O presidente Jair Bolsonaro vai “bater o martelo” sobre o desenho da reforma da Previdência nesta quinta-feira, após conversar com o restante de sua equipe. O presidente, que teve alta hoje após 18 dias internado, deu entrevista à “TV Record”.
O desenho final da reforma é o evento mais aguardado pelo mercado, que assim poderá fazer contas para descobrir se o modelo proposto tem capacidade de garantir sustentabilidade fiscal ao país, estabilizando e posteriormente reduzindo uma explosiva relação dívida/PIB.
Com o conhecimento do texto, também começam a ser feitos outros cálculos, muito menos objetivos, envolvendo a articulação política necessária para se garantir os votos na Câmara e no Senado.
Entre os investidores locais e externos a percepção é de um cenário binário. Ou a reforma passa e as coisas se arrumam, ou sem reformas rumamos para o abismo fiscal.
Na entrevista, Bolsonaro disse que não gostaria de fazer uma reforma da Previdência, mas ponderou que sem essa medida o Brasil quebraria nos próximos anos.
“Gostaria de não fazer reforma nenhuma da Previdência, mas sou obrigado a fazê-la, caso contrário o Brasil quebrará em 2022 ou 2023”, disse.
O presidente não confirmou que teria fechado posição com relação à idade mínima para aposentadoria. Ontem, circularam notícias de que ele teria decidido por 57 anos para mulheres e 62 anos para os homens.
“A grande dúvida na idade é se passariam para 62 anos ou 65 anos os homens e para a mulher para 57 ou 60 anos. Isso será decidido amanhã”, disse.
Sobre a transição, o presidente disse que ser for o 57/62, haverá transição, obviamente, “para ou outro lado também, mas seria até 2030, 2032 aproximadamente”.
Ainda de acordo com o presidente, o que for proposto para os militares será colocado para os policiais militares, bombeiros e policiais civis, mas essa proposta “chegará à Câmara em um segundo tempo”. Segundo o presidente “para nós”, não depende de emenda à Constituição, mas um simples projeto de lei.
Agenda oficial do ministro da Economia, Paulo Guedes, lista reunião com o presidente das 15 horas às 16h30. Hoje, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não garantiu que a reforma da Previdência será apresentada já próxima semana.
O vice
Perguntado sobre a desenvoltura de Hamilton Mourão no breve período de interinidade, Bolsonaro disse que ele é um colega da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), mas que ele dá umas "escorregadas" no tocante à relação com a mídia. Mourão comentou todo e qualquer assunto que fosse perguntado no período que Bolsonaro esteve internado em São Paulo. "Temos um bom diálogo e pode ter certeza que Mourão estará cada vez mais preparado para me substituir."
O presidente também comentou as notícias de que o núcleo militar do governo preferia que Mourão assumisse a Presidência no seu lugar. Segundo Bolsonaro, isso não ocorreu. Ele também disse que esse tipo de notícia é como as que tentam colocar ele contra seus filhos.

Gustavo Bebianno
Perguntado sobre as denúncias de candidaturas laranjas de seu partido, o PSL, e sobre o possível envolvimento do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, Bolsonaro disse que determinou, por intermédio do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que o caso seja investigado pela Polícia Federal. E quem estiver envolvido e for responsabilizado .
"Se tiver envolvido e, logicamente, for responsabilizado, o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, disse.
O presidente reafirmou que não falou com Bebianno, como foi noticiado. Nesta quarta-feira, o filho Carlos Bolsonaro abriu um áudio do presidente com o ministro, para desmentir fala de Bebiano. A ação foi bastante criticada, pois trouxe para dentro do Palácio do Planalto uma crise que era, inicialmente, do PSL. A dúvida, agora, é se Bebianno manterá o cargo de ministro.
Não há roupa suja a ser lavada! Apenas a verdade: Bolsonaro não tratou com Bebiano o assunto exposto pelo O Globo como disse que tratou: pic.twitter.com/pJ4bkvMMGj
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) February 13, 2019