O caso do deputado Paulinho da Força e o #CentrãoBlocoDeLadrao
Paulinho não mentiu, seu “erro” foi justamente dizer a verdade, coisa que o grosso da população sempre cobra de um político

O deputado Paulinho da Força (SD-SP) cometeu um ato de política explícita ao falar que o famigerado grupo de partidos reunidos no “Centrão” quer uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição de Jair Bolsonaro.
A declaração dada no Dia do Trabalho pode ser vista como um episódio dentro de uma série “A política como ela é”, tendo como inspiração Nelson Rodrigues e a sua “A vida como ela é”.
As pessoas sempre ficam horrorizada ao descobrir que a lógica da política é o poder. Sim, esse é um jogo sujo e quanto menos a política for idealizada, mais fácil para se compreender o que se passa aqui em Brasília.
Grande parte da população ainda mantém uma visão imaculada da “política”, que teria de ser uma moça pura, altruísta, que age sempre pensando em um bem maior, o bem do povo. Mas com diz Nelson, não existe família sem adúltera.
Ao comentar o episódio com um amigo e argumentar que a frase do Paulinho simplesmente desnuda a lógica da política, ele me questionou de volta: “Mas não se fala isso abertamente, né?”
Cobramos da política um pouco de vergonha, um certo rubor nas faces. Mas isso não vai acontecer.
Antes que o leitor me agrida, quero deixar claro que não concordo ou defendo essa lógica da política, meu esforço está em apenas tentar explicar como ela funciona.
Sincericídio
Ilustrando que Paulinho cometeu o pecado mortal da sinceridade, outros políticos saíram a rebater suas declarações.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse não acreditar que a fala de Paulinho seja uma posição de todo o Centrão, refirmou que vai trabalhar por uma economia de R$ 1 trilhão com a reforma da Previdência e que não está preocupado com a eleição de 2022.
O líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO) foi ao “Twitter” dizer que “as alegações mais vis serão explicitadas.. já estão sendo... valorize seu voto...”
Partidos e deputados terão oportunidade d mostrar seu comprometimento c o Brasil e c o futuro d nosso povo. A reforma da previdência, já em curso, é exemplo emblemático disso. Fiquem de olho! As alegações mais vis serão explicitadas.. já estão sendo.. valorize seu voto... 👍🏼👊🏼🇧🇷
— Vitor Hugo (@MajorVitorHugo) May 2, 2019
Mas o melhor exemplo de que embora suja, a política é necessária veio da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), que disse que a frase do Paulinho não reflete a opinião da maioria e que “precisamos dos partidos de Centro para aprovar o texto”. Ela ainda pediu “mais foco e menos beligerância”.
Caros, a bobagem dita pelo @dep_paulinho sobre enfraquecer a #NovaPrevidência para impedir eventual reeleição de @jairbolsonaro Ñ REFLETE A OPINIÃO DA MAIORIA. Não compactuo com injustiças. Precisamos dos partidos de Centro pra aprovar o texto. MAIS FOCO E MENOS BELIGERÂNCIA.
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) May 2, 2019
O tuíte da deputada veio no meio da revolta das redes, com a expressão “#CentrãoBlocoDeLadrao” entre os assuntos mais comentados do dia de ontem. Pelos comentários ao tuíte, não parece ter acalmado os ânimos de ninguém.
Instrumentos da política
A negociação, a barganha e o repudiado “toma lá, dá cá” não são uma exclusividade brasileira. O que muda de país a país é o grau em que isso ocorre e como esses instrumentos são utilizados para se atingir algum objetivo.
Esses são meios de fazer política e não o fim da política e isso parece estar sendo aprendido tanto pelo governo, quanto pela classe política depois da revolta da população que transpareceu nas eleições passadas. O “toma lá, dá cá” atingiu proporções assustadoras, sem relegar objetivo senão da política pela política.
O próprio Maia já disse em entrevista que não adianta nada ele ficar voltado para dentro do Parlamento apenas fazendo a política se não tiver o respeito da população.
Bolsonaro ensaiou uma ruptura com a lógica da política, mas ela é inescapável e ele está, agora, construindo o que parecer ser um meio termo entre instrumentos políticos e objetivos de política (como as reformas).
Isso transparece na mudança de postura e do discurso. O presidente apela para um sentimento maior do Parlamento em fazer uma reforma que o Brasil precisa, mas sabe que ninguém da política vai se mexer se não houver perspectiva ou efetiva divisão de poder e de dividendos eleitorais.
Paulinho não mentiu, seu “erro” foi justamente dizer a verdade, coisa que o grosso da população sempre cobra de um político.
Guedes se alinha a Bolsonaro e sobe tom da campanha — veja as indiretas que o ministro mandou para Lula
Falando para uma plateia de empresários cariocas, ele se comprometeu com o Auxílio Brasil de R$ 600, reivindicou a autoria do Pix e considerou equivocadas as projeções de analistas para a inflação
O que Bolsonaro, Lula e Ciro querem para o Brasil? Confira o programa de governo dos presidenciáveis
Os três já apresentaram seus planos para o país: um prioriza transformar o Brasil em uma potência econômica, o outro foca na restauração das condições de vida da população e o terceiro destaca aspectos econômicos e educacionais
Vão fatiar: Lula e Bolsonaro querem desmembrar Economia e ressuscitar ministérios de outras áreas — veja a configuração
Caso o petista vença, a ideia é que o número de ministérios passe dos atuais 23 para 32. Já Bolsonaro, que na campanha de 2018 prometeu ter apenas 15 ministérios e fazia uma forte crítica ao loteamento de cargos, hoje tem 23 e também deu pastas ao Centrão
Avanço de Ciro e Simone na pesquisa BTG/FSB ajuda Bolsonaro a forçar segundo turno contra Lula
Em segundo turno, porém, enquanto Lula venceria em todos os cenários, Bolsonaro sairia derrotado em todas as simulações da pesquisa BTG/FSB
Propaganda barrada: ministro do TSE atende pedido de Lula e proíbe Bolsonaro de usar imagens do 7 de setembro em campanha; veja qual foi o argumento
O ministro viu favorecimento eleitoral do candidato e atendeu a um pedido da coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para barrar as imagens
Lula vs. Bolsonaro: no ‘vale tudo’ das redes sociais, quem está vencendo? Descubra qual dos candidatos domina a batalha e como isso pode influenciar o resultado das eleições
A corrida eleitoral começou e a batalha por votos nas redes sociais está à solta; veja quem está ganhando
‘Bolsonaro não dormiu ontem’: Lula comemora liderança nas pesquisas e atribui assassinato de petista a presidente ‘genocida’
O candidato do PT afirmou que o presidente não consegue convencer a população mesmo com gastos eleitoreiros altos
Bolsonaro é o candidato com maior número de processos no TSE — veja as principais acusações contra o presidente
Levantamento mostra que o candidato à reeleição é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte até o início de setembro
7 de setembro ajudou? A distância entre Lula e Bolsonaro é a menor desde maio de 2021, segundo pesquisa Datafolha
Levantamento foi feito após as manifestações do Dia da Independência, feriado usado pelo atual presidente para atos de campanha, algo que nunca tinha acontecido na história recente do Brasil
Um novo significado de ‘imbrochável’: Jair Bolsonaro explica coro em discurso de 7 de setembro
Em transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro explicou que o coro seria uma alusão ao fato de resistir a supostos ataques diários contra seu governo