Covid-19 derruba economia da China em abril; confira os dados chineses que assustaram o mercado hoje
Com os lockdowns nos últimos dois meses, a produção e as vendas chinesas despencam além do esperado, e a divulgação de números piores traz a cautela de volta ao foco hoje

Vírus são seres complicados. A facilidade com que esses agentes infecciosos podem criar novas variantes com uma simples modificação genética é de assustar qualquer um, inclusive Xi Jinping. Afinal, a covid-19 não só contaminou centenas de milhões de pessoas, como também infectou a economia da China, que entregou os piores indicadores em dois anos nesta segunda-feira (16).
Atingir as metas econômicas através de estímulos do governo chinês enquanto encara o pior momento da pandemia do coronavírus com uma rígida política de Covid Zero no país não é uma tarefa simples — e pesou sobre as vendas, a produção industrial e o desemprego.
A divulgação de dados chineses piores que o esperado pelo mercado trouxe a cautela de volta ao foco dos investidores hoje, com as bolsas internacionais operando em queda nesta manhã.
Vendas no varejo chinês
A começar pelas vendas no varejo, o principal índice dos gastos das famílias chinesas.
Na luta para diminuir os casos de covid-19, o país instituiu lockdowns em março e abril, confinando tanto trabalhadores quanto consumidores em casa.
Ou seja: menos gente na rua pra fazer compras e menos funcionários nas fábricas para produzir os itens.
Leia Também
Com essa quarentena, a atividade econômica caiu bruscamente em abril, com recuo de 11,1% em relação ao mesmo mês de 2021, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês).
Trata-se da maior queda no indicador desde março de 2020 e o segundo mês consecutivo de contração. As vendas ainda diminuíram em relação a março deste ano, quando tiveram baixa de 3,5%.
Além de ter vindo pior neste ano, o índice superou a projeção dos economistas consultados pelo The Wall Street Journal, que esperavam uma baixa de apenas 5,4% no mês passado.
Produção industrial na China
Ainda como consequência dos lockdowns, a produção industrial da China caiu em abril. O indicador teve recuo de 2,9% na comparação anual, abaixo das expectativas dos economistas, que projetavam um crescimento de 1%.
A derrubada na produção também foi vista na comparação mensal, uma vez que o dado avançou 5% em março.
A produção das fábricas recuou 2,9% frente ao mesmo período do ano passado, também contradizendo qualquer esperança de crescimento.
Essa é a maior baixa do indicador desde fevereiro de 2020, com as medidas contra a covid afetando as cadeias de abastecimento e paralisando a distribuição.
Desemprego e investimentos
Como se não bastassem os piores dados, a China por pouco não bateu o recorde de desemprego urbano em abril. O indicador avançou de 5,8% em março para 6,1% no mês passado.
A taxa ficou próxima da máxima histórica de 6,2% vista em fevereiro de 2020, quando os primeiros impactos da pandemia atingiram a economia chinesa.
Já o investimento em ativos fixos — isto é, a base de Pequim para sustentar a economia conforme as exportações desaceleraram — subiram 6,8% entre janeiro e abril de 2022.
Isso representa um ritmo menor do que o esperado pelo mercado, que projetava um aumento de 7,2% no comparativo ano a ano.
Setor imobiliário da China
Sejamos sinceros: o setor imobiliário da China não está vivendo a sua época de ouro. Tanto ele quanto a construção representam mais de 25% do PIB (Produto Interno Bruto) chinês. Porém, em abril, a situação piorou.
As vendas de moradias na China tiveram queda de 32,2% entre janeiro e abril de 2022 em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado.
A contração veio ainda pior que o recuo de 25,6% registrado no primeiro trimestre deste ano.
Esse é outro indicador afetado pela forte onda de covid-19 enfrentada pelo país atualmente, de acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS).
As construções iniciadas (residenciais e de propriedades comerciais) tiveram queda de 26,3% no primeiro quadrimestre na base anual. Até março, a baixa acumulada era de 17,5%.
Com isso, o banco central chinês (PBoC) decidiu mexer em até 20 pontos-base na taxa de hipoteca, na tentativa de trazer o setor de imóveis de volta à vida.
O PBoC manteve algumas taxas de juros inalteradas nesta segunda-feira, mas reduziu o limite mínimo de taxas de hipoteca para compradores do primeiro imóvel.
*Com informações de Estadão Conteúdo.
Leia também:
Tesla (TSLA34) não escapa das tarifas contra a China e BofA corta preço alvo das ações pela segunda vez no ano — mas resultados trimestrais do 1T25 devem vir bons
Bank of America reduz preço-alvo em antecipação ao relatório trimestral previsto para esta terça-feira; resultados devem vir bons, mas perspectiva futura é de dificuldades
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Acabou a brincadeira: China faz alerta contundente aos países que fizerem acordo com Trump
Enquanto isso, Pequim tenta usar a Coreia do Sul para triangular exportações e escapar dos efeitos das tarifas norte-americanas
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
O que aconteceu com a fortuna dos maiores bilionários chineses com Trump ‘tocando o terror’ nas tarifas contra o gigante asiático?
Com a guerra comercial que está acontecendo entre China e EUA, os bilionários norte-americanos já perderam quase meio trilhão de dólares somados. Nesse cenário, como estão os ricaços chineses?
Batalha naval: navios da China entram na mira das tarifas americanas — mas, dessa vez, não foi Trump que idealizou o novo imposto
As autoridades americanas chegaram à conclusão que a China foi agressiva para estabelecer dominância no setor de construção naval
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Nvidia não escapa de Trump, com restrição a exportação de chips; ‘queridinha’ tem preço-alvo cortado pelo BofA e tomba em NY
Ontem (15), a gigante dos chips informou ao mercado que será atingida por uma decisão do presidente dos EUA, com impacto calculado em US$ 5,5 bilhões
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
EUA ou China: o uni-duni-tê de Donald Trump não é nada aleatório
O republicano reconheceu nesta terça-feira (15) que pode chegar ao ponto de pedir que os países escolham entre EUA e China, mas a história não é bem assim
Vale (VALE3): produção de minério cai 4,5% no 1T25; vendas sobem com preço quase 10% menor
A alta nas vendas de minério foram suportadas pela comercialização de estoques avançados formados em trimestres anteriores, para compensar as restrições de embarque no Sistema Norte devido às chuvas
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária