EDP Brasil diz que ações da empresa estão baratas e que recompra é ‘para valer’
Henrique Freire, diretor financeiro da EDP Brasil, fala ao Seu Dinheiro sobre dividendos, aquisições e os planos da companhia que alcançou a marca dos 200 mil acionistas na B3

Junto com os resultados do segundo trimestre deste ano, no fim de agosto, a EDP Brasil anunciou uma nova política de dividendos e um programa de recompra de suas próprias ações (ENBR3). O recado foi claro: a empresa entende que os papéis na bolsa estão baratos.
Mas durante a teleconferência com analistas logo após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, os executivos da subsidiária do grupo de energia português foram questionados se a recompra era mesmo para valer. A pergunta deixou o diretor vice-presidente financeiro da empresa, Henrique Freire, um “bocadinho incomodado”.
“O nosso programa vem de uma convicção interna de que as nossas ações hoje estão a desconto, de que há uma diferença entre o preço e o que achamos certo”, afirmou Freire, em entrevista ao Seu Dinheiro.
O questionamento não foi totalmente fora de propósito. Afinal, não são poucos os exemplos de empresas que anunciam programas de recompra de ações apenas para tentar influenciar as cotações na bolsa. Mas o diretor garante que esse não é o caso da EDP Brasil.
A companhia vem comprando as próprias ações desde o segundo dia de pregão após o anúncio do programa, segundo Freire. Para não distorcer as cotações, a atuação se limita a até 5% do volume diário negociado com o papel.
Mesmo com o impulso do programa de recompra, as ações da EDP Brasil amargam perdas de 18,5%, cotadas a R$ 17,55 no fechamento de ontem, em linha com a queda do Ibovespa no acumulado do ano. Já deixaram, no entanto, o poço de R$ 13,19, alcançado no pregão de 23 março, mês de pânico nos mercados financeiros globais.
Leia Também
Os analistas de um modo geral concordam com a visão da companhia de que as ações estão baratas. Goldman Sachs, UBS e BTG Pactual estão entre as casas que recomendam a compra das ações da EDP Brasil, vendo potencial de alta de ao menos 16%.
Em busca dos CPFs
O diretor da EDP Brasil conversou comigo e com o Vinícius Pinheiro por videoconferência na semana passada. A empresa tem promovido esforços para se aproximar da base crescente de investidores que veio junto com o aumento de CPFs na bolsa brasileira.
A nova política de dividendos da empresa, anunciada junto com a recompra de ações, foi feita pensando justamente nos novos sócios. “Pensamos em uma outra linguagem, que não fosse hermética, fechadona, para que uma pessoa que não seja especialista no tema possa entender”, disse Freire.
E como vai funcionar? A EDP anunciou que passará a pagar como dividendos, no mínimo, R$ 1 por ação. Isso significa um total previsto de R$ 600 milhões durante os próximos anos. Mas a companhia também poderá distribuir aos seus acionistas 25% de seu lucro líquido ou 50% de seu lucro líquido ajustado — a depender do maior valor entre os três.
Atualmente, a empresa possui mais de 200 mil pessoas físicas em sua base acionária, um crescimento significativo se comparado aos cerca de 10 mil de dois anos atrás, segundo Freire.
O que traz segurança para a companhia bancar um valor mínimo para distribuir aos acionistas é a expectativa de crescimento da geração de caixa para os próximos anos com a maturação dos investimentos em ativos de transmissão, que consumiram R$ 3,5 bilhões.
Em agosto, a empresa concluiu o último trecho do lote 11 no Maranhão, 12 meses antes do prazo regulatório da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
“Vemos um crescimento contratado interessante, e a partir de 2021 vamos começar a ver o retorno desses investimentos”, disse Freire.
Aquisições e leilões
Embora entenda que o melhor investimento para o caixa da companhia seja a própria ação com o programa de recompra, a EDP Brasil segue de olho em aquisições e crescimento por meio da participação em leilões, segundo Freire.
A EDP Brasil elevou recentemente a participação na Celesc de 25,35% para 28,77% em agosto. A companhia tem progressivamente adquirido fatias na estatal, mantendo a estratégia de aumentar a presença em Santa Catarina.
O diretor não vê grandes aquisições no radar no curto prazo, mas disse que a companhia olha permanentemente para ativos de transmissão e energia solar.
Freire também projeta uma participação ativa da EDP no leilão de transmissão marcado para dezembro. Serão oferecidos 11 lotes em nove Estados, que envolvem 2.470 quilômetros de linhas de transmissão e 7.800 MVA (megavoltampère) de capacidade de transformação. “Estamos entusiasmados, temos condições para sermos competitivos.”
O executivo não revela quais seriam os lotes prediletos da empresa, mas aborda aqueles que não serão pleiteados pela companhia. “Estamos bastante convictos de que uns lotes no coração da Amazônia não fazem o nosso perfil. Apresentam muito risco e têm questões ambientais.”
O lugar do ESG
Por falar em questões ambientais, o diretor diz que a EDP vê com bons olhos as discussões no mercado financeiro sobre ESG (sigla em inglês que significa boas práticas ambientais, sociais e de governança) no Brasil.
“O mercado de ações brasileiro já é maduro, é uma agenda mais entendida, em que o G já estava bem seguro.” Para o executivo, a grande interrogação fica por conta das outras letras que formam a sigla.
“As partes ambiental e social às vezes são relegadas para segundo plano, e a ambiental mesmo às vezes não é tomada tão a sério. Mas eu diria que a evolução é grande, e a tendência é necessária e inevitável”
— Henrique Freire, EDP Brasil
Para o diretor, ao falar em ESG as empresas precisam sair do discurso e apresentar metas concretas a serem alcançadas. O que a EDP se comprometeu a fazer?
Em junho, a empresa anunciou o compromisso de reduzir emissões para contribuir para o controle do aquecimento global, aderindo a um programa da Rede Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Para tanto, a companhia estabeleceu o prazo até 2030 para que 100% da sua energia gerada seja de origem renovável.
Freire também revela que a empresa está em busca de uma nova sede após o choque da covid-19. "Não queremos voltar ao escritório do modo em que trabalhávamos, queremos novos moldes", diz, citando que a empresa procura um espaço que ofereça mais contato com a natureza. “Isto é um novo mundo e temos que entender sobre como mexer com o novo mundo.”
Cautela com recuperação
A EDP registrou um lucro de R$ 237,2 milhões no segundo trimestre, um avanço de 25,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A receita líquida consolidada, no entanto, caiu 2,8% na mesma base. A principal fonte de receita da EDP Brasil, o negócio de distribuição, recuou 6,1%. O volume de energia distribuída, refletindo as medidas de distanciamento social e a parada de indústria e comércio, caiu 11,6%.
Outro risco para a companhia com a pandemia é o de aumento na inadimplência. Até o momento, houve piora em algumas regiões, como no Norte e Nordeste, compensada por níveis menores que o previsto no Sudeste e no Sul. “Diria que, apesar disso, os números não foram tão ruins quanto a gente esperava”, afirmou Freire.
O diretor observa que o setor elétrico é defensivo na lógica do investidor, já que "ninguém fica sem eletricidade". Mas o fato de as empresas terem operado menos levou a uma queda no nível de consumo geral.
Os cenários de contração de consumo ficaram em linha com as expectativas da empresa, refletindo os cortes de consumo na indústria e no comércio em razão da pandemia de coronavírus.
Agora, o executivo diz enxergar uma recuperação, mas tem reservas quanto ao ritmo da retomada.
“Acho que temos o que recuperar, acompanhando as variáveis da economia. Mas também temos que ser muito cautelosos inclusive em termos de inadimplência e quanto à recuperação na economia como um todo — e o desemprego deverá ser a última variável a se recuperar.”
O que dizem os analistas
Os analistas de modo geral têm uma visão positiva para as ações da EDP Brasil. O Goldman Sachs considerou os resultados do segundo trimestre positivos, com bons controles de custos e um bom nível de investimentos no segmento de distribuição. O banco possui preço-alvo de R$ 22,50 em 12 meses para as ações ordinárias da EDP Brasil (ENBR3).
Para o UBS, a unidade brasileira da EDP não está sujeita a variações de preços no longo prazo, dado o seu baixo volume de energia não contratado. A instituição tem preço-alvo de R$ 22 para o papel.
Igor Cavaca, analista da Warren, destacou como positiva a nova política de dividendos da empresa. “Normalmente, isso indica que a companhia possui segurança financeira, o que é positivo para o acionista.”
Mas ele pondera que o desempenho da empresa deve acompanhar de perto o da economia, que atualmente tenta se recuperar.
Quer ter um Porsche novinho? Pois então aperte os cintos: a Volkswagen quer fazer o IPO da montadora de carros esportivos
Abertura de capital da Porsche deve acontecer entre o fim de setembro e início de outubro; alguns investidores já demonstraram interesse no ativo
BTG Pactual tem a melhor carteira recomendada de ações em agosto e foi a única entre as grandes corretoras a bater o Ibovespa no mês
Indicações da corretora do banco tiveram alta de 7,20%, superando o avanço de 6,16% do Ibovespa; todas as demais carteiras do ranking tiveram retorno positivo, porém abaixo do índice
Small caps: 3R (RRRP), Locaweb (LWSA3), Vamos (VAMO3) e Burger King (BKBR3) — as opções de investimento do BTG para setembro
Banco fez três alterações em sua carteira de small caps em relação ao portfólio de agosto; veja quais são as 10 escolhidas para o mês
Passando o chapéu: IRB (IRBR3) acerta a venda da própria sede em meio a medidas para se reenquadrar
Às vésperas de conhecer o resultado de uma oferta primária por meio da qual pretende levantar R$ 1,2 bilhão, IRB se desfaz de prédio histórico
Chega de ‘só Petrobras’ (PETR4): fim do monopólio do gás natural beneficia ação que pode subir mais de 50% com a compra de ativos da estatal
Conheça a ação que, segundo analista e colunista do Seu Dinheiro, representa uma empresa com histórico de eficiência e futuro promissor; foram 1200% de alta na bolsa em quase 20 anos – e tudo indica que esse é só o começo de um futuro triunfal
Mais um banco se rende à Cielo (CIEL3) e passa a recomendar a compra da ação, mesmo após alta de quase 200% neste ano
Com potencial de alta de quase 30% estimado para os papéis, os analistas do Credit Suisse acreditam que você deveria incluir as ações da empresa de maquininhas no seu portfólio
IRB lança oferta primária restrita, mas limita operação a R$ 1,2 bilhão e antecipa possibilidade de um descontão; IRBR3 é a maior alta do Ibovespa hoje
Resseguradora busca reenquadramento da cobertura de provisões técnicas e de liquidez regulatória para continuar operando
Dividendos: Porto Seguro (PSSA3) anuncia quase R$ 400 milhões em JCP; Kepler Weber (KEPL3) também distribuirá proventos
Data de corte é a mesma em ambos os casos; veja quem tem direito a receber os proventos das empresas
Oi (OIBR3) confirma venda de operação fixa para subsidiária da Highline; transação pode alcançar R$ 1,7 bilhão
Proposta da NK 108, afiliada da Highline, foi a única válida no leilão realizado ontem; negócio envolve cerca de 8 mil torres da Oi
Depois de bons resultados nos setores de gás e energia, gigante de infraestrutura está conquistando espaço, também, na mineração – e promete assustar a Vale (VALE3)
Um crescimento mínimo de 50%: é isso que time de analistas espera para uma ação que custa, hoje, 20% a menos do que sua média histórica; saiba como aproveitar
Ibovespa interrompe sequência de 4 semanas em alta; veja as ações que mais caíram – e um setor que subiu em bloco
Ibovespa foi prejudicado por agenda fraca na semana, mas houve um setor que subiu em bloco; confira as maiores altas e baixas do período
Dá pra personalizar mais? Americanas (AMER3) fecha parceria com o Google em busca de mais eficiência e melhor experiência para clientes
Acordo entre a Americanas e o Google prevê hiperpersonalização da experiência do cliente e otimização de custos operacionais
Bed Bath & Beyond desaba mais de 40% em Wall Street — e o ‘culpado’ é um dos bilionários da GameStop; entenda
Ryan Cohen, presidente do conselho da GameStop, vendeu todas as suas ações na varejista de itens domésticos e embolsou US$ 60 milhões com o negócio
Unindo os jalecos: acionistas do Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) aprovam a fusão entre as companhias
Os acionistas de Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3) deram aval para a junção dos negócios das companhias; veja os detalhes
JBS (JBSS3) é a ação de alimentos favorita do BofA, mas banco vê menor potencial de alta para o papel; ainda vale a pena comprar?
Analistas revisaram para baixo o preço-alvo do papel, para R$ 55, devido à expectativa de queda nas margens da carne bovina dos EUA, correspondente a 40% das vendas da empresa
Irani anuncia recompra de até 9,8 milhões de ações na B3; o que isso significa para o acionista de RANI3?
A empresa disse que quer maximizar a geração de valor para os seus investidores por meio da melhor administração da estrutura de capital
Vale (VALE3) perdeu o encanto? Itaú BBA corta recomendação de compra para neutro e reduz preço-alvo do papel
Queridinha dos analistas, Vale deve ser impactada por menor demanda da China, e retorno aos acionistas deve ficar mais limitado, acredita o banco
Soberania da (VALE3) ‘ameaçada’? Melhor ação de infraestrutura da Bolsa pode subir 50%, está entrando na mineração e sai ganhando com o fim do monopólio da Petrobras (PETR4) no setor de gás; entenda
Líder na América Latina, papel está barato, está com fortes investimentos na mineração e é um dos principais nomes do mercado de gás e do agronegócio no Brasil
Nubank (NU; NUBR33) chega a subir 20% após balanço, mas visão dos analistas é mista e inadimplência preocupa
Investidores gostaram de resultados operacionais, mas analistas seguem atentos ao crescimento da inadimplência; Itaú BBA acha que banco digital pode ter subestimado o risco do crédito pessoal
Briga do varejo: Qual é a melhor ação de atacadista para ter na carteira? A XP escolheu a dedo os papéis; confira
O forte resultado do Grupo Mateus (GMAT3) no 2T22 garantiu ao atacadista um convite para juntar-se ao Assaí (ASAI3) na lista de varejistas de alimentos favoritas dos analistas