Uma nova ordem em construção? Por que a China aprofundou a cooperação militar com o Irã
Pacto foi anunciado hoje depois de encontro entre o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e o general Wei Fenghe, conselheiro de Estado e ministro da Defesa da China
A China deu hoje mais um passo em sua busca pela construção de uma nova ordem internacional. No melhor estilo “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, o gigante asiático chegou a um acordo com o Irã por meio do qual pretende aprofundar a cooperação bilateral, inclusive no âmbito militar.
O fortalecimento das relações militares sino-iranianas envolve intercâmbio de serviços e armamentos, exercícios conjuntos e treinamento. Entretanto, os detalhes públicos do acordo são escassos.
Representantes de ambos os lados limitaram-se a acrescentar que os dois países chegaram a um consenso sobre o fortalecimento da comunicação estratégica entre os comandantes de suas forças armadas.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal; basta clicar aqui.
China consolida zona de influência
O pacto foi anunciado hoje depois de um encontro em Teerã entre o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e o general Wei Fenghe, conselheiro de Estado e ministro da Defesa da China.
Raisi disse que o Irã se opõe ao que qualificou como unilateralismo, hegemonismo e interferência externa e afirmou apoiar firmemente a China na salvaguarda de seus interesses centrais.
Já o general Wei qualificou China e Irã não só como países, mas como “civilizações antigas cuja amizade tradicional se fortaleceu ainda mais com o tempo”.
A cooperação bilateral não é nova. Há anos, a China figura como principal mercado para o petróleo iraniano. Nesse sentido, a cooperação militar expõe um aprofundamento nas relações entre Pequim e Teerã ao mesmo tempo em que consolida uma parceria considerada estratégica pela China.
Muito além de um desafio aos EUA
O acordo desafia explicitamente a política norte-americana de isolamento do Irã, que há mais de quatro décadas figura como alvo de duras sanções impostas pelos Estados Unidos, mas vai além.
Não é demais lembrar que, semanas antes da invasão da Rússia pela Ucrânia, o presidente chinês, Xi Jinping, e o líder russo, Vladimir Putin, comprometeram-se em uma “aliança sem limites”.
O que a China busca, de fato, é a consolidação de sua zona de influência dentro de uma visão que envolve a construção de uma nova ordem internacional.
Entre o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e o colapso da União Soviética (1991), o mundo foi dividido em dois blocos: o capitalista, liderado pelos EUA, e o comunista, com a URSS à frente.
Com o fim da Guerra Fria, a velha ordem bipolar foi substituída por uma ordem unipolar na qual os EUA consolidaram-se como potência hegemônica.
A ascensão da China
Agora, ao mesmo tempo em que a invasão da Ucrânia pela Rússia captura as atenções das potências ocidentais, a ascensão da China começa a colocar em xeque a hegemonia norte-americana.
A atual doutrina chinesa de política externa tem como ponto central a construção de alianças regionais que conduzam a um mundo multipolar - ou seja, com múltiplos pólos de poder.
Nesse contexto, a China busca colocar sob sua esfera de influência os países mais próximos, principalmente na Ásia continental. Mas o fato é que o dragão chinês é cada vez mais presente no resto do mundo por meio das parcerias estabelecidas no âmbito das Novas Rotas da Seda.
Na especulação da maioria dos especialistas em política externa, o resultado mais provável é uma nova ordem bipolar na qual EUA e China figurem como potências hegemônicas num futuro próximo.
Xi Jinping preocupado? China inicia novas medidas para tentar salvar a economia e a colheita; entenda
O país asiático não só tenta apagar as chamas do dragão da desaceleração econômica, como também salvar a colheita do verão mais quente e seco de Pequim em 61 anos
China derruba preços do petróleo internacional e pode ajudar na redução da gasolina no Brasil; entenda
Desde as máximas em março deste ano, o barril de petróleo Brent já recuou cerca de 26% com a perspectiva de desaceleração — e, possivelmente, recessão — global
Cinco empresas chinesas vão retirar seus ADRs da Bolsa de Nova York — saiba por quê
As estatais anunciaram planos de retirada voluntária de seus ADRs ainda neste mês; a decisão acontece em meio à desacordo entre os órgãos reguladores da China e dos EUA
A catástrofe na Rússia que Putin não quer que o Ocidente descubra: Estados Unidos e aliados estão causando um verdadeiro estrago na economia do país; veja os maiores impactos
Enquanto algumas matérias derrotistas apontam a Rússia ‘à prova’ de sanções, um estudo de Yale afirma que os efeitos são catastróficos; entenda detalhes
China contra-ataca: entenda o recado que Xi Jinping mandou ao lançar mísseis que caíram no Japão
Governo japonês diz que cinco mísseis balísticos lançados por Pequim durante exercícios militares em torno de Taiwan caíram na zona econômica exclusiva do Japão pela primeira vez
Tambores de uma nova guerra? Entenda por que Taiwan coloca China e Estados Unidos em pé de guerra
Visita de Nancy Pelosi a Taiwan acirra tensões entre Estados Unidos e China em meio a disputa por hegemonia global
Após alertar Pelosi para não visitar Taiwan, China realiza exercícios militares na costa em frente à ilha
O Ministério da Defesa chinês alertou Washington, na última semana, para não permitir que a presidente da Câmara dos Deputados americana visite Taiwan
Como a crise imobiliária na China pulverizou metade da fortuna da mulher mais rica da Ásia
Yang Huiyan viu sua fortuna de US$ 23,7 bilhões cair pela metade nos últimos 12 meses; a bilionária controla a incorporadora Country Graden
Enquanto Rússia corta gás para a Europa, gasoduto que leva a commodity à China está perto da conclusão
O canal de transporte do gás natural está em fase final de construção e interliga a Sibéria a Xangai; a China aumentou o fornecimento da commodity russa em 63,4% no primeiro semestre deste ano
Por que a China e o Japão estão se desfazendo – em grande escala – de títulos do Tesouro do Estados Unidos
Volume de Treasuries em poder da China e do Japão estão nos níveis mais baixos em anos com alta da inflação e aumento dos juros nos EUA
Leia Também
-
O vilão da Vale (VALE3): o que fez o lucro da mineradora cair 9% no primeiro trimestre; provisões bilionárias de 2024 são atualizadas
-
Sem dancinhas: Biden sanciona lei que proíbe o TikTok nos Estados Unidos apesar do lobby chinês milionário
-
Novo imposto do aço: Governo aumenta taxa para importação em meio a apelo das siderúrgicas. Vem impacto na inflação?
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas