No mundo dos IPOs, o fracasso da Environmental ESG acende uma luz de alerta — e aumenta o nervosismo do mercado
A abertura de capital da Enviornmental ESG, da Ambipar, era tida como certa — e seu cancelamento mostra que os IPOs estão sob pressão
Os últimos anos foram marcados por um volume intenso de IPOs no Brasil: 70 empresas estrearam na bolsa desde o começo de 2020; é quase uma abertura de capital a cada 10 dias. No entanto, se é verdade que o número de estreantes na B3 aumentou, também é verdade que o total de companhias que ficaram pelo caminho tem crescido rapidamente — e o insucesso da Environmental ESG mostra que o caminho está cada vez mais difícil.
Afinal, estamos falando de uma companhia que, aparentemente, conseguiria emplacar seu IPO sem dificuldades. A ESG é subsidiária da Ambipar (AMBP3) — que, por sua vez, fez uma das aberturas de capital de maior sucesso de 2020 e viu suas ações mais que dobrarem de valor de lá para cá. O respaldo passado pela controladora, somado à tese de investimento numa empresa de soluções ambientais, pareciam suficientes para garantir a abertura de capital.
Pois apenas pareciam: na noite passada, para a surpresa de grande parte do mercado, a Environmental ESG suspendeu sua oferta inicial de ações, citando a "deterioração das condições do mercado" — os papéis estavam em fase de precificação e, teoricamente, estreariam na B3 no próximo dia 11.
Com isso, a subsidiária da Ambipar engrossa uma lista nada glamourosa: a de empresas que cancelaram, interromperam ou suspenderam seus processos de IPO. Segundo a CVM, 55 companhias desistiram dos planos apenas nesse ano; o número é maior que as 44 de aberturas de capital em 2021.
Isso não quer dizer que a empresa não irá mais para a bolsa: é possível que a ESG opte pelo caminho da oferta restrita de ações, uma modalidade em que apenas investidores profissionais — aqueles com mais de R$ 10 milhões em aplicações financeiras — participam do processo.
Ainda assim, o insucesso da subsidiária da Ambipar acendeu uma luz de alerta: mesmo os cases que, à primeira vista, parecem sólidos, estão esbarrando nas condições adversas do mercado.
Leia Também
IPOs: sucessos e fracassos
A lista de desistências da CVM leva em conta as empresas que não tiveram sucesso com os processos de abertura de capital via Instrução 400, que é a norma que regulariza os IPOs destinados ao investidor amplo. Ao fracassar nessa via, algumas companhias optam pela Instrução 476, que é justamente a oferta restrita de ações citada acima.
Dito isso, das 55 empresas que falharam no IPO comum, sete conseguiram emplacar ofertas restritas e estrearam na bolsa: Agrogalaxy (AGXY3), Vittia Fertilizantes (VITT3), Infracommerce (IFCM3), Dotz (DOTZ3), 3Tentos (TTEN3), Livetech/WDC Networks (LVTC3) e Kora Saúde (KRSA3). Portanto, restam 48 companhias.
Dessas, há ainda três casos que não deram sequência ao IPO, mas que valem uma citação à parte:
- Grupo BIG Brasil: comprado pelo Carrefour Brasil (CRFB3) em março, por R$ 7,5 bilhões;
- Uni.co: comprado pela Americanas (AMER3) em abril, sem valor revelado;
- Hortifruti Natural da Terra: comprado pela Americanas (AMER3) em agosto, por R$ 2,1 bilhões.
Assim, chegamos ao número de 45 empresas cujos pedidos de IPO não deram certo. A lista, no entanto, pode aumentar: outras 30 companhias estão com os processos de abertura de capital em análise na CVM — incluindo a ESG e a Bluefit, que recentemente também suspendeu sua oferta de ações via Instrução 400.
Novamente, vale ressaltar que as empresas que optaram por cancelar ou interromper seus processos de IPO via Instrução 400 podem, eventualmente, chegar à bolsa — seja via oferta restrita ou através de um novo processo de oferta ampla. Mas a extensão dessa lista e os nomes que fazem parte dela, com pesos pesado como as varejistas Kalunga e Tok&Stok, passa a sensação de que o mercado não está tão receptivo quanto se imagina.
| IPOs cancelados | ||||
| Canopus Holding | BBM Logística | EMCCamp | Farmácia Nissei | Granbio Investimentos |
| Açu Petróleo | Nortis | Oceana Offshore | EZ Inc | Grupo MPR |
| Estok Comércio (Tok&Stok) | Paschoalotto | Kallas | Yuny | CFL |
| Urba | W2W (Wine) | Kalunga | Agrogalaxy* | Grupo Fatura |
| Uni.Co** | Oleoplan | CTC | Vittia Fertilizantes* | Casa & Vídeo |
| Privalia Brasil | Tegra | Infracommerce* | BIG Brasil** | Método Engenharia |
| CM Hospitalar | Dotz* | Librelato | Grupo Avenida | Rio Alto |
| Grupo Cortel | Guararapes Painéis | 3Tentos* | Ubook | Iguá Saneamento |
| Nadir Figueiredo | LG Informática | Entalpia Participações | Hospital Care Caledônia | Laboratório Teuto Brasileiro |
| Livetech* | Kora Saúde* | Bionexo | CDF Assistência Digital | Rio Energy |
| Athena Saúde | Natural da Terra** | Nova Harmonia | São Salvador Alimentos | Rio Branco Alimentos |
Environmental ESG e a janela que se fecha
No mercado, a percepção é a de que a recente turbulência vista na bolsa tem dificultado a vida de quem planeja fazer um IPO: a alta de juros, as instabilidades político-econômicas e as projeções menores de crescimento para 2022 fazem com que os potenciais investidores fiquem cada vez mais hesitantes em colocar dinheiro numa abertura de capital.
"Lá atrás, o mercado aproveitou o excesso de liquidez para engatilhar todas as ofertas que estavam estacionadas. Mas, hoje, o cenário é diferente", diz um gestor de uma asset paulista que pediu para não ser identificado. "Os players locais, os fundos locais, todos estão com o pé no breque".
O panorama macroeconômico, de fato, não é dos mais favoráveis: a inflação bastante elevada no país força uma perspectiva de juros cada vez mais altos — o que, por sua vez, provoca um salto no custo de capital e puxa para baixo a precificação das novas ações, afetando o valor de mercado das potenciais novatas.
A própria queda generalizada da bolsa nos últimos meses acaba afetando os IPOs de maneira indireta. Fundos multimercado, por exemplo, acabam diminuindo a exposição às ações e partindo para a renda fixa, de modo a evitar perdas e aproveitar os rendimentos maiores dos títulos ligados aos juros. O Ibovespa, vale lembrar, acumula baixa de 5% desde o começo do ano.
"Há ainda um outro ponto: hoje, a gente não tem capacidade de análise para dar conta de toda essa safra de IPOs", diz o gestor, ponderando que, atualmente, há cerca de 50 empresas fazendo sondagens no mercado para uma possível abertura de capital. "Isso quer dizer que estamos negativos para os IPOs que estão vindo? Não. Mas, hoje, as casas estão muito mais seletivas".
IPOs: quem sobe e quem cai?
Das 44 empresas que abriram o capital em 2021, apenas 16 apresentam desempenho positivo — ou 36% do total. Dessas, apenas oito têm retornos superiores a 20% desde o IPO. O destaque é o Grupo Vamos (VAMO3), cujas ações sobem mais de 130% e já passaram por um desdobramento.
É possível que essa lista aumente nos próximos dias: se nada der errado, a Comerc Energia deve precificar hoje sua oferta de ações — e caso ela seja bem sucedida nesse processo, seus papéis devem estrear na B3 no próximo dia 13.

FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovic, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
