A carne já está salgada e logo o churrasco vai começar aqui em casa. Dei um pulo no Paraná neste fim de semana para comemorar o Dia dos Pais com o meu. É no meu “velho” que me inspiro para escrever hoje.
Recentemente, ele me chamou para uma conversa séria. Está preocupado com o rendimento dos seus investimentos. Admitiu, um pouco envergonhado, que negligenciou o seu lado investidor nos últimos anos.
Ele até acompanhou o mercado imobiliário, mas nunca prestou muita atenção no que fazer com o dinheiro que fica no banco. O que tem na carteira? Aplicações de renda fixa recomendadas pelo gerente. A verdade é que elas nunca foram o filé mignon dos investimentos. Mas quando a taxa Selic estava na casa dos 14% não tinha muito do que reclamar. Era um bom rendimento com risco quase zero.
Com o país com a taxa de juro na mínima histórica, os retornos na renda fixa encolheram. Para quem estava acostumado com os ganhos fáceis de antes, é agoniante ver o dinheiro rendendo quase nada. Por outro lado, é um momento histórico no país, que finalmente tem juros civilizados e um cenário mais favorável para ativos de risco, como ações e fundos imobiliários.
O investidor brasileiro vai ter que aprender na marra a navegar nesse novo ambiente. Como diz o ditado, quando a água bate na bunda é que se aprende a nadar.
Acha que está muito velho para mudar? É pai de família e tem medo de comprometer seu patrimônio? Calma lá! Felizmente, o Seu Dinheiro existe para te guiar nessa nova jornada. Para quem compartilha os anseios do meu pai, resumi aqui os mesmos conselhos que dei para ele.
1º passo: pente fino
Antes de correr para a bolsa de valores, faça um pente fino em todas as suas contas em bancos e corretoras e se livre das roubadas. Você paga alguma taxa para ter uma conta corrente? E anuidade no cartão de crédito? O banco te cobra taxa de administração para o dinheiro aplicado em um fundo DI simples?
Se a resposta foi sim a alguma das questões anteriores, você já encontrou o primeiro problema para atacar. Perder dinheiro é sempre ruim, mas em tempos de vacas magras na renda fixa qualquer “taxinha” faz diferença. Nesta reportagem, a Julia Wiltgen explica como conseguir uma conta no banco e um cartão de crédito sem tarifas.
2º passo: onde estão seus investimentos?
Agora é a hora de você pesquisar sobre as plataformas abertas de investimento. Felizmente, a briga entre elas anda boa e isso tem melhorado cada vez mais a oferta de produtos e serviços. Como quase todas oferecem taxa zero para abertura e manutenção de contas, isso nem é mais diferencial. É pré-requisito.
O que você precisa observar mesmo é se o sistema é amigável/confiável e o que tem na prateleira.
Como é de graça, sugiro que você abra sua conta e dê uma boa fuçada. Se você se sentir confortável, transfira uma parte do seu dinheiro para a plataforma e comece a investir.
3° passo: dimensione sua reserva de emergência
Por mais arrojado que você seja, é prudente que você mantenha parte de suas aplicações em investimentos seguros e de alta liquidez. Você precisa ter ideia sobre a quais riscos está exposto e quanto precisa manter guardado para evitar que sua família passe apuros.
O tamanho da reserva de emergência depende da característica de cada família. Um casal de servidores públicos sem dependentes, por exemplo, tem menos “risco” do que outro com profissionais autônomos e filhos em escola particular. No primeiro caso, talvez seja suficiente manter uma reserva que cubra os gastos da família por três meses. No outro, é prudente guardar renda para um ano.
A primeira mexida na sua carteira de investimentos pode ser justamente na alocação da sua reserva de emergência. Dá para fazer melhor do que deixar o dinheiro na poupança ou em algum fundo DI que cobra taxa de administração.
Nesta reportagem da área Premium do Seu Dinheiro, indicamos três fundos de investimento sem taxa de administração que rendem mais que o Tesouro Selic e são boas opções para sua reserva de emergência.
4º passo: O pulo do gato
Separado o dinheiro da emergência, é hora de alocar o restante do seu patrimônio. Os dados da Anbima do primeiro semestre mostram que o investidor brasileiro do varejo tem uma posição significativamente maior na renda fixa do que o de alta renda, que geralmente é melhor assessorado e tem acesso a mais produtos.
O pulo do gato é que você não precisa deixar TODO o seu dinheiro na renda fixa, muito menos em aplicações com liquidez diária. Quem quiser ganhos mais robustos, precisa aceitar o risco de aplicações em renda variável.
Não é balela esse lance de diversificar a carteira. Há oportunidade de ganhar mais na bolsa de valores e em aplicações de renda fixa menos conservadoras. Se você quiser ir além, pode colocar ainda “aquele 1%” do seu dinheiro em bitcoin ou em outra criptomoeda (vai que decola!).
No ebook de Onde Investir no 2º Semestre, a equipe do Seu Dinheiro traz um panorama com as oportunidades para cada classe de ativos. Nesta semana, publicamos também quatro sugestões de carteiras para investidores arrojados e outras quatro para os conservadores.
Meu pai, aos 60, encarou o desafio de repensar sua postura de investidor. Já anda por aí todo modernão com seu cartão de crédito roxo sem tarifa. Decidiu tirar um tempo para estudar sobre como funciona a bolsa de valores e anda interessado em oportunidades nas small caps. E até se animou em arriscar um pouquinho com bitcoin. Que orgulho!
E você? Está disposto a mudar? A água bateu na bunda. É hora de decidir se você vai nadar ou ficar juntando conchinha na praia.
Tem dúvidas sobre investimento? O que você gostaria de ler no Seu Dinheiro? Me escreva no [email protected].
Um abraço, ótimo domingo e feliz Dia dos Pais!