IRB finalmente dá lucro. Chegou a hora de comprar as ações?
Quando comparamos o IRB com outras companhias do setor de seguros brasileiras e de resseguros globais eu não consigo ver nada “super barato” nos preços atuais
O dia era 23 de março: uma quarta-feira ensolarada e um calor desconfortável na cidade de São Paulo.
Se os dias comuns já me fazem sentir falta do escritório (e do ar condicionado), a saudade só aumenta quando a temperatura está para lá dos 30°.
Mas esse calor elevado na capital paulistana nem se comparava ao dos fóruns do mercado financeiro naquele dia, que estavam fervendo por causa da resseguradora IRB.
O motivo?
Depois de três trimestres seguidos de prejuízos enormes, que superaram R$ 1,5 bilhão em 2020, naquele dia a companhia anunciou um lucro de R$ 18 milhões referente ao mês de janeiro de 2021 – pequeno na comparação com os prejuízos recentes, mas o suficiente para deixar os investidores em êxtase e provocar uma alta de quase 9% nas ações no intraday.
Será que chegou a hora de comprar as ações?
Leia Também
IRB (não) está barato
É engraçado como os argumentos que eu leio para a compra de IRB são majoritariamente de que "IRBR3 está barata".
Mas não sob a ótica do value investing tradicional de Benjamin Graham, que relaciona preço (cotação) e valor intrínseco (resultados).
Normalmente, a justificativa é bem mais simplista: a de que os papéis estão baratos basicamente porque estão negociando por preços 90% menores do que as máximas históricas.
Para começo de conversa, é sempre bom lembrar que se os preços caíram 90%, os lucros caíram ainda mais — quer dizer, na verdade viraram enormes prejuízos em 2020.
Além disso, quando comparamos os múltiplos de IRB com os de outras companhias do setor de seguros brasileiras e de resseguros globais eu não consigo ver nada "super barato" nos preços atuais da companhia.
Na verdade, ainda vemos as ações entre as mais caras.
Você pode estar comprando as ações do IRB porque acha o nome da companhia engraçado.
Ou porque concluiu que depois da queda de 90% agora "há muito mais chances de o papel subir do que de continuar caindo".
Uma outra justificativa – bem mais plausível, na minha opinião – seria comprar IRBR3 porque a nova gestão poderá colocar a companhia de volta nos trilhos e permitir que os resultados voltem a se recuperar nos próximos anos, levando a uma reavaliação positiva dos papéis por parte do mercado, mesmo sabendo que isso pode demorar muito tempo.
No entanto, justificar que está comprando IRBR3 porque os papéis estão super baratos, como é o que costumamos ler por aí, não tem o menor sentido sob a ótica fundamentalista.
Desconto por desconfiança
Existe um outro problema que vai continuar pesando sobre os preços dos papéis.
A companhia pode ter reconquistado alguns investidores desde os enormes escândalos divulgados no início do ano passado.
Pode ter reconquistado a sua confiança, inclusive – sem julgamentos.
Mas é provável que a maior parte do mercado continuará machucada e querendo se manter distante de IRB por um bom tempo. E com razão.
Como diz uma das citações mais sábias que eu conheço: "A confiança é a coisa mais fácil no mundo de se perder, e a mais difícil de se reconquistar."
Muita gente perdeu muito dinheiro com IRBR3. Não apenas investidores profissionais, mas investidores comuns também.
Fundos que investiam na companhia na época que o escândalo foi revelado viram suas cotas caírem, os resgates aumentarem e, mais importante, suas reputações serem abaladas depois do episódio por não terem descoberto a falcatrua com antecedência.
A gestão atual vem trabalhando duro para curar essas cicatrizes, re-enquadrando o capital regulatório da companhia, cancelando contratos ruins e renovando apenas aqueles que tragam boa rentabilidade no futuro. Mas não espere que a confiança vai voltar com o anúncio da melhora de resultado em um único mês.
Até lá, o mercado vai continuar exigindo um desconto maior e eu não me surpreenderia em ver os papéis pressionados mesmo depois de alguns trimestres positivos.
Como encontrar os tesouros por conta própria
Eu sei que é muito tentador seguir aquela "dica esperta" de investimento.
Mas isso também pode te colocar em armadilhas perigosas, como é o caso de quem colocou uma grana preta em IRBR3 porque ouviu por aí que o papel estava barato quando negociava por R$ 10 e viu as ações caírem ainda mais desde então.
A melhor maneira de evitar esse tipo de cilada e encontrar verdadeiras oportunidades de valorização é você mesmo aprender a analisar os investimentos disponíveis.
No curso O Investidor Definitivo, o Felipe Miranda ensina a pessoas comuns que nem têm experiência no mercado financeiro a se tornarem investidores completos e encontrarem por conta própria os tesouros escondidos na bolsa.
Os primeiros vídeos já estão liberados e você pode assistir agora mesmo. Se quiser conferir, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a próxima!
Leia também:
- Quer ganhar dinheiro com o petróleo? Então NÃO invista nas ações da Petrobras
- Quem quer ser um milionário? Saiba de quanto você precisa para ser considerado rico
- A rentabilidade do vizinho é maior que a sua? Tome cuidado com os ganhos dos “traders perfeitos”
- Certeza é para idiotas. Como ganhar na bolsa mesmo sem saber para que lado a ação vai andar
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M.Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
Ibovespa desafia a gravidade e tem a melhor performance desde o início do Plano Real. O que esperar agora?
Em Wall Street, as bolsas de Nova York seguiram voando às cegas com relação à divulgação de indicadores econômicos por conta do maior shutdown da história dos EUA, enquanto os valuations esticados de empresas ligadas à IA seguiram como fonte de atenção
Dólar em R$ 5,30 é uma realidade que veio para ficar? Os 3 motivos para a moeda americana não subir tão cedo
A tendência de corte de juros nos EUA não é o único fato que ajuda o dólar a perder força com relação ao real; o UBS WM diz o que pode acontecer com o câmbio na reta final de 2025
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa e Minerva (BEEF3) fica na lanterna; confira o sobe e desce das ações
O principal índice da bolsa brasileira acumulou valorização de 3,02% nos últimos cinco pregões e encerrou a última sessão da semana no nível inédito dos 154 mil pontos
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da Cogna (COGN3) desabaram mesmo depois de um “trimestre limpo”?
As ações passaram boa parte do dia na lanterna do Ibovespa depois do balanço do terceiro trimestre, mas analistas consideraram o resultado como positivo
Fred Trajano ‘banca’ decisão que desacelerou vendas: “Magalu nunca foi de crescer dando prejuízo, não tem quem nos salve se der errado”
A companhia divulgou os resultados do segundo trimestre ontem (6), com queda nas vendas puxada pela desaceleração intencional das vendas no marketplace; entenda a estratégia do CEO do Magazine Luiza
Fome no atacado: Fundo TRXF11 compra sete imóveis do Atacadão (CAFR31) por R$ 297 milhões e mantém apetite por crescimento
Com patrimônio de R$ 3,2 bilhões, o fundo imobiliário TRXF11 saltou de 56 para 74 imóveis em apenas dois meses, e agora abocanhou mais sete
A série mais longa em 28 anos: Ibovespa tem a 12ª alta seguida e o 9° recorde; dólar cai a R$ 5,3489
O principal índice da bolsa brasileira atingiu pela primeira vez nesta quinta-feira (6) o nível dos 154 mil pontos. Em mais uma máxima histórica, alcançou 154.352,25 pontos durante a manhã.
A bolsa nas eleições: as ações que devem subir com Lula 4 ou com a centro-direita na Presidência — e a carteira que ganha em qualquer cenário
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual, fala sobre como se posicionar para as eleições de 2026 e indica uma carteira de ações capaz de trazer bons resultados em qualquer cenário
As ações para ‘evitar ser estúpido’ da gestora cujo fundo rende 8 vezes mais que o Ibovespa
Atmos Capital tem 40% da carteira de R$ 14 bilhões alocada em concessionárias de serviços públicos; veja as ações da gestora
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro