China, Afeganistão e Brasília fecham o tempo e Ibovespa quase perde os 119 mil pontos; dólar vai a R$ 5,28 e juros voltam a subir
Economia chinesa desacelerando, novos conflitos no Oriente Médio e o clima tenso em Brasília deram o tom dos negócios nesta segunda-feira (16) e levaram o Ibovespa a mais um dia de queda
A recuperação em V da economia povoa o imaginário do mercado financeiro desde os primeiros momentos da crise gerada pelo coronavírus, mas ela se mostra uma meta cada vez mais difícil de ser alcançada.
A China, primeiro foco da covid-19, foi a responsável por alimentar essa esperança. Enquanto o gigante asiático retomava as suas atividades, o resto do mundo fechava suas fronteiras. O que ninguém esperava é que a pandemia não seria superada tão facilmente.
Com uma política de “covid zero”, o governo chinês tenta impedir a todo custo que novas ondas da doença não atinjam níveis preocupantes. Mas isso tem um custo. Ao invés de uma recuperação em V, temos um avanço desigual dos indicadores, o que dificulta a previsão de crescimento para a economia global — e a incerteza sobre o potencial da variante delta ainda paira no ar.
Brasília deve ter uma semana pesada pela frente, então parte da cautela que atingiu o Ibovespa hoje é local. A reforma do imposto de renda deve entrar na pauta para votação amanhã, com a apresentação de uma nova versão do texto, que deve passar por ajustes do relator Celso Sabin, e a discussão em torno da PEC dos Precatórios.
Também não dá para deixar de fora as novas ameaças do presidente Jair Bolsonaro aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Mas a origem do mau humor global foram os dados do varejo chinês, que cresceram 8,5% em julho, abaixo dos 11,4% esperados.
Com isso, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) segue injetando recursos na economia, mostrando que a recuperação total ainda está longe de ser atendida. Com uma desaceleração na China, as empresas ligadas ao setor de commodities são impactadas pela perspectiva de queda na demanda. Um dos efeitos já pode ser sentido na queda do preço do vergalhão de aço, que atingiu a mínima em 10 anos.
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A volta do Talibã ao controle do Afeganistão trouxe instabilidade ao Oriente Médio e o barril do petróleo também patinou. Depois de passar o dia no vermelho, as bolsas em Wall Street buscaram recuperação e fecharam o dia com sinais mistos, mas o Ibovespa mais uma vez foi na direção contrária.
A leve melhora em Nova York afastou o principal índice da bolsa das mínimas, mas ainda assim o Ibovespa fechou abaixo dos 120 mil pontos, com grande influência das empresas do setor de commodities. O recuo foi de 1,66%, a 119.180 pontos. A cautela também refletiu no câmbio e no mercado de juros, principalmente na última hora de negociações.
O dólar à vista, que passou o dia instável, encerrou a sessão com um avanço de 0,68%, a R$ 5,2807. Já os principais contratos de DI chegaram a abrir o dia em queda, mas a cautela não deu espaço para a realização de lucros.
O boletim Focus mostrou uma piora nas expectativas para a inflação em 2021, elevando a estimativa acima do patamar de 7% e a Selic para 7,50% e as taxas mais longas responderam com um avanço maior. Confira as taxas de fechamento do dia:
- Janeiro/22: de 6,62% para 6,64%
- Janeiro/23: de 8,36% para 8,38%
- Janeiro/25: de 9,41% para 9,53%
- Janeiro/27: de 9,79% para 9,95%
Tirando o pé do acelerador
Para a Ajax Capital, os números mais fracos da indústria e do comércio são reflexo dos problemas na cadeia de insumos e o ressurgimento de novos casos da covid-19, o que leva a novas medidas restritivas - e elas não ocorrem só na China.
Nos Estados Unidos, a situação do coronavírus também começa a acender um sinal amarelo. Segundo dados do Covid Tracking, a média dos últimos sete dias mostra 121 mil novos casos — maior nível desde 5 de fevereiro —, crescimento do número de hospitalizações para 78 mil — maior patamar desde 17 de janeiro —, e 537 mortes, nível mais alto desde 22 de maio.
Além de dados piores do que o esperado da economia chinesa, a movimentação do Talibã, que tomou o controle do governo do Afeganistão, também pressionou o mercado durante boa parte do dia. A tomada de poder pelo grupo extremista aumenta a tensão no Oriente Médio e traz dúvidas sobre o impacto na produção da commodity
Nos Estados Unidos, o evento da semana deve ficar por conta da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, que será divulgada na quarta-feira (18), mas amanhã os olhos se voltam para o pronunciamento do presidente do Fed, Jerome Powell. Ainda que a decisão não tenha trazido nenhuma surpresa, os investidores seguem em busca de sinalizações sobre o futuro da retirada de estímulos.
Depois de uma semana embalada por recordes, Wall Street flertou com um fechamento no vermelho, mas as ações do setor de saúde e serviços garantiram parte da virada.
Um pouco mais de tempero
A agenda política cheia e os problemas que se arrastam há algumas semanas já eram razões de sobra para a tensão doméstica, mas o clima voltou a esquentar em Brasília durante o fim de semana.
O presidente Jair Bolsonaro disse que irá pedir ao Senado o afastamento de dois ministros da Suprema Corte. Para os analistas políticos, o pedido dificilmente será aceito.
Sobe e desce do Ibovespa
Depois do tombo da semana passada, quando o mercado reagiu de forma brusca aos resultados do segundo trimestre, as ações da Qualicorp tiveram um dia de recuperação. Confira:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 19,69 | 3,85% |
| CPFE3 | CPFL Energia ON | R$ 26,96 | 2,04% |
| SUZB3 | Suzano ON | R$ 57,71 | 1,58% |
| BRAP4 | Bradespar PN | R$ 71,07 | 1,38% |
| SBSP3 | Sabesp ON | R$ 33,98 | 1,16% |
Após números fracos no segundo trimestre, pressionados pela covid-19, as ações da CVC lideraram as quedas do dia. Com perspectivas piores de crescimento para a economia, o setor de e-commerce e varejistas recuam. Confira também as maiores quedas:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| CVCB3 | CVC ON | R$ 17,22 | -8,45% |
| EMBR3 | Embraer ON | R$ 19,48 | -6,30% |
| VIIA3 | Via Varejo ON | R$ 10,61 | -6,11% |
| LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 5,62 | -5,86% |
| COGN3 | Cogna ON | R$ 3,14 | -5,42% |
Resumo do dia
- A Méliuz registrou uma forte queda após o seu balanço do segundo trimestre;
- Será o fim do rali das commodities metálicas? O Itaú BBA cortou a recomendação para as ações de Usiminas e CSN;
- A Ultrapar anunciou a venda da sua subsidiária Oxiteno e os analistas já comentaram a operação;
- A NotreDame Intermédica anunciou um investimento minoritário na startup NeuralMed;
- Ações da Alliar disparam quase 20% com oferta de R$ 1,360 bilhão lançada pela Rede D’Or;
- A Ânima Educação mostrou melhora nos seus resultados financeiros e operacionais no segundo trimestre;
- E confira aqui um resumo dos balanços que movimentaram o mercado hoje.
| Ibovespa | -1,66% | 119.180 pontos |
| Dólar à vista | 0,68% | R$ 5,2807 |
| Bitcoin | -1,94% | R$ 244.882 |
| S&P 500 | 0,25% | 4.479 pontos |
| Nasdaq | -0,20% | 14.793 pontos |
| Dow Jones | 0,31% | 35.625 pontos |
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