Ibovespa fecha em leve alta com avanço da Petrobras, apesar de queda da Vale
Juros futuros se descomprimem com menor percepção de risco fiscal, enquanto dólar sobe com hedge de investidores após compra de bolsa

O Ibovespa até conseguiu romper os 112 mil pontos nesta quarta-feira (02) em meio à redução da queda e eventual virada para alta das bolsas em Wall Street, após registrar fortes ganhos na véspera.
Mas o ímpeto do principal índice acionário da bolsa brasileira não foi mantido até o fim da sessão, a qual, na máxima, chegou a subir 0,82%, para 112.315,42 pontos, chegando a renovar os maiores níveis vistos desde fevereiro.
No fim do dia, o índice fechou em alta de 0,43%, cotado aos 111.880 pontos, conduzido basicamente pela alta das ações da Petrobras, que subiram mais de 1% na esteira da alta do petróleo do tipo Brent.
A commodity disparou no mercado internacional com relatos de que há avanços nas conversas de extensão de cortes de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
O peso negativo de um peso-pesado — perdoem a redundância — na composição do índice limitou o movimento, de toda forma. As ações da mineradora Vale foram a maior pressão de baixa do índice, que fecharam em queda de 1,7%, após a mineradora anunciar a redução de projeção para produção de minério de ferro neste ano.
Os investidores aproveitaram para se desfazer dos papéis que se valorizaram grandemente com a disparada do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China.
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A redução do mau humor no exterior, por outro lado, contribuiu com o lado positivo, possibilitando que o Ibovespa alçasse voos maiores.
Os índices à vista americanos, que iniciaram o dia aparando os ganhos, terminaram a sessão em leve alta, com exceção do índice de ações de tecnologia Nasdaq, que fechou em leve queda.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, no entanto, aliviou o sentimento de risk-off em depoimento ao Senado americano. Há pouco, ele ressaltou que a autoridade manterá os juros baixos e ferramentas em funcionamento "até o perigo passar".
"Prioridade é apoiar até que tenhamos certeza de que não é mais preciso", disse Powell.
No cenário político, os democratas Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, e Chuch Schumer, senador, disseram apoiar o plano bipartidário que propõe US$ 910 bilhões de estímulos fiscais como socorro econômico pelos efeitos da covid-19.
Na Europa, entre os principais índices acionários à vista, o FTSE 100, em Londres, avançou fortemente, subindo 1,2%. No Reino Unido, o governo autorizou o uso emergencial da vacina da americana Pfizer e afirmou que a vacinação terá início na próxima semana.
O CAC 40, em Paris, fechou estável, enquanto o DAX, em Frankfurt, caiu 0,5%.
Quem sobe, quem desce
Papéis bastante descontados em 2020 como Cia Hering ON, Gol PN e Azul PN lideraram as altas na sessão de hoje, com as perspectivas de vacina mais próximas.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou hoje que são até três as opções de vacinas contra o coronavírus no Brasil. Ele também afirmou que 15 milhões de doses de vacina devem chegar ao país no início de 2021.
Veja as principais altas do Ibovespa:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
HGTX3 | Cia Hering ON | 18,70 | 6,13% |
GOLL4 | Gol PN | 25,15 | 5,36% |
B3SA3 | B3 ON | 59,60 | 4,97% |
GNDI3 | Intermédica ON | 73,14 | 4,38% |
ELET3 | Eletrobras ON | 33,20 | 4,37% |
Ações ligadas à celulose ficaram entre as maiores quedas do dia. Suzano ON liderou as quedas, após block trade do Grupo Votorantim, que vendeu 25 milhões de ações da Suzano e embolsou R$ 1,3 bilhões.
Confira as maiores quedas do índice:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
SUZB3 | Suzano ON | 54,58 | -5,01% |
BRKM5 | Braskem PNA | 22,28 | -4,87% |
PRIO3 | PetroRio ON | 50,89 | -4,79% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | 24,33 | -2,60% |
KLBN11 | Klabin units | 24,85 | -2,59% |
Juros têm forte queda, dólar sobe
Os juros futuros dos contratos de depósitos interbancários (DI) fecharam em forte queda hoje, em um recuo mais intenso em vértices de maior prazo, que seguem mais de perto o risco fiscal.
Os agentes financeiros reagiram à perspectiva de que o governo federal desistiu do programa de renda básica e retomará o Bolsa Família em 2021, além de uma produção industrial menor do que a esperada e a lista de privatizações para ano que vem.
O jornal O Globo reportou que o presidente Jair Bolsonaro descartou a possibilidade de criação do programa neste ano em razão da falta de acordo entre governo e líderes do Congresso.
A novidade alivia a percepção de risco fiscal por parte dos investidores, que implicam um prêmio de risco relevante na curva de juros dos DIs com o horizonte de que a relação dívida pública/PIB do Brasil se torne insustentável no futuro.
Do ponto de vista macro, em outubro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial subiu 1,1% na base trimestral e +0,3% na comparação anual – abaixo do consenso em ambos os casos.
O desempenho indica uma atividade econômica mais moderada do que a esperada, sem impactos sobre a inflação de curto prazo.
Além disso, o governo anunciou a realização de leilões de desestatização de oito empresas em 2021, entre elas os Correios e a Eletrobras, que passará por um processo de capitalização. Os dois certames, no entanto, ainda dependem de aprovação do Congresso para serem tocados.
Como resultado, as taxas que recuaram com maior intensidade hoje foram as de longo termo, com juros de janeiro/2023 e janeiro/2025 caindo mais de 10 pontos-base (0,1 ponto percentual).
A ponta curta, que segue mais de perto a inflação corrente e de curto prazo, teve movimentos mais leves de baixa.
Veja o fechamento das principais taxas:
- Janeiro/2021: de 1,920% para 1,914%
- Janeiro/2022: de 3,12% para 3,07%
- Janeiro/2023: de 4,76% para 4,64%
- Janeiro/2025: de 6,51% para 6,39%
O dólar, por sua vez, interrompeu a sequência de duas quedas, dentro da qual voltou aos menores níveis desde julho, e subiu nesta quarta frente ao real, destoando do movimento que teve diante de pares emergentes do real, como peso mexicano e rublo russo.
Ao fim do dia, a divisa fechou avançando 0,3%, cotada a R$ 5,2418. Na mínima, o dólar chegou a cair 0,4%, para R$ 5,2076, e, na máxima, subiu 0,5%, para R$ 5,2547.
Entre os principais mercados locais, o de câmbio certamente foi o que teve a pior sessão hoje. É sempre bom lembrar que o dólar recuou 7% no mês passado.
E ontem, em específico, a moeda caiu forte, 2,2%, cotada a R$ 5,2278 — para o menor nível desde 31 de julho, quando fechou cotada a R$ 5,2170.
Daniel Xavier, economista-sênior do Banco ABC Brasil, observa que a alta de hoje pode ser explicada pela opção por proteção de investidores que têm entrado mais em ativos negociados em bolsa.
"Entendo que a correlação entre dólar e bolsa mudou recentemente. Um sobe, outro sobe agora, ao contrário do que era antes", diz Xavier, citando que os investidores estão fazendo hedge, comprando dólar e por isso o preço da moeda se aprecia.
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