Os segredos da bolsa: num mundo intranquilo, não espere vida fácil no mercado de ações
A escalada nas tensões sociais nos EUA e no Brasil podem aumentar a cautela na bolsa — e a agenda econômica carregada aparece como mais um fator de risco a ser considerado pelos investidores
A segunda quinzena de maio pode ter deixado os investidores mal-acostumados: tanto na bolsa quanto no câmbio, formou-se uma bolha de calmaria em meio ao caos — e que fez os ativos domésticos fecharem o mês com um desempenho positivo. No entanto, o que não faltam são fatores de risco aos investimentos.
Se você ligou a TV, checou as redes sociais ou abriu algum jornal durante o fim de semana, certamente se deparou com algumas imagens impressionantes: nos EUA, uma série de protestos varre o país após o falecimento de George Floyd — um homem negro que, mesmo rendido, foi sufocado até a morte por um policial branco.
A questão racial, a disparada no desemprego por causa da pandemia, a violência policial, as desigualdades sociais: tudo parece ter se juntado numa onda de fúria — e o tom pouco sensível assumido por Donald Trump no Twitter apenas aumenta a turbulência no país.
Em paralelo, ainda há uma escalada nas tensões entre americanos e chineses, que voltaram a se estranhar em diversos níveis — há farpas sendo trocadas nos âmbitos comercial, geopolítico e diplomático.
Por aqui, o clima é igualmente nervoso: manifestações antidemocráticas continuam sendo feitas em Brasília — e contando com a bênção do presidente Jair Bolsonaro, que contraria as orientações internacionais e o bom senso ao incentivar as aglomerações.
Neste domingo (31), protestos antifascistas e contrários ao governo foram feitos em São Paulo e algumas outras capitais — quase todas terminando com bombas de gás lacrimogênio e cassetetes.
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E, é bom não esquecer: tanto no Brasil quanto nos EUA, o coronavírus ainda é um problema longe de estar resolvido...
Você, caro leitor, pode ter pouco interesse nos protestos sociais americanos e estar igualmente desinteressado no que aconteceu na avenida Paulista neste domingo. No entanto, se você preza pelo seu dinheiro, pelos seus investimentos, pela vida e pela liberdade democrática, é crucial que coloque o atual ambiente de tensão na conta.
Eu não acho que, necessariamente, os mercados globais passarão por algum tipo de correção negativa por causa desse cenário caótico — as coisas não estiveram particularmente tranquilas na segunda semana de maio e, mesmo assim, as bolsas subiram forte no mundo todo.
Muitas vezes, o mercado financeiro parece se isolar numa bolha, enxergando o mundo pelo prisma que lhe convém. De fato, as instabilidades político-sociais ainda parecem insuficientes para trazer desdobramentos mais graves à economia, além dos impactos já gerados pela Covid-19.
Mas eu certamente creio que essa turbulência representa mais uma camada de risco à tese de quem aposta numa retomada rápida da atividade, tanto no Brasil quanto no exterior. É preciso ter cautela e não desprezar essa efervescência — todos, afinal, se lembram da dimensão que os protestos de 2013 tomaram no Brasil.
Pelo menos na noite deste domingo, os agentes financeiros globais mostram um tom mais defensivo: os futuros dos índices acionários dos EUA e da Ásia aparecem no campo negativo. São perdas moderadas, mas que, ainda assim, demonstram uma certa prudência.
E mesmo que estivéssemos num momento de tranquilidade social, os mercados ainda teriam um leque de questões para se preocupar: a agenda de dados econômicos está carregada na semana e, para completar, ainda teremos alguns balanços corporativos importantes sendo divulgados nos próximos dias.
Medindo a febre
No Brasil, começam a ser conhecidos nesta semana alguns indicadores que já englobam um período completo de impacto do coronavírus sobre a atividade local — e, assim, é de se esperar algumas reações mais intensas, especialmente no mercado de juros:
- Segunda-feira (1): balança comercial de maio
- Quarta-feira (3): produção industrial em abril
- Sexta-feira (5): IGP-DI de maio
O destaque por aqui é o dado de produção industrial em abril, que deve mostrar um impacto ainda mais profundo da paralisia gerada pela Covid-19. E, a depender da gravidade da situação, os investidores certamente tendem a promover ajustes nos DIs, especialmente nos curtos.
Afinal, um cenário de depressão econômica abre as portas para cortes mais profundos na Selic, de modo a fornecer estímulo extra à atividade. Na reunião passada, o Copom deixou claro que poderá promover mais uma redução de até 0,75 ponto na taxa básica de juros, levando-a ao patamar de 2,25% ao ano.
Se a produção industrial de fato indicar uma letargia intensa no setor, esse corte mais amplo na Selic tende a se consolidar na mente dos investidores — e juros mais baixos sempre dão estímulo às ações de empresas ligadas ao setor de consumo.
Juros e trabalho
No exterior, os próximos dias serão igualmente agitados em termos de agenda econômica: o Banco Central Europeu (BCE) divulga sua decisão de política monetária; do outro lado do Atlântico, o Departamento do Trabalho dos EUA reporta a taxa de desemprego do país:
- Segunda-feira (1):
- EUA
- PMI industrial em maio
- Índice ISM de atividade industrial em maio
- Zona do Euro
- PMI industrial em maio
- Mercados fechados na Alemanha (feriado)
- EUA
- Terça-feira (2):
- China
- PMI de serviços em maio
- China
- Quarta-feira (3):
- EUA
- PMI de serviços em maio
- Índice ISM de serviços em maio
- Encomendas à indústria em maio
- Zona do Euro
- PMI serviços em maio
- EUA
- Quinta-feira (4)
- EUA
- Balança comercial em abril
- Novos pedidos de seguro-desemprego na semana até 30/05
- Zona do Euro
- Decisão de política monetária do BCE
- EUA
- Sexta-feira (5)
- EUA
- Relatório de trabalho (payroll) em maio
- EUA
A decisão do BCE é particularmente importante porque, na semana passada, a Comissão Europeia lançou um pacote de auxílio financeiro de até 750 bilhões de euros — o socorro ainda precisa ser aprovado por todos os membros do bloco continental.
Embora o volume seja bastante expressivo, o timing do anúncio agradou bastante o mercado. Afinal, as principais economias da Europa estão começando a reabrir e, assim, uma injeção de dinheiro pode ser fundamental para dar ânimo à atividade na região e manter vivas empresas e negócios ao longo do continente.
Assim, mesmo se o BCE mantiver as taxas de juros inalteradas, eventuais iniciativas de auxílio financeiro e estímulo econômico podem novamente dar um gás nos mercados europeus, provocando um descolamento das turbulências vistas nos EUA e das tensões entre americanos e chineses.
Quanto aos EUA, o payroll sempre tem poder de mexer com o rumo das negociações globais: um enfraquecimento muito intenso do mercado de trabalho americano pode acender uma luz amarela no Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Por mais que a instituição já tenha sinalizado que não vê a adoção de juros negativos como adequada, o cenário pode passar a ser considerado caso o desemprego no país passe a subir de maneira descontrolada. Novos pacotes de estímulo também podem ganhar mais apelo caso o payroll mostre alguma tendência mais preocupante.
Fora esses dois itens, destaque para os indicadores de atividade na indústria e no setor de serviços, tanto na Europa quanto nos EUA. Os números sempre servem para nortear os investidores, dando uma dimensão mais exata do estado da economia.
Os balanços ainda não acabaram
Por fim, continue atento à temporada de balanços corporativos do primeiro trimestre de 2020: a CVM prorrogou a data limite para a entrega dos números e, assim, ainda teremos algumas empresas divulgando seus resultados nos próximos dias.
Dentre as integrantes do Ibovespa, há três destaques: a Embraer, na segunda (1); a Braskem, na terça (2); e a BR Malls, na quinta (4) — atenção especial à Embraer, que deverá dar mais detalhes quanto ao futuro após o rompimento do acordo firmado com a Boeing.
Para ter uma ideia mais precisa do que esperar dessas três empresas, sugiro que você leia a matéria especial feita pelo meu colega Felipe Saturnino: é só clicar aqui para saber o que os analistas estão projetando para cada uma delas.
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