, mas os analistas consultados pelo Seu Dinheiro já projetam o Ibovespa a 140 mil pontos fim do ano.
Já o efeito sobre a taxa de câmbio não deve ser tão positivo.

Dólar não deve continuar em queda
A taxa de câmbio atingiu em junho os níveis mais baixos em mais de um ano. A recuperação do PIB e a melhora da perspectiva do rating do Brasil pela agência de classificação de risco de crédito S&P começaram a trazer os estrangeiros de volta à B3 no fim do primeiro semestre.
Em junho, a demanda por ativos brasileiros ajudou a levar o dólar da faixa dos R$ 5,20 para a de R$ 4,70 em poucas semanas. “O câmbio vem de um período muito desvalorizado”, afirma Sobral. O movimento, porém, não deve se manter.
Um dos motivos é que o real já não está mais tão barato quanto antes, explica o economista-chefe da Neo Investimentos.
Para sustentar a tese de que boa parte do ajuste no dólar já foi feito, Sobral recorre ao histórico do câmbio corrigido pela inflação.
Antes da queda recente, o câmbio chegou aos patamares mais altos históricos, sem considerar períodos de maior estresse como o período pré-eleitoral de 2002, época da primeira vitória de Lula.
“Em nenhum outro momento nos últimos 35 anos o real ficou tão barato quanto nesse pós-pandemia. A gente ainda acha que poderia ter mais pra cair do que para subir em relação ao preço que está agora. Ou seja, daria para cair mais. Mas não é mais tão obviamente barato.”
Outro motivo, prossegue Sobral, é a expectativa de queda no diferencial do juro.
“Quando a gente olha para os fatores que geralmente influenciam o real, a gente não fica tão otimista assim. O diferencial de juros do Brasil para o mundo vai começar a cair. Esse juro a 13,75% não vai durar muito tempo. Então vai fazer com que o real fique no relativo menos atrativo pelo que paga de juro.”
Projeções para o dólar podem ser revisadas
Sobral não se deixou seduzir pela recente queda do dólar. Pelo menos por enquanto.
“A gente mantém a projeção de R$ 5,20 para o final do ano”, afirma.
Mas pode ser que mude. “Se o câmbio não voltar a subir, estou disposto a revisar. Então podemos dizer que é R$ 5,20 com risco para baixo.”
Aqui é necessário abrir um parêntese. Muito antes desse trecho da entrevista, logo que começou a falar sobre a taxa de câmbio, Sobral começou com a ressalva que todo economista responsável faz quando começa a falar em real, dólar e variação cambial.
“O disclaimer que todo economista deveria fazer é de que o câmbio é um negócio muito difícil de prever. Não que o resto seja fácil. Mas a taxa de câmbio parece particularmente feita pra gente passar vergonha”, disse, parafraseando Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real.
Riscos potenciais
Fechado o parêntese, a impressão da conversa com Luciano Sobral é de que o pessimismo exagerado do início do ano foi substituído por um otimismo moderado com a perspectiva de queda do juro e o arcabouço fiscal saindo do forno.
O maior risco, na visão do economista-chefe da Neo, é externo.
“O mercado voltou a ficar complacente com o risco de recessão”, adverte.
“É raro o Fed subir tanto assim o juro e não terminar em recessão. É como se o mercado estivesse apostando agora na exceção, e não na regra.”
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP
Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano
Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3
FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso
O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato
Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25
BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida
Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana
Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA
Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos
Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos
De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”
Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica
Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008
O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.
Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”
No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados