Esquenta dos mercados: último pregão da semana deve repetir cautela com cenário local; exterior mantém alta de casos da covid e pacote de Biden no radar
Lá fora, a Austrália inicia um lockdown, o que deve influenciar outros países que também veem o número de casos crescerem

O Ibovespa caminha para fechar uma semana de grandes perdas, com a deterioração do cenário doméstico, fiscal e político. Na última quinta-feira (18), a bolsa brasileira acumulou o quarto pregão de perdas, e fechou o dia em 102.426 pontos, um recuo de 0,51%. Por sua vez, o dólar avançou 0,83%, cotado a R$ 5,5699.
O principal índice da B3 acumula uma queda de quase 14% no ano e, só no último mês, o recuo foi de 10% — dos 22 pregões que tivemos no período, apenas oito tiveram desempenho positivo.
A fórmula para o caos nacional segue a mesma. O exterior amanhece sem direção definida, vive seus próprios momentos e digere o cenário de possíveis novos lockdowns.
Por aqui, sem a perspectiva de melhora da situação fiscal no curto prazo, o Ibovespa pode amargar mais um dia de perdas.
Confira o que movimenta a bolsa nesta sexta-feira (19):
Fatiamento vira solução para precatórios
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou na noite da última quinta-feira (18) que não descarta um fatiamento da PEC dos precatórios para incorporar sugestões de senadores. Na teoria, a medida pode aumentar a o apoio da Casa à proposta que parcela as dívidas que o governo tem com o judiciário.
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De acordo com interlocutores do Senado, a primeira parte do projeto já abriria caminho para o Auxílio Emergencial de R$ 400 ainda em dezembro. Dessa forma, esse pedaço da proposta seguiria para Câmara e seria aprovado com maior facilidade.
Suaves prestações
Ainda de olho no Congresso, o deputado André Fufuca (PP-MA) deve propor à Câmara um alongamento no prazo para o programa de parcelamento de dívidas tributárias para empresas, o chamado Refis. O pagamento desses débitos deve ocorrer de 12 a 15 anos e a regra deve “democratizar” o acesso para as empresas. As informações foram dadas em primeira mão pelo Estadão.
O projeto visa auxiliar empresas que tiveram queda no faturamento entre março e dezembro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Em outras palavras, quanto maior a queda do faturamento neste período, melhores seriam as condições do Refis.
Leilões e Roberto Campos Neto no radar
Sem maiores indicadores para o dia, os investidores devem focar no maior leilão de portos em 20 anos, localizados em Santos (SP) e Imbituba (SC). Além disso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fará uma palestra no evento Meeting News, realizado pelo Grupo Parlatório, em São Paulo.
Gastos do lado de lá
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve aprovar um novo pacote de ajuda no valor de US$ 2 trilhões, focado no setor de educação, saúde e mudanças climáticas. Os democratas devem usar a maioria na Câmara dos Representantes dos EUA para aprovar a peça após meses de negociação.
Os recentes gastos do governo vem na esteira do pacote BBB (Build Back Better, “construir de novo e melhor”, em tradução livre) do presidente americano, que inclui recursos para assistência da covid-19, serviços sociais, assistência social e infraestrutura.
O momento, entretanto, requer cautela dos investidores internacionais. As ameaças de um shutdown, quando o governo não tem recursos para manter a máquina pública, voltaram ao radar.
Lockdown
Mais cedo, a Áustria anunciou um lockdown em todo país e exigiu a vacinação obrigatória de toda a população de quase 9 milhões de habitantes. A medida ocorre após o país já ter feito um confinamento da população não vacinada, medida que chamou a atenção de outros países.
A Europa não consegue romper a barreira de pouco mais de 65% da população vacinada, na média dos países, o que significa que outras nações do Velho Continente devem adotar medidas semelhantes ou iguais em virtude do recente aumento de casos na região.
Próximo presidente do Fed?
Os investidores internacionais permanecem atentos à decisão do presidente americano, Joe Biden, sobre quem será o próximo presidente do Federal Reserve. Na lista estão os nomes de Jerome Powell, atual mandante do Banco Central americano, e Lael Brainard, diretora do Fed, que é vista com bons olhos pelo partido democrata.
Apesar da maioria no parlamento americano, os democratas precisam costurar um acordo com os republicanos para ampliar o teto da dívida dos EUA. O último acordo para extensão dos gastos deve expirar em 15 de dezembro deste ano, o que deve pressionar o governo até então.
Bolsas pelo mundo
Por mais um pregão seguido, os principais índices asiáticos encerraram a sessão sem direção definida. Enquanto o Japão prepara um pacote de estímulos à economia, a China reflete o bom desempenho das incorporadoras, que sentiram a decisão de Pequim de relaxar as condições de crédito.
Na Europa, as bolsas abriram em alta, mas não sustentaram e passaram a cair com a cautela envolvendo o avanço da covid-19 na região. A Áustria anunciou medidas de lockdown e a Alemanha não descarta tomar medida igual.
Nos futuros de Nova York, o clima também é de cautela, mesmo com a queda nos juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano.
Agenda do dia
- FGV: Monitor do PIB em setembro (8h)
- Leilões: Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários promovem, na B3, dois leilões para arrendamento de áreas portuárias localizadas em Santos (SP) e Imbituba (SC) (11h)
- Banco Central: Presidente do BC, Roberto Campos Neto, profere palestra no evento Meeting News, realizado pelo Grupo Parlatório, em São Paulo (12h)
- Europa: Presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de evento da Recepção Europa (15h)
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