Que tal investir em ações para gerar renda? Aprenda a investir de olho nos dividendos das empresas
Conheça os tipos de proventos distribuídos pelas empresas com ações negociadas em bolsa e aprenda a selecionar ações que podem ser boas geradoras de renda

Os investimentos que geram renda estão entre os preferidos dos brasileiros. Quem não gosta da ideia de receber uma grana na conta de tempos em tempos, sem ter que se preocupar em ficar comprando e vendendo o que pode se valorizar?
É por isso que a compra de imóveis para alugar é uma das estratégias mais usadas pelos investidores brasileiros, e o investimento em fundos imobiliários que pagam aluguéis mensais vem se popularizando tanto.
Mas existe um outro tipo de investimento que também pode gerar renda e que, dada a nova realidade de juros baixos no Brasil, tende a ganhar cada vez mais os holofotes: o investimento em ações para lucrar com os dividendos e demais proventos distribuídos pelas empresas aos seus acionistas.
Esta é a principal estratégia de investimento dos maiores investidores pessoas físicas da bolsa brasileira, como o bilionário paulistano Luiz Barsi.
O que são dividendos
Os dividendos constituem a porção do lucro das empresas que é distribuída periodicamente aos acionistas. Ou seja, para os sócios receberem dividendos, a empresa precisa dar lucro. Do contrário, nada feito. Por isso que ações são investimentos de renda variável.
A companhia pode optar por fazer pagamentos mensais - o que é menos comum -, trimestrais, semestrais ou mesmo anuais.
Leia Também
As empresas devem estabelecer, em estatuto, o percentual mínimo dos lucros a ser distribuído para os sócios (dividendo mínimo obrigatório), bem como a periodicidade dessa distribuição.
Caso o estatuto não tenha menção ao dividendo mínimo, os acionistas deverão receber pelo menos 50% do lucro líquido do exercício após alguns descontos ou acréscimos estabelecidos na Lei das Sociedades por Ações (Lei das S/A).
Mas se o estatuto for omisso sobre a questão, e os acionistas resolverem deliberar, em assembleia-geral, a sua alteração para definir um dividendo mínimo obrigatório, este não poderá corresponder a menos de 25% do lucro líquido ajustado.
No entanto, se quando a companhia foi a mercado seu estatuto determinava um dividendo mínimo obrigatório inferior a 25% dos lucros, ela não precisa alterar o estatuto para elevar esse percentual.
Uma empresa pode optar por um dividendo mínimo baixo para reinvestir os lucros no próprio negócio e crescer, por exemplo.
Há apenas uma condição em que uma empresa lucrativa pode se isentar de remunerar os seus acionistas: caso os órgãos da administração informem à assembleia-geral de acionistas que o pagamento de dividendos naquele período é incompatível com a situação financeira da companhia.
De olho na remuneração: o dividend yield
Para saber se uma ação é um bom investimento sob a ótica dos dividendos, basta verificar seu dividend yield, indicador que mostra quanto do valor de uma ação retorna para o acionista na forma de proventos. O ideal é analisar esta métrica por períodos longos de tempo, algo entre cinco e dez anos.
O dividend yield é expresso na forma percentual e corresponde ao valor do dividendo pago por ação no período de análise (geralmente um ano) dividido pelo preço da ação.
Pode-se considerar o último preço negociado, o preço-alvo estimado, o preço médio da ação no período analisado ou o preço na data de pagamento de cada provento no período.
Se quisermos, por exemplo, estimar o dividend yield de uma empresa, podemos anualizar o valor de dividendos distribuídos no último trimestre, conforme divulgado nos resultados da companhia, e dividi-lo pelo preço atual das ações.
Assim, saberíamos quanto poderíamos receber de dividendos, em termos percentuais, se comprássemos a ação hoje e ficássemos com ela por um ano.
Quanto maior o dividend yield, maior o retorno de dividendos em relação ao preço da ação. Por exemplo, podemos considerar que uma empresa com dividend yield de 10% distribui um décimo do preço da sua ação na forma de dividendos aos acionistas.
A quantia em dinheiro que o acionista recebe na conta da sua corretora será proporcional à quantidade de ações que ele detém na empresa. Mas ele só recebe os dividendos caso ainda possua as ações na carteira na data-limite determinada para o pagamento, independentemente de quando as tenha comprado.
Um benefício e tanto
Os dividendos correspondem a uma parcela do lucro líquido, que nada mais é do que o resultado positivo da empresa após descontados o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No geral, a alíquota do IRPJ é de 25% e a CSLL é de 9%, o que gera uma despesa tributária de 34%.
Somente após descontados esses tributos é que a empresa tem a base de cálculo dos dividendos. Assim, para evitar a bitributação, os dividendos são isentos de imposto de renda para os acionistas.
Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Além dos dividendos, as companhias também podem pagar Juros sobre Capital Próprio (JCP) aos seus acionistas.
As diferenças entre dividendos e JCP são contábeis e tributárias. O pagamento de JCP também é uma forma de distribuir lucros, mas em vez de terem um benefício tributário para os acionistas, como ocorre com os dividendos, os Juros sobre Capital Próprio beneficiam a empresa.
É que o provento é considerado uma despesa financeira, contribuindo para reduzir a base tributária da companhia, que paga menos imposto.
Em razão disso, os Juros sobre Capital Próprio não são isentos de IR para os acionistas. Eles são tributados na fonte a uma alíquota de 15%.
A companhia só faz o pagamento de JCP quanto lhe é interessante. Além disso, o valor do provento está limitado ao valor da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) aplicada sobre o capital social da empresa. A TJLP é determinada pelo governo federal.
Maior dividend yield nem sempre é sinônimo de bom investimento
Mas será que basta apenas olhar para o dividend yield de uma empresa para determinar um bom investimento?
Para descobrir, fiz uma busca no site da consultoria Com Dinheiro. No cálculo, selecionei o dividend yield que havia sido entregue por todas as companhias listadas em bolsa durante os últimos cinco anos.
Ao olhar os papéis que aparecem no ranking das 40 empresas que são as maiores pagadoras de dividendos, há algumas surpresas. Em primeiro lugar estão as ações ordinárias da General Shopping (GSHP3), uma administradora de shopping centers.
O ponto é que a companhia esteve envolvida em uma polêmica justamente sobre a distribuição de seus dividendos no início deste ano. Na ocasião, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou sobre a distribuição extraordinária de dividendos no valor de R$ 829 milhões. A operação chamou a atenção porque o dividendo equivalia a 4,4 vezes o valor da companhia em bolsa na época.
Além disso, os dois últimos balanços da empresa apontam que a dívida líquida sobre o potencial de geração de caixa (Ebitda) aparece mais comprometido, já que a razão entre ambos passou de 9,17 para 9,83 no segundo trimestre deste ano.
Isso não é atraente aos olhos do investidor e mostra que a empresa está muito alavancada, principalmente em relação a concorrentes, como BR Malls (BRML3) e Iguatemi (IGTA3).
Outro ponto que chama a atenção ao olhar a tabela é que há empresas que estão em recuperação judicial como a Saraiva. Suas duas classes de ações (SLED4 e SLED3) aparecem entre as maiores pagadoras de dividendos.
Ou seja, ações com um dividend yield elevado podem pertencer a empresas que não estão financeiramente saudáveis - companhias muito endividadas e cujas ações estejam muito descontadas, por exemplo.
Olhos bem abertos
Como você pôde notar, olhar apenas para o dividend yield não é o bastante. Por isso, eu resolvi conversar com Roberto Lira, da Icatu Vanguarda, gestor de um dos maiores fundos de dividendos do país hoje.
Lira é o responsável por administrar a carteira do fundo Icatu Vanguarda Dividendos FIA, que tem R$ 1,350 bilhão sob gestão. Com olhar apurado, ele me contou quais são os grandes segredos para garimpar as melhores pagadoras de proventos.
Segundo o gestor, o primeiro passo é fazer uma análise mais qualitativa. Por exemplo, verificar se a empresa tem um bom histórico de execução e estratégia bem definida. Além disso, suas análises sempre buscam traçar um horizonte de investimento de longo prazo, entre cinco e 10 anos.
Já do ponto de vista quantitativo, é importante verificar se a companhia tem espaço para continuar a crescer. O gestor verifica se a companhia gera caixa e se ela não está endividada demais.
Para isso, a dica de Lira é prestar atenção ao indicador que mede a razão entre a dívida líquida e o potencial de geração de caixa (Ebitda). Essa relação indica quanto do caixa da companhia fica comprometido com as dívidas que ela tem a pagar, e quanto maior esse indicador, pior.
Diversificar é o lema
Mas um dos grandes segredos do gestor é apostar na diversificação. Ao ser questionado sobre os setores que prefere, Lira me disse que dá preferência às empresas em que é possível ter maior previsibilidade de resultados.
"A nossa principal posição é no setor elétrico, especialmente porque há uma previsibilidade maior de resultados. Geralmente, estamos falando de empresas reguladas e que são muito bem gerenciadas. Logo, ao fazer o valuation [avaliar a empresa] é possível projetar com maior tranquilidade", destaca o gestor.
Além de companhias no setor elétrico, outros setores que estão no radar de Lira são empresas dos setores financeiro e de saneamento, além de shopping centers. Sua carteira conta com ações de 15 a 20 empresas.
Lira evita negócios ligados aos setores de commodities, construção ou que dependam muito de variáveis externas, que possam fazer seus lucros variarem demais.
Como investir com foco na renda gerada pelas ações
Além da compra direta das ações na bolsa, o investidor que deseja uma geração de renda pode também optar pelo ETF DIVO11, atrelado ao Índice de Dividendos, o IDIV.
ETF são fundos com cotas negociadas em bolsa que replicam, com o máximo de aderência possível, o desempenho de um índice de mercado.
No caso do DIVO11, em vez de o investidor comprar todas as ações que compõem a carteira do índice, consideradas as melhores pagadoras de proventos da bolsa, basta comprar cotas do ETF.
A compra de ETF é feita da mesma forma que a compra de ações: pelo home broker ou mesa de operações da sua corretora.
O investimento inicial mínimo é baixo, e o investidor está sujeito aos mesmos custos da negociação de ações, além de uma taxa de administração que costuma ser inferior às taxas dos fundos de ações que não são ETF.
As ações com maior peso no IDIV atualmente pertencem a companhias dos setores financeiro - como Itaúsa (ITSA4), Itaú Unibanco (ITUB3 E ITUB4), BB Seguridade (BBSE3) - e de energia elétrica - CTEEP (TRPL4), Engie Brasil (EGIE3) e Taesa (TAEE11).
Além dos ETF, o investidor pode também investir em fundos de dividendos. São fundos de investimento abertos cujo foco são as ações de empresas que são boas pagadoras de dividendos.
Muito acima da Selic: 6 empresas pagam dividendos maiores do que os juros de 14,75% — e uma delas bateu um rendimento de 76% no último ano
É difícil competir com a renda fixa quando a Selic está pagando 14,75% ao ano, mas algumas empresas conseguem se diferenciar com suas distribuições de lucros
Ambev (ABEV3) tem lucro estável no 1º trimestre e anuncia R$ 2 bilhões em dividendos; ações saltam na B3
Lucro no 1T25 foi de R$ 3,8 bilhões, praticamente estável na comparação anual e em linha com o consenso de mercado
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão
O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas
Mesmo com apetite ao risco menor, Bradesco (BBDC4) supera expectativas e vê lucro crescer quase 40% no 1T25, a R$ 5,9 bilhões
Além do aumento na lucratividade, o banco também apresentou avanços na rentabilidade, com inadimplência e provisões contidas; veja os destaques
Caixa Seguridade (CXSE3) ou BB Seguridade (BBSE3): qual empresa brilhou nos resultados do primeiro trimestre e vale mais a pena comprar?
Analistas do BTG avaliam as duas empresas e destacam que apenas uma tem um “trunfo” que faz seu modelo de negócio ser mais vantajoso para o investidor; confira
Klabin (KLBN11) avança entre as maiores altas do Ibovespa após balanço do 1T25 e anúncio de R$ 279 milhões em dividendos
Analistas do Itaú BBA destacaram a geração de fluxo de caixa livre (FCF) e a valorização do real frente ao dólar como motores do otimismo
Conselho de administração da Mobly (MBLY3) recomenda que acionistas não aceitem OPA dos fundadores da Tok&Stok
Conselheiros dizem que oferta não atende aos melhores interesses da companhia; apesar de queda da ação no ano, ela ainda é negociada a um preço superior ao ofertado, o que de fato não justifica a adesão do acionista individual à OPA
Balanço fraco da RD Saúde (RADL3) derruba ações e aumenta pressão sobre rede de farmácias. Vale a pena comprar na queda?
Apesar das expectativas mais baixas para o trimestre, os resultados fracos da RD Saúde decepcionaram o mercado, intensificando a pressão sobre as ações
Analista revela 5 ações para buscar dividendos em maio diante de perspectiva de virada no mercado
Carteira gratuita de dividendos da Empiricus seleciona papéis com bom potencial de retorno em maio
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Odontoprev (ODPV3) e Caixa Seguridade (CXSE3) vão distribuir mais de R$ 1 bilhão em dividendos; veja mais quem paga
A maior fatia dessa distribuição corresponde à Caixa Seguridade; o restante está dividido entre Odontoprev e a Vulcabras; confira os prazos de pagamento
Méliuz (CASH3): assembleia não consegue quórum mínimo para aprovar investimento pesado em bitcoin (BTC)
Apesar do revés, a companhia fará uma segunda convocação, no dia 15 de maio, quando não há necessidade de quórum mínimo, apenas da aprovação das pautas de 50% + 1 dos acionistas.
Dividendos: Magalu (MGLU3), Auren (AURE3), Fleury (FLRY3) e JHSF (JHSF3) estão entre as empresas que pagam proventos na semana; veja a agenda
Mais de 20 companhias distribuem dividendos ou JCP nos próximos dias; confira o calendário completo
Balanço da BB Seguridade (BBSE3) desagrada e ações caem forte na B3. O que frustrou o mercado no 1T25 (e o que fazer com os papéis agora)?
Avaliação dos analistas é que o resultado do trimestre foi negativo, pressionado pela lucratividade abaixo das expectativas; veja os destaques do balanço
Rafael Ferri vai virar o jogo para o Pão de Açúcar (PCAR3)? Ação desaba 21% após balanço do 1T25 e CEO coloca esperanças no novo conselho
Em conferência com os analistas após os resultados, o CEO Marcelo Pimentel disse confiar no conselho eleito na véspera para ajudar a empresa a se recuperar
É recorde: Ações da Brava Energia (BRAV3) lideram altas do Ibovespa com novo salto de produção em abril. O que está por trás da performance?
A companhia informou na noite passada que atingiu um novo pico de produção em abril, com um aumento de 15% em relação ao volume visto em março
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Em viagem à Califórnia, Haddad afirma que vai acelerar desoneração de data centers para aumentar investimentos no Brasil
O ministro da Fazenda ainda deve se encontrar com executivos da Nvidia e da Amazon em busca de capital estrangeiro para o País
Onde investir em maio: Petrobras (PETR4), Cosan (CSAN3), AT&T (ATTB34) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs
Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research e do BTG Pactual compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional