Entre renda e multiplicação de capital, você pode ficar com os dois — Veja como
Você se lembra da sua primeira conta poupança? A minha e a do meu irmão foram abertas por volta dos meus 11 anos, quando nossos pais nos levaram ao banco para depositar o dinheirinho acumulado de nossas três fontes de renda — as moedas de casa, o troco dos lanches da escola e as generosas doações de nosso avô e avós — em uma conta poupança.
Em pouco tempo, a chegada do extrato no fim do mês já havia se tornado gatilho de ansiedade. Ficava louco para saber o quanto seria depositado. Afinal, a poupança aparecia no extrato como uma renda recebida.
Acredito que eu não esteja sozinho nesse sentimento. Esse pinga-pinga na conta gera uma sensação de segurança, de premiação. Deixo a interpretação para os psicólogos de plantão.
Apesar da dose mensal de serotonina, compreendi cedo que não ficaria rico daquele jeito. A renda que eu obtinha com meu pequenino patrimônio não mudaria muito minha vida em 30 anos, eu precisava multiplicar meu capital e aumentar meus aportes (um pouco difícil com a idade).
A renda funciona muito bem para quem já tem um patrimônio e precisa da segurança e previsibilidade daquele pinga-pinga para sobreviver, não era o meu caso.
Renda variável
Mais desperto para a realidade, aventurei-me na renda variável, principalmente em ações e fundos de ações ao longo dos anos, até que, em 2015, entendi que também estava errado.
Leia Também
De Volta para o Futuro 2026: previsões, apostas e prováveis surpresas na economia, na bolsa e no dólar
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
Mesmo “ativos de renda” podem ser usados para multiplicação de capital e eu só não havia conhecido os veículos corretos.
Estou falando das NTN-Bs, conhecidas hoje como Tesouro IPCA+, que rendem uma taxa prefixada acima da inflação, com alguns desses títulos pagando rendimentos semestrais.
A princípio, pode parecer um investimento interessante apenas para quem gosta de renda, mas se você analisar o índice IMA-B da Anbima, que representa uma carteira teórica passiva de NTN-Bs, o resultado é um retorno de 1.000% nos últimos 18 anos (versus 602% do Ibovespa e 517% do CDI no mesmo período).
Achou pouco? Esse índice tem um irmão ainda mais arrojado, o IMA-B 5+, composto por uma carteira de títulos com vencimento maior do que cinco anos, portanto, com mais risco e um retorno também maior, de 1.232% no mesmo período.
Você e eu sabemos que retorno passado não é garantia de retorno futuro. Contudo, esse índice paga, atualmente, uma taxa de IPCA + 4,76% ao ano e pode ser acessado via fundos de índice ou ETFs, um bom retorno acima da inflação ao longo dos anos, apesar de não ter aquele pinga-pinga semestral.
Será que não existe um ativo capaz de conciliar esse alto retorno com diversificação e liquidez e que possa ser utilizado tanto para renda como para multiplicação de capital? Pouco exigente, né?
Quando se trata de fundos, o candidato que vem à mente são os fundos de debêntures incentivadas. Esses veículos compram debêntures de infraestrutura que remuneram a inflação (IPCA) acrescida de uma taxa — normalmente superior às das NTN-Bs — e, ainda por cima, isentas da cobrança de Imposto de Renda.
Contudo, esses fundos não pagam rendimentos, reinvestindo dentro do próprio fundo, tirando a característica de renda dessa classe.
Além disso, por conta do prazo de resgate curto desses fundos e da baixa liquidez das melhores debêntures, o acesso aos ativos com melhor risco-retorno fica limitado, reduzindo sua atratividade.
Fundos de debêntures
A resposta veio em 2018, quando surgiram os fundos de debêntures de infraestrutura listados. Esses fundos não captam dinheiro via corretora como os fundos tradicionais, mas via IPOs (primeira emissão de ações) e follow-ons (emissão subsequente de ações), assim como as ações. Como consequência, eles têm diversas vantagens:
- i) Prazos de resgates menores : em um fundo não listado, quando você vende sua cota, o gestor precisa vender o ativo para te pagar o resgate, e isso pode demorar, a depender do regulamento do fundo. Já nos fundos listados, você vende suas cotas para outro investidor, o gestor não precisa vender nada e você recebe o dinheiro no mesmo prazo da venda de uma ação (D+2 dias úteis);
- ii) Acesso aos melhores investimentos: como o gestor não precisa se preocupar com venda de ativos, ele pode entrar nas melhores ofertas de crédito, aquelas cujos ativos são mais ilíquidos e com taxas maiores;
- iii) Isenção de imposto : apesar de negociar em Bolsa, esse tipo de investimento ainda é considerado isento pelo governo. Portanto, qualquer rendimento recebido ou ganho de capital obtido da venda das cotas na Bolsa é completamente livre de impostos;
- iv) Rendimentos recorrentes : esses fundos pagam rendimentos com periodicidades normalmente semestrais ou mensais. Todos distribuem os juros pagos pelas debêntures e alguns também incluem a inflação ou o ganho de capital das debêntures da carteira.
Com todas essas vantagens, a indústria tem conseguido entregar retornos próximos a IPCA + 6% ao ano, podendo até superar essa marca a depender das circunstâncias de mercado.
Graças a isso, os fundos de debêntures listados servem para quem deseja a previsibilidade da renda e para aqueles que têm o objetivo de multiplicar capital.
- O primeiro grupo pode embolsar os juros reais e reinvestir qualquer ganho de capital ou inflação distribuída.
- O segundo pode reinvestir todos os rendimentos recebidos dando aquela mão amiga para que os juros compostos dessas altas taxas façam seu trabalho ao longo dos anos.
Independentemente da sua escolha, você precisa conhecer de forma mais profunda os gestores, seus fundos e estratégias, além de conseguir identificar quando comprar e vender esses ativos.
Para te ajudar nisso, nós aqui da série Os Melhores Fundos de Investimento, divulgaremos nossa análise mais recente do setor.
Entre multiplicação de capital e o satisfatório pinga-pinga, dessa vez em versão turbinada, eu fico com os dois.
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário