Queda expressiva do petróleo deixa Copom em segundo plano e Ibovespa recua 1%; dólar também cai
Nas últimas horas, a commodity aprofundou o movimento de queda, arrastando junto as bolsas internacionais

A decisão do Comitê de Política Monetária de elevar a Selic a 2,75%, acima do esperado pelo mercado, deve ser repercutida pelo mercado nesta quinta-feira (18). No entanto, o cenário externo mais cauteloso pesa sobre os negócios por aqui.
A animação dos investidores internacionais com o discurso de Jerome Powell ontem, que afirmou que a inflação americana segue sob controle e que os juros devem se manter baixos até pelo menos 2023, fica um pouco de lado hoje.
A melhora das projeções para a economia americana na realidade aumentam o temor de uma pressão inflacionária, o que leva o título dos Treasuries a renovarem máximas hoje. Além disso, o país teve um aumento nos pedidos de auxílio desemprego acima do esperado, o que deixa as bolsas americanas sem uma direção definida.
Nas últimas horas, um novo gatilho piorou o humor dos investidores: o petróleo recuou mais de 7% no mercado internacional, pesando sobre as ações de petroleiras no Brasil e no exterior.
Esse pano de fundo levou o Ibovespa a aprofundar a queda. O principal índice da bolsa brasileira chegou a operar por alguns minutos no positivo no começo da tarde, mas segue no vermelho. Por volta das 16h o recuo era de 1,28%, aos 115.078 pontos. Refletindo com mais força a decisão do Copom, o dólar à vista recua 0,54%, a R$ 5,5559.
Em reação à decisão e ao comunicado divulgado ontem, que já sinalizou que a Selic deve subir mais 75 pontos-base na próxima reunião, o mercado de juros futuros passa por um ajuste de alta, com mais força na ponta mais curta dos vencimentos. Na ponta mais longa, a influência dos Treasuries pesa. Confira as taxas de hoje:
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- Janeiro/2022: de 4,25% para 4,60%
- Janeiro/2023: de 5,95% para 6,25%
- Janeiro/2025: de 7,35% para 7,52%
- Janeiro/2027: de 7,87% para 8,00%
Não convenceu?
Na tarde de ontem (17), os mercados reagiram com um princípio de euforia ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O chefe do Federal Reserve endereçou as preocupações do mercado com relação à disparada da inflação ao afirmar que o nível atual de pressão não preocupa e que a entidade deve manter o nível atual de juros até pelo menos 2023.
Ao mesmo tempo, o Fed revisou para cima suas projeções para a economia americana. A estimativa para o PIB passou de 4,2% em 2021 para 6%. Ontem essa notícia animou os mercados, mas hoje a preocupação de que esse movimento de recuperação venha acompanhado de uma alta da inflação voltou a fazer a cabeça dos investidores.
E, por mais um dia, o maior reflexo disso é visto no retorno de rendimento dos títulos públicos americanos, os Treasuries. Os títulos com vencimentos mais longos seguem em alta, pressionando as bolsas globais.
Ladeira abaixo
O comportamento do petróleo no mercado internacional passou a derrubar as bolsas globais nas últimas horas.
O petróleo WTI para maio fechou em queda de 7,07%, a US$ 60,06 o barril, refletindo a preocupação com o avanço dos casos do coronavírus pelo mundo e o avanço do dólar perante as moedas mais fortes. O movimento faz com que as ações das petroleiras recuem em bloco.
Com essa reação, o Dow Jones, único índice americano que operava no azul, também passou a recuar e o índice de volatilidade VIX, espécie de termômetro do medo do mercado, passou a disparar 10%.
Indo além
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa Selic em 75 pontos-base pegou o mercado de surpresa. Uma alta já era esperada, mas a maioria dos economistas e agentes financeiros esperava uma alta mais modesta, de 50 pontos-base.
No comunicado, o Banco Central abordou a preocupação com a pressão inflacionária (vista como um fator temporário) e também com o risco fiscal, herdado das iniciativas para conter os efeitos econômicos da pandemia e da demora em se aprovar as reformas estruturantes no Congresso.
O BC também surpreendeu ao afirmar que a atividade econômica está melhor do que o projetado pelo mercado, ainda que o crescimento no número de casos da covid-19 vá ter o seu efeito, o que mostra um cenário que não apoia mais o uso de instrumentos "extraordinários" de política monetária.
Descontrole
A pandemia do coronavírus, que sobrecarrega o sistema de saúde por todo o país, vai ganhando contornos cada vez mais preocupantes. O Brasil tem renovado diariamente o recorde de casos e novos óbitos. Só nas últimas 24 horas o país superou a casa dos três mil mortos, registrando uma média móvel superior a dois mil óbitos diários pela primeira vez durante toda a pandemia.
Por isso, o olhar dos investidores também se voltam para Brasília. No Congresso, o mercado aguarda a liberação da nova rodada do auxílio emergencial. Já no Ministério da Saúde, os agentes financeiros buscam pistas sobre uma mudança de tom do governo Bolsonaro com relação ao caos que tomou conta do país.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, utilizou o Twitter nesta quinta-feira (18) para cobrar uma nova abordagem do governo no combate à pandemia.
Há pouco, o prefeito da cidade de São Paulo anunciou que irá antecipar feriados durante a Semana Santa para tentar achatar a curva de contágio na capital. Além disso, Bruno Covas também anunciou novos horários para o rodízio de veículos em uma tentativa de conter a movimentação e incentivar o isolamento social.
Sobe e desce
A decisão do Copom mexe com alguns setores específicos do Ibovespa. Na ponta positiva, temos uma reação das empresas do setor financeiro após a elevação da taxa de juros. Confira as principais altas desta quinta-feira (18):
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
B3SA3 | B3 ON | R$ 55,18 | 4,21% |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 41,28 | 3,77% |
SULA11 | SulAmérica units | R$ 37,07 | 3,46% |
IRBR3 | IRB ON | R$ 6,36 | 3,25% |
BBDC3 | Bradesco ON | R$ 23,40 | 2,95% |
No começo do dia, os papéis da Yduqs e da Gol lideram as quedas do índice, após as companhias divulgarem os seus resultados do quarto trimestre de 2020. Ao longo da manhã, no entanto, o foco negativo se voltou para as empresas dos setores de consumo e imobiliário, que devem ser mais impactadas pela alta da Selic. A piora do petróleo no mercado internacional também afeta fortemente os papéis da PetroRio.
Confira também os destaques negativos:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 92,52 | -4,12% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 22,15 | -4,11% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 21,77 | -3,89% |
BTOW3 | B2W ON | R$ 62,13 | -3,75% |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 6,95 | -3,47% |
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