Os primeiros testes envolvendo a moeda digital chinesa, o yuan digital, chegaram a movimentar US$ 5,3 bilhões desde o final de 2019. De acordo com o governo chinês, o país tem mais de 20,8 milhões de carteiras digitais, as wallets de criptomoedas que realizaram mais de 70,7 milhões de transações.
Ainda não foram divulgados todos os dados da pesquisa, mas as autoridades do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) afirmaram que continuarão a testar o novo sistema. O resultado consolidado dessas informações ainda não tem data oficial.
Até agora, o BC chinês concluiu a fase inicial de pesquisa e desenvolvimento do design e da função da moeda digital, de acordo com o relatório. Daqui para frente, o PBoC deve “expandir ainda mais o escopo dos testes e os cenários que eles cobrem”, disse.
Ameaça ao bitcoin?
Quando o governo chinês começou a fechar o cerco em torno dos mineradores de bitcoin, alguns especialistas chegaram a cogitar que a China estaria tentando abrir espaço para o yuan digital. Dessa forma, a Moeda Digital de Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) do país não teria concorrência forte direta.
Para Fábio Alves Moura, da AMX, especialista em blockchain com foco em negócios e leis, ao proibir pagamentos institucionais em bitcoins, as empresas e os bancos devem migrar para uma maior utilização do yuan digital.
Isso seria uma forma de viabilizar essa criptomoeda estatal como uma "moeda internacional", disse ele à época do início das proibições.
Apesar disso, as autoridades monetárias da China já afirmaram que o yuan digital deve ser voltado majoritariamente para o uso doméstico e não como moeda usada em transações internacionais. Para os especialistas dos EUA, entretanto, a CBDC chinesa segue como motivo de preocupação.
Volume de negociação
Para efeitos de comparação, o bitcoin (BTC) tem um volume de negociação em 24h até quatro vezes maior do que o yuan digital, cerca de US$ 24 bilhões. Apesar de o valor de mercado da principal criptomoeda do mundo ter caído para pouco mais de US$ 600 bilhões, o BTC já chegou a acumular mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado.
Apesar disso, o yuan digital tem a seu favor a solidez da economia chinesa e um Banco Central por trás. Diversas instituições financeiras pelo mundo têm buscado desenvolver as CBDCs, inclusive o Brasil, mas a China segue como o país mais avançado nos testes.