Dólar e juros disparam, e Ibovespa tem mais um dia de queda firme com cenário doméstico hostil e NY no vermelho
O Ibovespa até voltou a testar o campo positivo, mas o bom humor não perdurou. Para os analistas, enquanto os problemas em Brasília não se resolverem, essa deve ser a tônica dos negócios

Como um ávido andarilho vagando pelo deserto, o Ibovespa encontrou o seu oásis durante a tarde e engatou em uma alta de 0,70%, mas tudo não passou de uma miragem de alguns minutos.
O cenário na B3 continua hostil e nem mesmo as produtoras de commodities, que sustentaram o índice durante o primeiro semestre, vivem vida fácil.
Na China, o minério de ferro derreteu mais de 4%, repercutindo a movimentação do país asiático para minimizar os movimentos especulativos e a aparente desaceleração da sua economia — má notícia para pesos-pesados da bolsa como a Vale e as siderúrgicas, que pressionaram o Ibovespa para baixo ao longo de todo o dia. O petróleo também voltou a recuar, de olho na crise afegã no Oriente Médio e no aumento dos estoques nos Estados Unidos.
O cenário político-fiscal também não trouxe novidades, apenas decepção. Ontem, a Câmara dos Deputados decidiu adiar mais uma vez a votação da reforma do imposto de renda que, pelo andar da carruagem, pode acabar azedando de vez.
O que movimentou mesmo o dia foi a ata da última reunião do Federal Reserve, que sinalizou que a redução na compra de ativos, conhecida como tapering, é defendida por boa parte dos seus dirigentes para começar ainda em 2021. O documento, no entanto, salienta que esse movimento não necessariamente será acompanhado de uma elevação nos juros — o que tende a favorecer os mercados emergentes.
A falta de consenso entre os dirigentes do Fed, no entanto, pesou em Wall Street, que, por tabela, puxou o Ibovespa novamente para um intenso movimento de queda. Com alguma volatilidade extra gerada pelo vencimento de opções, que acontece amanhã, o principal índice da bolsa fechou o dia em um recuo de 1,01%, aos 116.642 pontos, o menor nível de fechamento desde abril.
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O oásis que surgiu nos negócios durante a tarde não enganou o câmbio. O dólar à vista se fortaleceu, e a curva de juros ganhou inclinação, principalmente na ponta mais longa. A moeda americana encerrou a sessão em alta de 1,99%, a R$ 5,3549. Confira as taxas de fechamento dos principais contratos de DI:
- Janeiro/22: de 6,69% para 6,78%
- Janeiro/23: de 8,43% para 8,65%
- Janeiro/25: de 9,64% para 9,79%
- Janeiro/27: de 10,09% para 10,44%
Já o noticiário corporativo segue tendo dias mais fracos após a intensa temporada de balanços que se encerrou nesta semana:
- Confira os detalhes da oferta que marcou a venda da Brasil Carbonos pela BR Distribuidora;
- A Azul e a Emirates anunciaram um acordo para compartilhar voos.
Ibovespa | -1,01% | 116.642 pontos |
Dólar à vista | -1,99% | R$ 5,35 |
Bitcoin | 0,99% | R$ 241.649 |
S&P 500 | -1,07% | 4.400 pontos |
Nasdaq | -0,89% | 14.525 pontos |
Dow Jones | -1,08% | 34.960 pontos |
O fim do superciclo?
Com a atividade econômica chinesa mostrando sinais de desaceleração, e o governo do país atuando para minimizar movimentos especulativos, o minério de ferro atingiu o seu menor nível desde fevereiro ao recuar 4,58%, a US$ 153,39 a tonelada. Má notícia para empresas como a Vale (VALE3) e as siderúrgicas, que correspondem a uma parcela significativa da carteira teórica do principal índice da B3 e que viviam um bom momento de valorização com o minério acima da casa dos US$ 200.
Em Wall Street, a elevação no número de casos da covid-19 nos Estados Unidos, principalmente entre os não vacinados, preocupa e traz incertezas sobre o impacto na economia e já leva o país a reforçar a vacinação daqueles que já completaram o ciclo de imunização.
Durante a tarde, as bolsas até ensaiaram uma recuperação, mas a falta de consenso entre os dirigentes do Federal Reserve e o temor de uma retirada de estímulos já em 2021 gerou estresse.
A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve foi divulgada nesta tarde. O documento mostrou que alguns membros do Fomc já discutem o início da redução dos estímulos neste ano e que a conversa está avançada, mas os dirigentes reforçaram que isso não significa uma elevação dos juros, já que a economia ainda segue fragilizada em diversos setores.
Para Marcio Lórega, gerente de research do Pagbank, isso representa uma boa notícia para os países emergentes, já que a elevação dos juros nos Estados Unidos tende a retirar recursos desses países. Veja como fecharam os principais índices em Nova York:
- Dow Jones: -1,08% - 34.960 pontos
- S&P 500: -1,07% - 4.400 pontos
- Nasdaq: -0,89% - 14.585 pontos.
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Sem acordo
Ontem, a reforma do imposto de renda, que estava na pauta do dia, foi mais uma vez adiada para a próxima semana. Ainda existem fortes divergências entre os deputados e grande oposição de parte do setor privado.
Com isso, o relator da pauta, Celso Sabino, deve mais uma vez alterar o texto de forma a evitar um aumento do déficit fiscal e conciliar os interesses.
A tensão entre os Poderes também é outro ponto delicado em Brasília. Nesta manhã, os senadores Fabiano Contarato e Alessandro Vieira protocolaram uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Augusto Aras, procurador-geral da República, por omissão das responsabilidades do presidente Jair Bolsonaro na crise sanitária e nos escândalos de corrupção envolvendo a compra de vacinas.
Sobe e desce do Ibovespa
Com a aversão ao risco reinando na bolsa, hoje foi dia de uma caça às barganhas, com diversos investidores procurando oportunidades naqueles papéis que sofreram um bocado nos últimos dias.
Ainda repercutindo os resultados do começo da semana, o destaque do dia ficou com a Cogna. No caso da Braskem, a informação repercutida pelo mercado foi a nova parceria com a Nexeo Plastics, o que deve ampliar a presença da petroquímica na América do Norte e na Europa no mercado de polipropileno (PP) e pellets.
É bom lembrar também que a companhia está constantemente envolvida nos rumores da venda da participação da Petrobras e da antiga Odebrecht na companhia. Já a PetroRio foi na contramão da queda do petróleo e subiu. A principal commodity energética do mundo vive dias tensos após a tomada do poder no Afeganistão pelo Taleban, grupo extremista islâmico.
As ações da Embraer, que vivem um bom ano, também estiveram entre as preferidas dos investidores hoje, principalmente após os bons números apresentados na temporada de balanços do segundo trimestre e o constante crescimento de sua subsidiária de mobilidade urbana.
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
COGN3 | Cogna ON | R$ 3,24 | 4,52% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 54,71 | 4,21% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 18,83 | 3,69% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 17,28 | 3,16% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 17,70 | 3,09% |
Além da queda do minério de ferro, outro fator que pressiona as empresas de siderurgia e mineração é o alerta feito pela mineradora BHP, que apontou para o risco de novos cortes severos na produção de aço na China. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 15,30 | -4,97% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 18,09 | -4,84% |
VALE3 | Vale ON | R$ 102,35 | -4,35% |
BRAP4 | Bradespar PN | R$ 66,71 | -4,19% |
KLBN11 | Klabin units | R$ 24,16 | -4,09% |
*Colaboraram Rafael Passos, da Ajax Capital e Márcio Lórega, do Pagbank
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