O risco de uma greve nos transportes devido à disparada dos preços e risco de falta do diesel não é um problema só do Brasil. Na Argentina, caminhoneiros iniciaram uma paralisação nesta quarta-feira (23), pedindo por uma resposta das autoridades à escassez do combustível e um aumento nas tarifas de frete.
Os trabalhadores bloqueiam rodovias de Buenos Aires e de outras dez grandes cidades do país e pedem pela redução dos preços dos combustíveis e melhores remunerações.
Com o aumento da atividade em um cenário de recuperação econômica, a demanda por diesel aumentou nos últimos meses na Argentina. Ao mesmo tempo, a guerra na Ucrânia fez os preços do petróleo — e por consequência dos combustíveis — dispararem em todo o mundo.
Na Argentina, o transporte de cargas é praticamente monopolizado por caminhões. Embora o governo tenha convocado os grevistas para uma reunião na tarde de quarta-feira, as negociações não prosperaram.
Enquanto isso, em terras brasileiras
Desde o último reajuste dos combustíveis feito pela Petrobras (PETR4), feito na última sexta (17), os caminhoneiros elevaram o tom contra o aumento dos preços.
Segundo Wallace Landim, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), o governo vem adotando medidas ineficazes para conter os aumentos e falhou em promessas anteriores à categoria, como a alteração da política de preços da Petrobras, que se baseia em oscilações internacionais para definir os preços no país.
"Vamos acordar, se unificar e ir para cima da Petrobras. E quando eu falo ir para cima da Petrobras, é ir para cima do governo federal, também. Quem nomeia o presidente da estatal é o senhor Jair Messias Bolsonaro, que fez um compromisso para nós de mudar esse preço de paridade de importação em 2018. Por isso nós acreditamos no senhor", disse Landim.
Apesar de poder indicar nomes à presidência da estatal, a aprovação depende do conselho de administração da empresa. Desde 2016, a nomeação de administradores de empresas públicas segue uma série de diretrizes estabelecidas pela Lei das Estatais. Dentre elas, estão a exigência de formação e experiência profissional na área de atuação e o afastamento de, no mínimo, 36 meses da vida política.
O governo agora pretende alterar essa lei por meio de uma medida provisória que pode aumentar sua interferência nas decisões da empresa, medida que é vista de forma negativa pelo mercado.
* Com informações do Estadão Conteúdo