Bolsonaro ainda pode escapar da maldição de Collor e Dilma, diz Tony Volpon do UBS
Condições de governabilidade existem, mas presidente precisa assumir um relacionamento construtivo com o Parlamento. Sobre Selic, corte no atual ambiente é um delírio
No que chamo de “a semana dos tsunamis”, tivemos notícias pouco animadoras tanto no front doméstico quanto externo, que pegaram em cheio os mercados. Para nos ajudar a fazer uma avaliação do que aconteceu e do que está por vir, bati um papo um com o economista-chefe do UBS para o Brasil, Tony Volpon.
Por aqui, a fonte de preocupação reside na política e para Volpon a questão é simples: Não é possível governar o país efetivamente sem que o presidente tenha uma relação construtiva com o Legislativo e ponto final.
Pelo lado externo, o que está pegando é a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Segundo Volpon, o melhor termômetro dessa tensão é a cotação da moeda chinesa, o yuan, que está flertando com o patamar de 7 yuan por dólar, que, não por acaso, foi o patamar visto na crise chinesa de agosto de 2015. Crise essa que não ajudou a então presidente Dilma Rousseff.
“É importante fazer um paralelo entre o que está acontecendo agora com o Bolsonaro e o que aconteceu com a Dilma. Esse mau momento doméstico está se casando com um momento em que a moeda chinesa está balançando. Eu, que estava no BC naquele fatídico agosto de 2015, lembro muito dessa questão da China. Tem uma semelhança um pouquinho preocupante”, diz.
Resumindo bem a questão que vamos explicar melhor abaixo, Volpon, que foi diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) entre abril de 2016 e julho de 2016, diz que se tivermos uma crise na China dentro do quadro político atual é “game over” para nós.
A curva de aprendizado
No começo do governo, explica Volpon, os desencontros, brigas internas e falta de articulação do governo Jair Bolsonaro eram colocados como uma curva de aprendizagem. Afinal, tínhamos um presidente novo e uma equipe nova sem experiência no poder Executivo.
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“Tinha essa ideia de acomodação das diferentes esferas de influência”, diz.
Outro ponto é que naquele momento também se acreditava que o governo partiria para uma articulação política pragmática do que seria a “nova política”.
Volpon lembra que desde 1988 temos um movimento de esvaziamento do Executivo para um Legislativo e Judiciário cada vez mais ativos e fortalecidos, e esse quadro institucional não é nenhuma novidade.
Segundo o economista, Bolsonaro não precisaria fazer o que o PT ou que Michel Temer fizeram, mas é preciso ter um relacionamento construtivo com o Parlamento.
“Se esperava que o governo e o presidente achariam esse modelo de relacionamento construtivo. Bem da verdade é que não acharam esse modelo até agora”, afirma.
No mercado, diz Volpon, já tem muita gente partindo para a conclusão oposta, ou seja, de que esse modelo de relacionamento construtivo não vai acontecer, que o atual nível de ruído e de desencontro é permanente. “Acho um pouco cedo para isso”, pondera.
Essa percepção de crise permanente não bate com tanta força no mercado, segundo Volpon, pois há a convicção quanto à aprovação de uma reforma da Previdência.
“Tem havido um maior pragmatismo do Congresso, na pessoa do Rodrigo Maia, mas não só dele, de passar a reforma apesar do governo”, explica.
Segundo Volpon, se o mercado abandonar essa crença de que a reforma sai apesar de tudo, o câmbio não é R$ 4,08, é outro patamar. “Não estamos em R$ 4,50 por causa disso”, avalia. (Nossa conversa aconteceu na manhã de sexta, o dólar fechou o dia a R$ 4,10).
O que tem se colocado, segundo Volpon, é o “day after” da Previdência. A atuação do Congresso tem ajudado a manter viva essa expectativa de reforma, mas a visão é de que o restante da agenda do ministro Paulo Guedes será muito difícil de ser aprovada.
“O Maia não pode virar o presidente. Há uma limitação daquilo que ele pode fazer”, explica.
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As etapas da política
Volpon avalia que temos duas fases na política. Uma monárquica, configurada por um presidente popular que aprova, literalmente, qualquer coisa, até besteiras. Com exemplo, ele cita todas as medidas da nova matriz macroeconômica de Dilma Rousseff, que mesmo abaixo de críticas, passaram pelo Congresso.
A outra fase é a parlamentarista, dada pelo momento no qual o presidente tem muita perda de popularidade dentro de uma situação de piora econômica. Nessa etapa, o Congresso assume ainda mais poder e, no extremo, temos os processos de impeachment.
“As pessoas estão pensando sobre isso, mas não neste momento. Não temos um quadro recessivo e o Bolsonaro tem perdido popularidade, mas não está despencando. Se cairmos em quadro recessivo e ele apresentar popularidade à la Dilma, esse cenário será colocado”, explica.
Para Volpon, essas condições necessárias, mas não necessariamente suficientes para um impeachment, não existem e o presidente tem condição de retomar seu protagonismo.
“Acho que as condições de governabilidade existem. Ele tem que assumi-las. A questão é ter esse modelo construtivo com o Parlamento”, explica.
Segundo Volpon, como estamos aqui, de novo, com dúvidas sobre o estabelecimento de um relacionamento construtivo do presidente com o Congresso, mais pessoas passam a acreditar que ele não vai “aprender”.
O economista acredita na governabilidade apesar de ver algumas semelhas entre as posturas de Bolsonaro e Dilma. Volpon aponta que Dilma, quando se viu acuada, se escondeu em um bunker e começou a tomar medidas e engrossar um discursos que falava apenas às esquerdas. Ela não tentou se recompor.
“Parece que Bolsonaro tende mais para isso, partir para uma estratégia de bunker do que perceber que não há outra opção a não ser ter uma relação construtiva com o Congresso. Não está tarde demais. Ele tem de querer e ter consistência no comportamento. Parar de ficar oscilando entre o Olavo de Carvalho e o Rodrigo Maia”, explica.
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Para Volpon, ainda há chance de resultado positivo.
“O governo não acabou, mas certamente, se não houver capacidade de fazer a escolha correta e executar isso de forma consistente, esse será um governo tutelado. O risco de cauda é esse. Recessão mais perda acentuada de popularidade”, avalia.
Ainda de acordo com Volpon, uma eventual piora adicional no quadro internacional, notadamente na China, poderia incentivar o governo a fazer a "coisa certa pelo medo". Mas isso também poderia piorar muito as condições da economia, nos levando para o cenário extremo de impeachment.
E como fica a taxa de juros?
Saindo da política e indo para a economia, perguntei também sobre o que podemos esperar para a taxa de juro, a Selic. A cada indicador fraco de atividade, cresce o coro por uma retomada nos cortes de juros, mas as últimas manifestações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, são de manutenção diante de um quadro de elevada incerteza.
“A ideia de cortar juro nesse ambiente é um delírio. Não tem como acontecer”, afirma Volpon.
Segundo o economista, se a reforma da Previdência se materializar, “pode ser ok” se pensar em redução de juro. Se o ambiente externo for mais tranquilo, pode-se pensar em cortar a Selic para acelerar a recuperação. Agora, se a Previdência tiver um grande impacto positivo, talvez nem precise de redução da taxa básica.
Para Volpon, essa discussão de que o BC tem de atuar porque a economia está decepcionando é ingênua demais. “A economia pode ir a zero, que o BC não corta o juro”, explica.
Em 2017 e parte de 2018, quando não se observavam restrições externas, diz Volpon, o BC cortou o juro numa boa. “Até acho que ele deveria ter cortado mais.”
Mas essa janela de condições favoráveis se fechou em abril de 2018 e não mais se abriu. Temos agora um quadro de volatilidade doméstica e piora global. “Estamos de volta com questão doméstica e global complicada. Da mesma forma que o Ilan parou, o Campos Neto não vai cortar juro”, afirma.
Volpon lembra, ainda, que o regime é de metas para a inflação e não de meta para crescimento. Os modelos do BC não demonstram inflação substancialmente abaixo da meta e mesmo que o quadro fosse esse, o BC não cortaria, pois o balanço de riscos está “estupidamente desfavorável à corte de juros”, pela incerteza interna e volatilidade externa.
“A comunicação do BC tem sido muito clara. Quem está achando que tem corte de juro no curto prazo não está lendo a ata. Não temos nenhuma condição para cortar juros neste momento, zero. Essa é uma discussão sem pé nem cabeça”, conclui.
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