Depois de os contratos futuros de petróleo subirem quase 15% em um só dia por conta dos ataques à refinarias na Arábia Saudita, a alta no preço da commodity vai ser repassada aos consumidores nesta semana.
A Petrobras anunciou ontem à noite (18) que reajustou os valores da gasolina em 3,5% e o do óleo diesel em 4,2% em suas refinarias. A revisão começou a valer a partir da meia-noite de hoje (19).
O anúncio vem após a petroleira ter informado na última segunda-feira (19) que aguardaria mais tempo e que tinha optado por "acompanhar a variação do mercado nos próximos dias e não fazer um ajuste de forma imediata".
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro também havia reiterado tal informação e dito que a Petrobras continuaria observando a movimentação do preço da commodity no exterior para se posicionar. A declaração ocorreu após uma conversa com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
O reajuste
Mesmo que o preço dos contratos futuros de petróleo do tipo Brent e WTI tenham tido uma queda nos últimos dois dias, a contração não ocorreu na mesma proporção da alta.
Ontem (18), os contratos de curto prazo de petróleo do tipo Brent fecharam o dia em US$ 63,90, uma perda de 1,47%. Já os contratos negociados para novembro do tipo WTI terminaram o pregão cotados em US$ 58,11, uma queda de 2,07%.
Para o consumidor, a alta de preço nas refinarias deve ocorrer em breve. Ao ser questionado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o presidente do Sincopetro-SP, José Alberto Gouveia, disse que a expectativa é de que as distribuidoras, que são responsáveis pela intermediação entre as refinarias e postos de gasolina, entreguem combustíveis com preços reajustados a partir desta quinta.
Mas a decisão de repassar ou não a alta para os motoristas nos próximos dias vai de cada dono de posto. Geralmente, são considerados também outros aspectos, como demanda e concorrência.
“O reajuste vai chegar num dia em que a procura aumenta, numa quinta-feira, quando os motoristas enchem o tanque para o fim de semana”, complementou Gouveia ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Posicionamento
A petroleira possui um interesse especial em mostrar ao mercado que não está submetida aos interesses políticos e que consegue ser independente do governo.
Tais atitudes são positivas, especialmente porque mostram maior transparência em termos de governança corporativa e ajudam na atração de investidores interessados em comprar refinarias.
A companhia espera realizar a venda de algumas refinarias conforme consta em seu programa de desinvestimento. A ideia de deixar a Petrobras mais "magrinha" em termos de ativos que não sejam de vital importância para a empresa poderá auxiliá-la na retomada de sua saúde financeira.
*Com Estadão Conteúdo