A bolsa está cara? Para diretor do Bradesco, resposta dependerá de reformas e ajuste fiscal
Para Renato Ejnisman, responsável pela área de gestão de fundos do Bradesco, não há bolha na bolsa, mas ritmo de recuperação da economia vai determinar se a alta das ações é sustentável

Renato Ejnisman se conectou cinco minutos depois do horário marcado para a nossa entrevista por videoconferência. O diretor executivo do Bradesco responsável pela área de gestão de fundos do banco se desculpou e justificou o pequeno atraso por um compromisso na hora do almoço que acabou se estendendo além do previsto.
O encontro de negócios foi apenas o segundo que o executivo teve desde o início da pandemia da covid-19. “Os clientes aos poucos estão começando a pedir novamente encontros presenciais, em uma tentativa de volta ao normal”, me disse Ejnisman.
O ritmo dessa volta ao normal — ou “novo normal”, como muitos preferem chamar — foi um dos temas da nossa conversa. Ainda mais diante do aparente descompasso entre a rápida recuperação da bolsa e os indicadores negativos da chamada economia real.
Um dos ingredientes da alta das ações logo após o pânico provocado pela disseminação global do coronavírus são as taxas de juros nas mínimas históricas. “A grande questão é se essa condição veio pra ficar ou é algo passageiro.”
Ejnisman considera que os juros devem ficar baixos por um bom tempo, ainda que a Selic suba em relação aos níveis atuais. Esse fenômeno por si só justifica uma mudança para cima no preço dos ativos de risco, como as ações, com a busca dos investidores por alternativas com maior potencial de retorno.
Risco de bolha?
Mas então caímos em uma nova questão. A entrada em massa de recursos para a bolsa, puxada principalmente por pessoas físicas, pode distorcer os preços? Em outras palavras, corremos o risco de uma bolha no mercado?
Leia Também
Responsável pela gestão de mais de R$ 500 bilhões na Bradesco Asset Management (Bram), Ejnisman entende que no momento não há bolha e diz que mesmo nos níveis atuais existem oportunidades no mercado de ações. Mas avalia que o ritmo de recuperação da economia vai ditar se a alta da bolsa é sustentável.
Os indicadores mais recentes, como por exemplo as vendas no varejo, justificam uma posição mais otimista com o ritmo da retomada. Mas Ejnisman faz um alerta: a recuperação da economia vai depender — e muito — da capacidade do país de entregar um programa de reformas e manter o controle das contas públicas.
“O Brasil vai sair da crise com um nível de endividamento bastante alto, mas isso pode não se tornar um problema se a economia crescer com responsabilidade fiscal. Essa equação é que vai definir se os ativos estão caros ou ainda estão baratos” — Renato Ejnisman, Bradesco
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Diante da incerteza que paira no mercado — agravada na semana passada com a debandada de membros da equipe do ministro Paulo Guedes — a gestora do Bradesco decidiu adotar uma postura mais cautelosa.
“A gente acertou no auge da pandemia ao correr um pouco mais de risco e conseguimos entregar uma boa performance. Mas agora queremos entender melhor o cenário.”
Concorrência em casa
Em meio à análise das melhores alocações de investimento, Ejnisman e sua equipe na Bradesco Asset precisam lidar também com o forte aumento da concorrência na indústria de fundos de investimento.
No primeiro semestre deste ano, a Bram registrou resgate líquido de R$ 49 bilhões. Nos últimos 12 meses, a participação de mercado da gestora do segundo maior banco privado brasileiro caiu de 19,8% para 17,9%, de acordo com dados da Anbima.
Qual a estratégia da gestora para lidar com a maior concorrência? Em primeiro lugar, tratar a questão de forma “agnóstica”, segundo Ejnisman. Isso significa oferecer aos clientes opções de investimentos em outras gestoras por meio da Bram.
“Hoje nós somos um dos maiores distribuidores de fundos de outras casas”, afirmou o diretor, que espera ter 200 fundos novos de fora na grade da gestora até o fim deste ano.
Essa é uma via de mão dupla. No ano passado, a Bram passou a ter seus fundos disponíveis para investimento nas plataformas de investimento de corretoras como XP e Modalmais.
Sem carro-chefe
Pelo tamanho da gestora e pelos perfis diferentes de público que atende, não está nos planos da Bram ter um fundo “carro-chefe” como acontece com as gestoras independentes. Mas alguns produtos têm feito sucesso de público tanto interno como externo.
Ejnisman cita como exemplo os fundos multimercados da família Alocação, cujo patrimônio por si só supera o de várias gestoras independentes no mercado. Os fundos se valem de um misto de estratégias quantitativas — ditadas por algoritmos — e análise feita por um comitê que define os níveis de risco.
A gestora do Bradesco também aposta no aumento da internacionalização da carteira de investimentos dos brasileiros. Para se aproveitar dessa tendência, fechou parcerias de distribuição de grandes fundos estrangeiros, como a Bridgewater, de Ray Dalio, e a Oaktree, de Howard Marks, apelidado de “guru” de Warren Buffett.
O interesse dos brasileiros por investimentos lá fora também está por trás da aquisição feita pelo Bradesco do BAC Florida Bank, em um negócio de US$ 500 milhões, segundo Ejnisman.
Todos esses movimentos têm como um dos objetivos reduzir o impacto da queda das taxas de administração dos fundos na receita da gestora.
A Bram ainda pode promover mais cortes nas taxas cobradas? “Estamos constantemente avaliando isso, mas entendemos que as taxas hoje estão adequadas”, respondeu.
Para ele, um sinal disso é que os fundos que registram mais captação na gestora, como os multimercados, possuem em média taxas mais altas do que os que sofrem resgates, concentrados nos produtos de renda fixa.
Ou seja, os pedidos de saque têm sido motivados mais pela queda dos juros e a busca por alternativas mais rentáveis do que pelas taxas de administração em si, na visão do executivo do Bradesco.
Rating de ESG
Muito antes de questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) virarem o tema do momento, a gestora de fundos do Bradesco já adotava um rating (classificação) para avaliar as práticas das empresas que fazem parte do portfólio dos fundos, segundo Ejnisman.
A avaliação foi criada ainda em 2007 e desde então é usada pela Bram dentro dos critérios para definir se vale ou não investir em uma ação ou debênture de uma empresa. Hoje são mais de 260 companhias dentro desse universo de cobertura.
O que o diretor procurou fazer ao assumir a gestora foi compartilhar os resultados do rating com as empresas no intuito de ajudá-las a melhorar suas práticas. “Tem muita gente que acha que entende o que é uma atuação responsável ESG, mas a maioria acaba olhando só alguns elementos.”
Agora seria um bom momento para a Rede D’Or (RDOR3) comprar o Fleury (FLRY3), avalia BTG; banco vê chance mais alta de negócio sair
Analistas consideram que diferença entre os valuations das duas empresas tornou o negócio ainda mais atrativo; Fleury estaria agora em bom momento de entrada para a Rede D’Or efetuar a aquisição
As três ações do setor de combustíveis que podem se beneficiar da Operação Carbono Oculto, segundo o BTG
Para os analistas, esse trio de ações na bolsa brasileira pode se beneficiar dos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra o PCC; entenda a tese
XP Malls (XPML11) vende participação em nove shoppings por R$ 1,6 bilhão, e quem sai ganhando é o investidor; cotas sobem forte
A operação permite que o FII siga honrando com as contas à pagar, já que, em dezembro deste ano, terá que quitar R$ 780 milhões em obrigações
Mercado Livre (MELI34) nas alturas: o que fez os analistas deste bancão elevarem o preço-alvo para as ações do gigante do e-commerce
Os analistas agora projetam um preço-alvo de US$ 3.200 para as ações do Meli ao final de 2026; entenda a revisão
As maiores altas e quedas do Ibovespa em agosto: temporada de balanços 2T25 dita o desempenho das ações
Não houve avanços ou recuos na bolsa brasileira puxados por setores específicos, em um mês em que os olhos do mercado estavam sobre os resultados das empresas
Ibovespa é o melhor investimento do mês — e do ano; bolsa brasileira pagou quase o dobro do CDI desde janeiro
O principal índice de ações brasileiras engatou a alta em agosto, impulsionado pela perspectiva de melhora da inflação e queda dos juros — no Brasil e nos EUA
Agora é a vez do Brasil? Os três motivos que explicam por que ações brasileiras podem subir até 60%, segundo a Empiricus
A casa de análise vê um cenário favorável para as ações e fundos imobiliários brasileiros, destacando o valor atrativo e os gatilhos que podem impulsionar o mercado, como o enfraquecimento do dólar, o ciclo de juros baixos e as eleições de 2026
Ibovespa ignora NY, sobe no último pregão da semana e fecha mês com ganho de 6%
No mercado de câmbio, o dólar à vista terminou o dia em alta, rondando aos R$ 5,42, depois da divulgação de dados de inflação nos EUA e com a questão fiscal no radar dos investidores locais
Entram Cury (CURY3) e C&A (CEAB3), saem São Martinho (SMTO3) e Petz (PETZ3): bolsa divulga terceira prévia do Ibovespa
A nova composição do índice entra em vigor em 1º de setembro e permanece até o fim de dezembro, com 84 papéis de 81 empresas
É renda fixa, mas é dos EUA: ETF inédito para investir no Tesouro americano com proteção da variação do dólar chega à B3
O T10R11 oferece acesso aos Treasurys de 10 anos dos EUA em reais, com o bônus do diferencial de juros recorde entre Brasil e EUA
Ibovespa sobe 1,32% e crava a 2ª maior pontuação da história; Dow e S&P 500 batem recorde
No mercado de câmbio, o dólar à vista terminou o dia com queda de 0,20%, cotado a R$ 5,4064, após dois pregões consecutivos de baixa
FIIs fora do radar? Santander amplia cobertura e recomenda compra de três fundos com potencial de dividendos de até 17%; veja quais são
Analistas veem oportunidade nos segmentos de recebíveis imobiliários, híbridos e hedge funds
Batalha pelo galpão da Renault: duas gestoras disputam o único ativo deste FII, que pode sair do mapa nos dois cenários
Zagros Capital e Tellus Investimentos apresentam propostas milionárias para adquirir galpão logístico do VTLT11, locado pela Renault
Para o BTG, esta ação já apanhou demais na bolsa e agora revela oportunidade para investidores ‘corajosos’
Os analistas já avisam: trata-se de uma tese para aqueles mais tolerantes a riscos; descubra qual é o papel
Não é uma guerra comercial, é uma guerra geopolítica: CEO da AZ Quest diz o que a estratégia de Trump significa para o Brasil e seus ativos
Walter Maciel avalia que as medidas do presidente norte-americano vão além da disputa tarifária — e explica como os brasileiros devem se posicionar diante do novo cenário
É hora de voltar para as ações brasileiras: expectativa de queda dos juros leva BTG a recomendar saída gradual da renda fixa
Cenário se alinha a favor do aumento de risco, com queda da atividade, melhora da inflação e enfraquecimento do dólar
Dólar e bolsa sobem no acumulado de uma semana agitada; veja as maiores altas e baixas entre as ações
Últimos dias foram marcados pela tensão entre EUA e Brasil e também pela fala de Jerome Powell, do BC norte-americano, sobre a tendência para os juros por lá
Rumo ao Novo Mercado: Acionistas da Copel (CPLE6) aprovam a migração para nível elevado de governança na B3 e a unificação de ações
Em fato relevante enviado à CVM, a companhia dará prosseguimento às etapas necessárias para a efetivação da mudança
“Não acreditamos que seremos bem-sucedidos investindo em Nvidia”, diz Squadra, que aposta nestas ações brasileiras
Em carta semestral, a gestora explica as principais teses de investimento e também relata alguns erros pelo caminho
Bolsas disparam com Powell e Ibovespa sobe 2,57%; saiba o que agradou tanto os investidores
O presidente do Fed deu a declaração mais contundente até agora com relação ao corte de juros e levou o dólar à vista a cair 1% por aqui