Vale a pena ver de novo? A volta da alta das treasuries e a rotação setorial na bolsa
Com o início do ciclo de aperto monetário nos EUA, mercados emergentes, em um primeiro momento, podem ser desprezados por economias desenvolvidas; mas há ao menos dois insights interessantes; confira
Parece reprise de novela, mas é a vida real. Mais uma vez, como no primeiro trimestre do ano, voltamos a ver o yield (rendimento) das treasuries (títulos do tesouro americano) de 10 anos (vencimento) buscando patamares mais elevados.
A discussão é a mesma. A pressão nos yields deriva do temor inflacionário e do início do ciclo de aperto monetários por parte do Federal Reserve (Fed). Desta vez, o segundo motivo é mais norteador do que o primeiro, pois já temos um entendimento melhor da inflação e do processo de normalização da economia após a recuperação pós-pandemia.
Trocando em miúdos, se houvesse um risco do processo inflacionário verificado nos EUA neste momento ser mais estrutural do que transitório, veríamos o Banco Central dos EUA agindo de maneira mais agressiva em resposta à falta de estabilidade no poder de compra. Como a tese de transitoriedade se manteve, ainda que tenha sofrido revezes no meio do caminho, relaxamos um pouco as expectativas.
Duas das principais ferramentas das autoridades monetárias para controlar os preços em uma economia são a taxa de juros e o afrouxamento quantitativo, que nada mais é que a compra de ativos no mercado, inundando o mesmo com liquidez.
Quando o BC quer estimular a economia, ele derruba a taxa de juros e compra ativos, já quando ele deseja contra a possibilidade de um superaquecimento, o contrário é válido.
No início do ano, os yields de 10 anos dos EUA, que balizam a taxa livre de risco em nível global, aceleraram, saindo do patamar de 0,50% para impressionantes 1,75%.
Leia Também
Com uma maior tranquilidade dos mercados a partir do segundo trimestre, os juros voltaram para a faixa dos 1,20%. Ao longo de setembro, porém, vemos novamente a evolução dos yields para a casa dos 1,50%.
A que se deve isso?
Na última reunião do Fed, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) indicaram o início do "tapering", ou uma redução no nível de compra de ativos, para o mês de novembro, já sinalizando a possibilidade de fim do processo para meados de 2022 e, subsequentemente, um início da alta dos juros para o final do ano que vem.
Foi o suficiente para os yield passarem a subir novamente.
Consequentemente, alguns efeitos são verificados nos mercados financeiros. A começar há uma tendência de dólar mais forte, pelo menos no curto prazo, contra as demais moedas do mundo, em especial a de mercado emergentes.
Basicamente, um maior pagamento de juros no tesouro americano atrai dólares dos demais países, desvalorizando relativamente às demais moedas.
Em segundo lugar, podemos verificar uma rotação setorial de ativos ligados aos setores de maior crescimento, as chamadas teses de "growth", para segmentos mais tradicionais da economia.
Isso acontece porque empresas de maior crescimento, notadamente as de tecnologia, são mais sensíveis às variações da taxa de juros, uma vez que a maior parte de seus fluxos de caixa estão no futuro, não no presente.
Logo, estes fluxos futuros são descontados a uma maior taxa e, portando, valeriam menos no presente. Em compensação, empresas "value"/tradicionais e descontadas possuem seus fluxos de caixa predominantemente no presente, o que proporciona uma maior atratividade por parte dos investidores para tais posições, ao menos no curto prazo.
Isso é um desdobramento prático que vemos ao redor do mundo inteiro ao passo em que há normalização do patamar de política monetária, como acontece no Brasil e em outras localidades já neste momento. Não à toa muitos IPOs (ofertas iniciais públicas) considerados "tech" sofreram nos últimos meses ao passo em que o nosso Bacen elevou a taxa Selic.
Por fim, mercados emergentes, em um primeiro momento, são preteridos por mercados desenvolvidos, por conta desse rendimento maior. Contudo, há dois insights interessantes aqui.
Em primeiro lugar, se o fluxo for para os EUA, as taxas de juros ainda estarão muito baixas e dificilmente iriam integralmente para os títulos do tesouro; isto é, poderiam ir para outros ativos, como Bolsa (foco em teses de valor), elevando ainda mais os múltiplos das empresas americanas.
Em segundo lugar, muitos mercados que já estão baratos, como o Brasil, ficariam ainda mais baratos, por esta falta de atratividade, pelo menos momentaneamente.
Neste sentido, como podemos ver abaixo, investidores preocupados com ações americanas poderiam, em um próximo momento, se interessar por outros mercados descontados.

Nos gráficos acima vimos que o múltiplo de preços sobre lucros para os próximos 12 meses do índice MSCI all-country ex-US está negociando na mínima histórica de 20 anos.
O desconto atual gira em torno de 30%, muito abaixo da média de 13%. Temos descontos até mais agressivos no Brasil frente à Bolsa americana. Adicionalmente, empresas não-americanas oferecem um excesso de dividend yield para o S&P de 1,5% comparado com a média de 1,1%.
Ou seja, ainda que estejamos presenciando uma alta dos juros, a qual deve seguir até pelo menos o patamar de 1,75% nos próximos meses. Neste contexto, a rotação descrita acima deve prevalecer, mas haverá um desconto para outros países a ser aproveitado em um segundo momento.
Um detalhe adicional é que os setores tradicionais beneficiados por este movimento são usualmente mais presentes em mercados emergentes, menos desenvolvidos — no Brasil, por exemplo, o Ibovespa é mais de 50% bancos e commodities.
Em meu entendimento, a alta dos yields deve seguir acontecendo nos próximos meses, ainda que mais gradual que no começo do ano. Em seguida, muitos investidores procurarão novos posicionamentos durante uma maior estabilidade.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
São estudos como este que disponibilizamos na assinatura best-seller da Empiricus, a série "Palavra do Estrategista". Nela, ajudo Felipe Miranda, estrategista-chefe da casa, a encontrar as melhores oportunidades para os mais variados perfis de investidores. Para quem se interessou pelo insight, talvez valha a pena dar uma conferida.
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem
Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros
JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje
Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas
Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever
Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial
Heineken dá calote em fundo imobiliário, inadimplência pesa na receita, e cotas apanham na bolsa; confira os impactos para o cotista
A gestora do FII afirmou que já realizou diversas tratativas com a locatária para negociar os valores em aberto