O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, negou nesta quinta-feira, 27, que outra reforma da Previdência tenha de ser feita já no próximo governo, caso o Congresso aprove o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que diminui o impacto fiscal previsto na proposta original de governo, de R$ 1,2 trilhão em dez anos para R$ 913,4 bilhões.
"O relatório traz uma economia substancial. Com essa proposta e a MP 871 (que pretende combate fraudes na aposentadoria rural), a economia deve ficar entre R$ 800 bilhões e R$ 1 trilhão", disse o secretário, em entrevista a jornalistas, depois de participar do 21º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercados de Capitais, em São Paulo.
Há duas semanas, quando Moreira apresentou seu relatório, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez duras críticas ao texto e afirmou que, com as mudanças feitas pelo relator, o próximo presidente seria obrigado a fazer uma nova reforma.
Mansueto, no entanto, explicou que Guedes ficou decepcionado com a retirada da possibilidade de criação de um sistema de capitalização, mas que aceita a mudança e acredita que esse tema poderá ser discutido novamente mais à frente. O ministro, disse o secretário, também ficou chateado com as alterações na regra de transição para servidores públicos, mas que "está conversando".
No evento, em palestra aos participantes, o secretário voltou a afirmar que a reforma será aprovada, apesar de o governo não ter uma base de apoio relevante entre os deputados. "Há dois ou três meses, eu teria dito que a aprovação da reforma dependeria muito da capacidade do governo de formar uma base sólida. Não é mais o que penso, porque a reforma foi incorporada pelo Congresso. Teremos uma reforma robusta independentemente da base do governo", disse.
Maia confia que Previdência será votada na Câmara antes do recesso
Mansueto disse hoje ainda que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem sido grande aliado do governo no Congresso, mantém a confiança de que é possível votar o texto da Previdência no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar. "Se isso ocorrer, vamos ter mais um mês a dois meses de conversas no Senado", disse ele, destacando que é possível aprovar o texto no final de setembro.
"É uma primeira reforma, que vai nos levar a várias outras", disse em evento da Fitch, destacando que o Brasil está atrasado em mais de 20 anos em reformar o sistema de aposentadorias.
Como medidas adicionais para controlar gastos, será preciso segurar o reajuste de salários de servidores e ainda deixar de fazer concursos públicos, disse o secretário. Mansueto afirmou ainda que o Brasil vai "ganhar uma CPMF" de arrecadação extra só com os leilões do setor de petróleo, em poços que já foram descobertos.
Perguntando sobre a possibilidade de redução da meta de inflação para 2022, que será definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), Mansueto disse que o assunto é mais relacionado com o Banco Central, mas avalia que o Brasil pode sim ter "metas cadentes" e se aproximar de níveis de outros emergentes.