Com uma oferta de R$ 2,719 bilhões, a Rumo venceu a disputa pelo trecho central da Ferrovia Norte-Sul, ao oferecer ágio de 100,92%. O valor mínimo de outorga era de R$ 1,353 bilhão pela concessão por 30 anos. O lance superou a proposta da única concorrente, VLI Multimodal, que ofereceu R$ 2,065 bilhões. Este é o primeiro leilão do setor ferroviário nos últimos 12 anos.
O trecho de 1.573 quilômetros da ferrovia ofertado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) liga Porto Nacional (TO) a Estrela d'Oeste (SP). O empreendimento já recebeu R$ 16 bilhões em investimentos públicos e o edital prevê o aporte de mais R$ 2,8 bilhões ao longo do período de concessão.
O trecho envolvido no leilão foi construído pela Valec, estatal de ferrovia, e ainda não está concluído. Segundo especialistas, será preciso investir uma soma considerável para corrigir erros de execução e de projeto ao longo do trecho já construído da ferrovia.
A estimativa do governo é que, ao final da concessão, o trecho ferroviário tenha demanda equivalente a 22,73 milhões de toneladas.
Tudo está alinhado
Logo depois de divulgado o resultado do leilão, o presidente da Rumo, Julio Fontana, afirmou que o trecho arrematado tem muita sinergia com a operação da companhia.
O executivo disse acreditar que o Brasil vai mudar o ritmo de crescimento. "Temos a esperança que as cargas desse trecho irão alimentar o portfólio dos nossos clientes e do nosso produto, podendo aumentar principalmente a questão de carga geral", afirmou.
Segundo ele, o Brasil ainda é bastante incipiente no transporte deste tipo de produto.
Ao comentar o ágio expressivo pago no certame da Ferrovia Norte-Sul, Fontana afirmou julgar que pelo retorno do investimento valia a pena praticar tal ágio. "Esperamos ter retorno do investimento no curto espaço de tempo."
Questionado sobre os investimentos necessários para terminar alguns trechos da ferrovia o executivo afirmou ter planos de negócios baseado nas premissas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a conta com estudos da companhia. "Consideramos que os riscos são menores que as vantagens", disse.
Com relação aos problemas de origem técnica e de projeto envolvendo o projeto e os investimentos exigidos, Fontana observou que não existe diferença de bitola em toda a Norte-Sul.
"Ela é toda em bitola larga que tem sinergia na confluência com a malha paulista, que é nossa malha. Precisamos concluir construção da ferrovia. Olhar os pontos em que houve problema de construção (apontados pelo TCU), fazer correções e tocar a vida", afirmou ele, durante coletiva de imprensa após o leilão, realizado na bolsa paulista.
*Com Estadão Conteúdo.