🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

Entrevista exclusiva

A bolsa está cara? Para diretor do Bradesco, resposta dependerá de reformas e ajuste fiscal

Para Renato Ejnisman, responsável pela área de gestão de fundos do Bradesco, não há bolha na bolsa, mas ritmo de recuperação da economia vai determinar se a alta das ações é sustentável

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
19 de agosto de 2020
6:05 - atualizado às 2:41
Renato Ejnisman, diretor responsável pela Bradesco Asset Management (Bram)
Renato Ejnisman, diretor responsável pela Bradesco Asset Management (Bram) - Imagem: Divulgação

Renato Ejnisman se conectou cinco minutos depois do horário marcado para a nossa entrevista por videoconferência. O diretor executivo do Bradesco responsável pela área de gestão de fundos do banco se desculpou e justificou o pequeno atraso por um compromisso na hora do almoço que acabou se estendendo além do previsto.

O encontro de negócios foi apenas o segundo que o executivo teve desde o início da pandemia da covid-19. “Os clientes aos poucos estão começando a pedir novamente encontros presenciais, em uma tentativa de volta ao normal”, me disse Ejnisman.

O ritmo dessa volta ao normal — ou “novo normal”, como muitos preferem chamar — foi um dos temas da nossa conversa. Ainda mais diante do aparente descompasso entre a rápida recuperação da bolsa e os indicadores negativos da chamada economia real.

Um dos ingredientes da alta das ações logo após o pânico provocado pela disseminação global do coronavírus são as taxas de juros nas mínimas históricas. “A grande questão é se essa condição veio pra ficar ou é algo passageiro.”

Ejnisman considera que os juros devem ficar baixos por um bom tempo, ainda que a Selic suba em relação aos níveis atuais. Esse fenômeno por si só justifica uma mudança para cima no preço dos ativos de risco, como as ações, com a busca dos investidores por alternativas com maior potencial de retorno.

Risco de bolha?

Mas então caímos em uma nova questão. A entrada em massa de recursos para a bolsa, puxada principalmente por pessoas físicas, pode distorcer os preços? Em outras palavras, corremos o risco de uma bolha no mercado?

Leia Também

Responsável pela gestão de mais de R$ 500 bilhões na Bradesco Asset Management (Bram), Ejnisman entende que no momento não há bolha e diz que mesmo nos níveis atuais existem oportunidades no mercado de ações. Mas avalia que o ritmo de recuperação da economia vai ditar se a alta da bolsa é sustentável.

Os indicadores mais recentes, como por exemplo as vendas no varejo, justificam uma posição mais otimista com o ritmo da retomada. Mas Ejnisman faz um alerta: a recuperação da economia vai depender — e muito — da capacidade do país de entregar um programa de reformas e manter o controle das contas públicas.

“O Brasil vai sair da crise com um nível de endividamento bastante alto, mas isso pode não se tornar um problema se a economia crescer com responsabilidade fiscal. Essa equação é que vai definir se os ativos estão caros ou ainda estão baratos” — Renato Ejnisman, Bradesco

Diante da incerteza que paira no mercado — agravada na semana passada com a debandada de membros da equipe do ministro Paulo Guedes — a gestora do Bradesco decidiu adotar uma postura mais cautelosa.

“A gente acertou no auge da pandemia ao correr um pouco mais de risco e conseguimos entregar uma boa performance. Mas agora queremos entender melhor o cenário.”

Concorrência em casa

Em meio à análise das melhores alocações de investimento, Ejnisman e sua equipe na Bradesco Asset precisam lidar também com o forte aumento da concorrência na indústria de fundos de investimento.

No primeiro semestre deste ano, a Bram registrou resgate líquido de R$ 49 bilhões. Nos últimos 12 meses, a participação de mercado da gestora do segundo maior banco privado brasileiro caiu de 19,8% para 17,9%, de acordo com dados da Anbima.

Qual a estratégia da gestora para lidar com a maior concorrência? Em primeiro lugar, tratar a questão de forma “agnóstica”, segundo Ejnisman. Isso significa oferecer aos clientes opções de investimentos em outras gestoras por meio da Bram.

“Hoje nós somos um dos maiores distribuidores de fundos de outras casas”, afirmou o diretor, que espera ter 200 fundos novos de fora na grade da gestora até o fim deste ano.

Essa é uma via de mão dupla. No ano passado, a Bram passou a ter seus fundos disponíveis para investimento nas plataformas de investimento de corretoras como XP e Modalmais.

Sem carro-chefe

Pelo tamanho da gestora e pelos perfis diferentes de público que atende, não está nos planos da Bram ter um fundo “carro-chefe” como acontece com as gestoras independentes. Mas alguns produtos têm feito sucesso de público tanto interno como externo.

Ejnisman cita como exemplo os fundos multimercados da família Alocação, cujo patrimônio por si só supera o de várias gestoras independentes no mercado. Os fundos se valem de um misto de estratégias quantitativas — ditadas por algoritmos — e análise feita por um comitê que define os níveis de risco.

A gestora do Bradesco também aposta no aumento da internacionalização da carteira de investimentos dos brasileiros. Para se aproveitar dessa tendência, fechou parcerias de distribuição de grandes fundos estrangeiros, como a Bridgewater, de Ray Dalio, e a Oaktree, de Howard Marks, apelidado de “guru” de Warren Buffett.

O interesse dos brasileiros por investimentos lá fora também está por trás da aquisição feita pelo Bradesco do BAC Florida Bank, em um negócio de US$ 500 milhões, segundo Ejnisman.

Todos esses movimentos têm como um dos objetivos reduzir o impacto da queda das taxas de administração dos fundos na receita da gestora.

A Bram ainda pode promover mais cortes nas taxas cobradas? “Estamos constantemente avaliando isso, mas entendemos que as taxas hoje estão adequadas”, respondeu.

Para ele, um sinal disso é que os fundos que registram mais captação na gestora, como os multimercados, possuem em média taxas mais altas do que os que sofrem resgates, concentrados nos produtos de renda fixa.

Ou seja, os pedidos de saque têm sido motivados mais pela queda dos juros e a busca por alternativas mais rentáveis do que pelas taxas de administração em si, na visão do executivo do Bradesco.

Rating de ESG

Muito antes de questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) virarem o tema do momento, a gestora de fundos do Bradesco já adotava um rating (classificação) para avaliar as práticas das empresas que fazem parte do portfólio dos fundos, segundo Ejnisman.

A avaliação foi criada ainda em 2007 e desde então é usada pela Bram dentro dos critérios para definir se vale ou não investir em uma ação ou debênture de uma empresa. Hoje são mais de 260 companhias dentro desse universo de cobertura.

O que o diretor procurou fazer ao assumir a gestora foi compartilhar os resultados do rating com as empresas no intuito de ajudá-las a melhorar suas práticas. “Tem muita gente que acha que entende o que é uma atuação responsável ESG, mas a maioria acaba olhando só alguns elementos.”

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
OLIMPÍADAS ACADÊMICAS

Foco em educação: Potencia Ventures faz aporte de R$ 1,5 milhão na UpMat

27 de abril de 2025 - 16:20

Potencia Ventures investe R$ 1,5 milhão na startup UpMat Educacional, que promove olimpíadas de conhecimento no país.

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

PENDURADOS NO SAC

Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas

24 de abril de 2025 - 18:04

O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

IR 2025

Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025

23 de abril de 2025 - 7:08

O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

ANTES DA OPA

Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA

15 de abril de 2025 - 9:29

Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado

11 de abril de 2025 - 8:15

Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional

INVESTINDO EM MEIO AO CAOS

“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora

9 de abril de 2025 - 9:14

Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial

TOP COMPANIES

As melhores empresas para crescer na carreira em 2025, segundo o LinkedIn

8 de abril de 2025 - 15:21

Setor bancário lidera a seleção do LinkedIn Top Companies 2025, que mede o desenvolvimento profissional dentro das empresas

ELEITORES ARREPENDIDOS?

Bilionário Bill Ackman diz que Trump está perdendo a confiança dos empresários após tarifas: “Não foi para isso que votamos”

7 de abril de 2025 - 12:02

O investidor americano acredita que os Estados Unidos estão caminhando para um “inverno nuclear econômico” como resultado da implementação da política tarifária do republicano, que ele vê como um erro

QUEM VAI FICAR COM ELE?

Banco Master: Reunião do Banco Central indica soluções para a compra pelo BRB — propostas envolvem o BTG

6 de abril de 2025 - 12:13

Apesar do Banco Central ter afirmado que a reunião tratou de “temas atuais”, fontes afirmam que o encontro foi realizado para discutir soluções para o Banco Master

GANHANDO POPULARIDADE

Hapvida (HAPV3) salta na B3 com Squadra reforçando o apetite pela ação. É o nascer de uma nova favorita no setor de saúde?

25 de março de 2025 - 12:36

A Squadra Investimentos adquiriu 388.369.181 ações HAPV3, o equivalente a 5,15% da companhia de saúde

ATENÇÃO ACIONISTA

Mais de R$ 3 bilhões em dividendos e JCP: Bradesco (BBDC4) distribui a maior fatia dos proventos; veja quem mais paga

20 de março de 2025 - 20:44

Lojas Renner, Cemig e Hypera também estão na lista das empresas que anunciaram o pagamento de proventos aos acionistas

PRIMEIRO EMPREGO

Inscrições para a Globo acabam nesta sexta (21); confira essas e outras vagas para estágio e trainee com bolsa-auxílio de até R$ 7 mil

17 de março de 2025 - 18:30

Os aprovados nos programas de estágio e trainee devem começar a atuar até o segundo semestre de 2025; as inscrições ocorrem durante todo o ano

COM A PALAVRA, A XP

XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos

17 de março de 2025 - 17:03

Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA

13 de março de 2025 - 8:16

Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar