Enquanto se preparava para o acordo EUA-China, o Ibovespa foi nocauteado pelo varejo
O principal índice da bolsa brasileira teve mais um dia negativo, fechando em queda de 1,04% e voltando ao patamar dos 116 mil pontos, em meio aos dados frustrantes das vendas no varejo. O dólar à vista também sentiu o baque e foi a R$ 4,18
Há alguns anos, eu me aventurei numa academia de boxe. Foi uma experiência divertida, embora curta — logo ficou claro que eu não levava muito jeito para a coisa. Mas, nas poucas aulas que eu tive fôlego para encarar, guardei um chavão daquele universo:
"O golpe mais duro é aquele que você não sabe de onde veio"
Se você estiver atento aos movimentos do adversário, conseguirá se defender melhor dos ataques, por mais fortes que sejam. Mas, se você for pego desprevenido, qualquer soco despretensioso pode te desorientar e te levar à lona.
O Ibovespa estava com a guarda baixa na manhã desta quarta-feira (15), pensando apenas no oponente que enfrentaria no período da tarde. E foi exatamente nesse momento de descuido que o índice foi atingido por um petardo.
- Leia também [Patrocinado]: as melhores ações para quem quer ganhar dinheiro em 2020
Dando nome aos bois: o mercado passou os últimos dias treinando para ir ao ringue com a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre Estados Unidos e China — e as eventuais surpresas que poderiam vir durante o evento.
O que os agentes financeiros não esperavam é que um dado da agenda econômica doméstica poderia causar estrago antes da aguardada cerimônia entre americanos e chineses. Mas eis que as vendas no varejo no país surgiram como quem não quer nada — e nocautearam o Ibovespa.
Leia Também
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Gestora aposta em ações 'esquecidas' do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logo pela manhã, o índice rompeu a barreira do 1% de queda e não mais se recuperou: encerrou a sessão em baixa de 1,04%, aos 116.414,35 pontos. Não adiantou contar até 10.
O mercado de câmbio também saiu derrotado do ringue: o dólar à vista terminou em alta de 1,30%, a R$ 4,1843 — é a maior cotação de fechamento desde 5 de dezembro.
Golpe fulminante
Desde o início do pregão, os agentes financeiros mostravam decepção com a economia brasileira. Mais cedo, o IBGE divulgou que as vendas no varejo em novembro avançaram apenas 0,6% em relação a outubro.
Por mais que o resultado tenha sido positivo, o número veio abaixo da média das projeções de analistas ouvidos pelo Broadcast, que trabalhavam com uma expansão de 1,20% no período.
Assim, os dados do varejo somaram-se aos indicadores mais fracos da produção industrial na semana passada, criando dúvidas quanto à retomada da economia doméstica — e a as recentes pressões inflacionárias também contribuem para esfriar os ânimos por aqui.
"O que esta pesando é esse novo indicador ruim de atividade, ainda mais considerando que o varejo contava com a injeção de recursos do FGTS na economia e as promoções da Black Friday [em novembro]", me disse um analista, ao ser questionado a respeito do mau desempenho dos mercados domésticos.
A leitura de que a atividade ainda sofre para ganhar tração aumentou as apostas num novo corte da Selic pelo Banco Central, de modo a fornecer mais estímulo à economia. Assim, as curvas de juros terminaram a sessão em baixa, refletindo essa percepção.
Confira abaixo como ficaram os principais DIs:
- Janeiro/2021: de 4,44% para 4,39%;
- Janeiro/2023: de 5,66% para 5,56%;
- Janeiro/2025: de 6,38% para 6,32%;
- Janeiro/2027: de 6,75% para 6,71%.
Em resposta aos dados mais fracos que o esperado no varejo, a maior parte das ações de empresas do setor fecharam em baixa nesta quarta-feira. Foi o caso de Lojas Americanas PN (LAME4), em queda de 1,33%; de Magazine Luiza ON (MGLU3), com desvalorização de 0,63%; de Lojas Renner ON (LREN3), com perda de 0,66%; e de Cia Hering ON (HGTX3), com recuo de 3,27%.
O tom mais apreensivo também afetou as ações dos bancos, que desde o início do ano têm apresentado uma performance bastante fraca. Itaú Unibanco PN (ITUB4) caiu 1,23%, Bradesco PN (BBDC4) recuou 1,75%, Banco do Brasil ON (BBAS3) teve baixa de 1,83% e as units do Santander Brasil tiveram perda de 2,30%.
Vale lembrar, ainda, que ocorre hoje o vencimento de opções sobre o índice futuro do Ibovespa, fator que sempre traz volatilidade aos papéis de maior peso na composição da carteira — caso dos bancos.
Sem grandes surpresas
Mas e a assinatura do acordo entre Pequim e Washington? Não mexeu com os mercados?
Bem, a assinatura em si já tinha sido precificada pelos agentes financeiros. Assim, os investidores estavam de olho nas informações e sinais a serem emitidos pelas autoridades — e o pacote trouxe dados positivos e negativos.
Por um lado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que, com a assinatura da primeira fase do acerto, a China se compromete a investir US$ 200 bilhões em serviços e produtos americanos. Desse montante, US$ 50 bilhões dizem respeito a itens agrícolas, e outros US$ 50 bilhões referem-se a suprimentos de energia.
Tais dados foram bem recebidos pelo mercado, que conseguiu quantificar o tamanho do acordo entre Washington e Pequim. Mas, por outro, a informação de que as tarifas impostas por ambas as partes até o momento continuarão valendo — as sobretaxações só serão retiradas numa segunda fase — contribuiu para trazer cautela às negociações.
Afinal, por mais que a primeira etapa do acordo tenha sido concluída, fica claro que o tema da guerra comercial está longe de ser resolvido. Assim, o alívio imediato veio acompanhado de uma preocupação no médio/longo prazo.
Ao fim do dia, o saldo foi positivo para as bolsas americanas: o Dow Jones fechou em alta de 0,31%, o S&P 500 subiu 0,19% e o Nasdaq teve ganho de 0,08% — ao longo do dia, os três índices tocaram novos recordes intradiários.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira:
- Marfrig ON (MRFG3): +4,84%
- NotreDame Intermédica ON (GNDI3): +2,76%
- B2W ON (BTOW3): +2,57%
- IRB ON (IRBR3): +2,35%
- Suzano ON (SUZB3): +1,56%
Confira também as maiores perdas do índice hoje:
- Cogna ON (COGN3): -3,44%
- Cia Hering ON (HGTX3): -3,27%
- Rumo ON (RAIL3): -3,22%
- Cielo ON (CIEL3): -2,94%
- B3 ON (B3SA3): -2,69%
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
Seca dos IPOs na bolsa vai continuar mesmo com Regime Fácil da B3; veja riscos e vantagens do novo regulamento
Com Regime Fácil, companhias de menor porte poderão acessar a bolsa, por meio de IPOs ou emissão dívida
Na onda do Minha Casa Minha Vida, Direcional (DIRR3) tem lucro 25% maior no 3T25; confira os destaques
A rentabilidade (ROE) anualizada chegou a 35% no entre julho e setembro, mais um recorde para o indicador, de acordo com a incorporadora
O possível ‘adeus’ do Patria à Smart Fit (SMFT3) anima o JP Morgan: “boa oportunidade de compra”
Conforme publicado com exclusividade pelo Seu Dinheiro na manhã desta quarta-feira (12), o Patria está se preparando para se desfazer da posição na rede de academias, e o banco norte-americano não se surpreende, enxergando uma janela para comprar os papéis
Forte queda no Ibovespa: Cosan (CSAN3) desaba na bolsa depois de companhia captar R$ 1,4 bi para reforçar caixa
A capitalização visa fortalecer a estrutura de capital e melhorar liquidez, mas diluição acionária preocupa investidores
Fundo Verde diminui exposição a ações de risco no Brasil, apesar de recordes na bolsa de valores; é sinal de atenção?
Fundo Verde reduz exposição a ações brasileiras, apesar de recordes na bolsa, e adota cautela diante de incertezas globais e volatilidade em ativos de risco
Exclusivo: Pátria prepara saída da Smart Fit (SMFT3); leilão pode movimentar R$ 2 bilhões, dizem fontes
Venda pode pressionar ações após alta de 53% no ano; Pátria foi investidor histórico e deve zerar participação na rede de academias.
Ibovespa atinge marca histórica ao superar 158 mil pontos após ata do Copom e IPCA; dólar recua a R$ 5,26 na mínima
Em Wall Street, as bolsas andaram de lado com o S&P 500 e o Nasdaq pressionados pela queda das big techs que, na sessão anterior, registraram fortes ganhos
Ação da Isa Energia (ISAE4) está cara, e dividendos não saltam aos olhos, mas endividamento não preocupa, dizem analistas
Mercado reconhece os fundamentos sólidos da empresa, mas resiste em pagar caro por uma ação que entrega mais prudência do que empolgação; veja as projeções
Esfarelando na bolsa: por que a M. Dias Branco (MDIA3) cai mais de 10% depois do lucro 73% maior no 3T25?
O lucro de R$ 216 milhões entre julho e setembro não foi capaz de ofuscar outra linha do balanço, que é para onde os investidores estão olhando: a da rentabilidade
Não há mais saída para a Oi (OIBR3): em “estado falimentar irreversível”, ações desabam 35% na bolsa
Segundo a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Oi está em “estado falimentar” e não possui mais condições de cumprir o plano de recuperação ou honrar compromissos com credores e fornecedores
Ibovespa bate mais um recorde: bolsa ultrapassa os 155 mil pontos com fim do shutdown dos EUA no radar; dólar cai a R$ 5,3073
O mercado local também deu uma mãozinha ao principal índice da B3, que ganhou fôlego com a temporada de balanços
Adeus ELET3 e ELET5: veja o que acontece com as ações da Axia Energia, antiga Eletrobras, na bolsa a partir de hoje
Troca de tickers nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York coincide com mudança de nome e imagem, feita após 60 anos de empresa
A carteira de ações vencedora seja quem for o novo presidente do Brasil, segundo Felipe Miranda
O estrategista-chefe da Empiricus e sócio do BTG Pactual diz quais papéis conseguem suportar bem os efeitos colaterais que toda votação provoca na bolsa
