🔴 FERRAMENTA LIBERADA: GANHOS MÉDIOS DE R$ 538 POR DIA – VEJA COMO ACESSAR

Estadão Conteúdo
entrevista

‘Investidor externo tem dúvidas sobre avanço das reformas’, diz Beker, do Bank of America

Chefe de Economia e Estratégia para o País do banco contou que o sentimento deve-se à percepção de que o País está combinando três crises ao mesmo tempo: de saúde, com o coronavírus, política e fiscal

Bank of America
Imagem: Shutterstock

O investidor estrangeiro está pessimista com o Brasil, afirmou o chefe de Economia e Estratégia para o País do Bank of America (BofA), David Beker. Após cerca de 40 reuniões com investidores institucionais da Europa e dos Estados Unidos nas últimas duas semanas, Beker contou ao Estadão/Broadcast que o sentimento deve-se à percepção de que o País está combinando três crises ao mesmo tempo: de saúde, com o coronavírus, política e fiscal.

Beker diz que, com uma sinalização mais firme sobre o compromisso com o cenário de ajuste fiscal, é possível o retorno de fluxo de capital externo de curto prazo para ativos brasileiros. Sobre o fluxo de crescimento de capital de prazo mais longo, o mais importante para o País, Beker traça cenário de que "algum" retorno pode ocorrer na passagem do terceiro para o quarto trimestre, quando a atividade econômica deve começar a se recuperar.

O estrategista lembra, contudo, que o interesse pelo Brasil já estava baixo antes da pandemia de coronavírus, com desconfiança sobre a aceleração do crescimento, e que, agora, o desconforto aumentou. "Se estava difícil antes, agora nossos fundamentos estão piores."

Recentemente, o BofA cortou novamente a projeção de Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, passando a prever queda de 7,7%, ante previsão anterior de contração de 3,5%. Para 2021, a expectativa foi mantida em alta de 3,5%. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Qual é a percepção que os investidores estrangeiros têm do Brasil em meio à essa crise?

Nas últimas duas semanas, fiz reuniões virtuais com investidores institucionais. Foram em torno de 40 reuniões, com, principalmente, investidores de renda fixa, metade da Europa e metade dos Estados Unidos. De forma geral, eu diria que o sentimento é negativo, principalmente pela percepção de que estamos combinando três crises: de saúde, por conta do vírus, uma crise política e uma fiscal. Ninguém discorda da necessidade de resposta de políticas neste momento tão delicado para todos os países, mas a percepção é de que vamos ter ao longo dos próximos anos um risco de crescimento muito grande da relação dívida/PIB. E mesmo o resultado primário neste ano vai ser um déficit muito grande, nossa projeção é de 9,3% do PIB. Quando você combina essas três incertezas, o tom dos investidores é negativo.

Mas quais são as principais preocupações?

Uma preocupação que eles manifestam é a questão do câmbio, embora nos últimos dias até tenha melhorado. Mas o posicionamento estava bem negativo e vimos uma depreciação bem importante do câmbio. E aí a pergunta é: como isso vai se refletir ao longo do tempo nas expectativas e na inflação, qual é o risco desse movimento ao longo do tempo para a inflação? Embora todo mundo concorde que, no curto prazo, a fraca atividade econômica não permite o repasse, há dúvidas do que eventualmente pode acontecer adiante. Na questão fiscal, a pergunta é, basicamente, como o País 'reancora' a questão fiscal. O que eles perguntam é se vai existir consenso político para retomar a agenda de reformas. Sabemos que a equipe econômica tem dito que isso é temporário e que as coisas vão voltar ao normal, e que eles vão voltar a perseguir todas as reformas que queriam fazer antes. Mas, diante de todo o ruído político, os investidores estrangeiros têm dúvida se efetivamente o governo vai conseguir criar uma base de sustentação para avançar nessas reformas.

É possível pensar em retorno do investidor ainda este ano?

Eu diria que, se tivesse uma sinalização mais concreta de arrumação de casa na questão fiscal, o fluxo (de capital de curto prazo) poderia aparecer. Mas o fluxo principal que o Brasil precisa neste momento, que é o fluxo do crescimento, como o Investimento Direto no País, fluxo para compra de ativos, IPOs e follow-on, depende da combinação de um fiscal encaminhado com sinais de que o fundo do poço ficou para trás e de que a economia começa a se recuperar. Esse processo de crescimento da economia, nos nossos números, começaria do terceiro para o quarto trimestre, mas ainda tem muita incerteza. Eu acho importante mencionar que, antes de tudo isso começar, não estávamos vendo grandes fluxos do estrangeiro para o Brasil. Antes, estávamos vendo um pouco de fluxo para Bolsa de estrangeiro e, na renda fixa, o estrangeiro já havia reduzido a alocação.

Então o retorno deve ficar mais para 2021?

Na verdade, acho que a foto pode mudar no terceiro ou quarto trimestre. Mas tem várias discussões não só no Brasil, mas no mundo: o risco da segunda onda, o formato da recuperação global, se vai ser em 'V'. Na verdade, as pessoas têm ficado mais preocupadas com a chance de 'U' ou 'W'. É difícil precisar o timing, porque ainda tem muita incerteza. Mas é possível construir um cenário em que, no fim do terceiro e no quarto trimestre, comecemos a ver algum tipo de fluxo. Mas acho que sempre vale a pena dizer que, se estava difícil antes, agora nossos fundamentos estão piorados.

Recentemente, o BofA piorou a expectativa de recessão este ano, de 3,5% para 7,7%, mas manteve a projeção de alta em 2021 em 3,5%. O cenário então é de recuperação mais lenta?

Ainda não temos a projeção para 2022, mas basicamente se atrasou o processo de voltar para o patamar anterior (ao coronavírus). Há muita incerteza, se vai ter empresas quebrando, há risco para pequenas e médias empresas, aumento do desemprego, alta da inadimplência. Acho que é a combinação de fatores. Mas isso não é só no Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

Volatilidade à frente

A gasolina mais barata está com os dias contados? BofA lista 8 riscos que podem fazer o petróleo disparar ou desabar nos próximos meses

6 de setembro de 2022 - 17:48

Analistas veem forte volatilidade no futuro da commodity, que está entre a cruz da recessão global e a espada da crise energética na Europa

FRIGORÍFICOS

JBS (JBSS3) é a ação de alimentos favorita do BofA, mas banco vê menor potencial de alta para o papel; ainda vale a pena comprar?

18 de agosto de 2022 - 14:54

Analistas revisaram para baixo o preço-alvo do papel, para R$ 55, devido à expectativa de queda nas margens da carne bovina dos EUA, correspondente a 40% das vendas da empresa

PREVISÕES PARA OS BALANÇOS

Bank of America prevê trimestre difícil para construtoras da B3, mas enxerga três oportunidades no setor — veja quais

26 de julho de 2022 - 13:43

Os analistas do BofA preferem os papéis do segmento de baixa renda que, ainda que mais pressionados pela inflação, podem entregar um crescimento lucrativo

BANCOS EM FOCO

Goldman Sachs (GSGI34) supera expectativas no 2º trimestre, mas Bank of America (BOAC34) não empolga o mercado

18 de julho de 2022 - 17:00

Goldman Sachs (GSGI34) supera expectativas no 2º trimestre, mas Bank of America (BOAC34) não empolga o mercado

INTER OU NÃO TER

De malas prontas pra Nasdaq: será que é hora de comprar Inter (BIDI11)? O Bank of America responde pra você

27 de maio de 2022 - 13:23

O BofA cortou o preço-alvo das units de R$ 36 para R$ 17 — o que representa um potencial de valorização de 29,5% com relação ao fechamento de quinta-feira (26)

AMIZADE COM BARREIRAS

Putin não pode mais contar com a China? Rússia enfrenta limites em sua rota de fuga das sanções; saiba quais

7 de abril de 2022 - 16:16

Embora os chineses sejam contrários às medidas punitivas impostas por EUA e Europa, Pequim não tem muita margem de manobra para ajudar Moscou. Mas algo sempre pode ser feito — saiba o que

PROJEÇÕES OTIMISTAS

Por que o Ibovespa vai terminar 2022 aos 135 mil pontos, segundo analistas do Bank of America

7 de abril de 2022 - 15:42

Caso a projeção se confirme, o Ibovespa chegará ao fim do ano acumulando ganhos de quase 29% em relação ao último pregão de 2021

ROTAÇÃO NO ÓLEO E GÁS

PetroRio é alternativa à Petrobras (PETR4)? Bank of America diz se é hora de comprar ações PRIO3

4 de abril de 2022 - 17:27

Disparada dos preços do petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia, aquisições e aumento da produção estão no cenário das petroleiras brasileiras

A RAINHA DA CELULOSE

Suzano figura entre as maiores baixas do Ibovespa após queda no lucro, mas BofA aposta em alta de 53% para SUZB3

10 de fevereiro de 2022 - 14:16

O apetite pelos papéis também é reduzido pela queda vertiginosa do dólar nos últimos dias, o que pode diminuir os ganhos com exportações

Está barato

Compre bolsa no Brasil e venda no México, recomenda o Bank of America

9 de fevereiro de 2022 - 9:30

Analistas do BofA decidiram buscar alternativas mais baratas nas bolsas e empresas na América Latina e elevaram a recomendação para as ações brasileiras

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar