O volume de vendas no varejo ficou estável em junho, com leve crescimento de 0,1%, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta quarta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com junho de 2018, o setor caiu 0,3%.
Embora o primeiro semestre tenha registrado alta de 0,6%, desde fevereiro o comércio mostra perda de ritmo, com o acumulado em 12 meses caindo de 2,4%, naquele mês, para 1,1% em junho.
O índice de junho, em relação a maio, foi influenciado pela estabilidade de hipermercados (0,0%) e de outros artigos (0,1%), que juntos respondem por cerca de 60% do resultado no mês.
No entanto, as vendas nessas atividades têm tido comportamentos diferentes. Enquanto hipermercados apresentam perda de ritmo, com -0,3% no primeiro semestre, outros artigos mostram crescimento de 4,4% nesse período.
O resultado semestral sinaliza desaceleração no volume de vendas. Mesmo com a quarta comparação semestral positiva consecutiva, de 0,6% no primeiro semestre, o setor mostra queda no ritmo na comparação a semestres anteriores, quando cresceu 4,2% no segundo semestre de 2017, 2,9% no primeiro semestre de 2018 e 1,7% no segundo semestre de 2018.
Varejo ampliado também perde ritmo
Já o comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e materiais de construção, após avançar por três meses, também apontou perda de ritmo nas vendas, ficando estável em junho, na comparação com maio.
Frente a junho de 2018, o setor expandiu 1,7% e acumulou 3,2% de ganho nos primeiros seis meses do ano de 2019. O indicador acumulado nos últimos doze meses, caiu de 3,9% até maio para 3,7% até junho.
“Ainda que o mercado de trabalho tenha mostrado aumento de população ocupada, esse aumento se deu no emprego informal, que tem um rendimento mais baixo, além de não ter benefícios e nem acesso a crédito, por isso não se refletiu no setor do comércio”, concluiu Isabella Nunes.
Falta dinamismo
Na avaliação de Nunes, o varejo tem mostrado baixo ritmo de crescimento no ano de 2019, em linha com a falta de dinamismo da recuperação econômica.
"A recuperação no mercado de trabalho vem se dando de forma lenta e com um perfil que não ajuda muito ao comércio. São vagas informais, com renda mais baixa. A renda disponível na economia se mantém estável". "É sempre um conjunto de fatores, nunca é isolado", completou.
Outro fator por trás das dificuldades enfrentadas pelo varejo é o endividamento das famílias. "Se a maior parte das famílias está endividada, antes de consumo, elas vão estar primeiro tentando resolver esse problema do endividamento", opinou.
"O varejo tem dois meses de estabilidade na série com ajuste sazonal", resumiu Isabella.
Em junho, o comércio varejista está apenas 0,4% acima do patamar que encerrou 2018. O desempenho em 2019 tem sido prejudicado pelo setor de supermercados, que opera 1,3% abaixo do patamar de dezembro de 2018.
"Não quer dizer que esteja deixando de vender. O supermercado é uma atividade que tem grande poder de substituição. Ao se alimentar, você pode estar optando por um produto com preço menor. As pessoas não deixam de comer. Elas podem substituir", explicou Isabella.
No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume vendido está em melhor posição, 2,5% acima do patamar de dezembro, alavancado pelo segmento de veículos, que opera em nível 14,9% superior ao do fim de 2018.
"O varejo ampliado mostra dinamismo maior puxado por veículos", confirmou Isabella.
*Com Estadão Conteúdo.