O Federal Reserve (Fed), banco central americano, manteve a taxa de juro americana entre 2,25% e 2,5% ao ano. Mas fala em aumento de incertezas e que pode atuar de forma apropriada para garantir crescimento sustentado e inflação ao redor de 2%. Até sua reunião, de 1º de maio, a linguagem era de “paciência” em determinar os ajustes futuros da política monetária. A percepção é de que o Fed pode atuar, mas não há urgência em fazer isso.
A reação do mercado foi marginalmente positiva, com o Dow Jones subindo 0,14%, o Nasdaq avançando 0,24%, e o S&P ganhando 0,17%. Até a divulgação os indicadores rondavam a estabilidade ou tinham breves variações negativas.
Mas por aqui o anúncio do Fed injetou ânimo nos investidores. O Ibovespa passou a operar em alta e encostou nos 100 mil pontos, enquanto que o dólar virou e passou a ser negociado em queda. Confira nossa cobertura completa de mercados.
A decisão não foi unânime, com James Bullard votando por uma redução de 0,25 ponto já neste encontro.
Uma mudança na comunicação já era esperada depois que o presidente Jerome Powell tinha falado, em 4 de junho, que o Fed estava pronto a atuar caso os desdobramentos da guerra comercial e outros eventos impactassem a economia americana.
"À luz dessas incertezas e na ausência de pressões inflacionadas, o Comitê ira acompanhar de perto as implicações de novas informações sobre o cenário econômico e atuará de forma apropriada para sustentar a expansão da atividade, com mercado de trabalho forte e inflação próxima da meta simétrica de 2%", diz o comunicado.
No comunicado, o Fed também fala que a atividade econômica apresenta taxa "moderada" e não mais sólida de expansão. Sobre inflação, foi mantida a avaliação de leituras abaixo dos 2% e que algumas medidas de mercado recuaram.
Nesta edição, o Fed também apresenta as projeções de seus membros para algumas variáveis econômicas. A previsão para crescimento para 2019 foi mantida em 2,1%, para 2020 subiu de 1,9% para 2% e para 2021 ficou em 1,8%. Para a inflação, a mediana caiu de 1,8% para 1,5% em 2019, de 2% para 1,9% em 2020 e seguiu em 2% para 2021.
No famoso gráfico dos pontos, é possível avaliar que cerca de metade dos acreditam em ao menos uma redução de juros agora em 2019. Mas o sumário de projeções, mostra juro em 2,4% em 2019, igual a leitura mediana de março, e de 2,1% em 2020, contra 2,6% de março.
Jerome fala
O presidente do Fed, Jerome Powell falou que houve uma piora no cenário econômico desde a última reunião, mas que é importante que a política monetária não reaja a oscilações de curto prazo. Assim, ele e seus colegas vão acompanhar os próximos indicadores e avaliar o uso das ferramentas apropriadas para sustentar a expansão da economia.
Já na parte de perguntas e respostas, Powell disse que o Fed não olha apenas um dado, após ser perguntado sobre as negociações comerciais com a China, mas sim se os riscos ao crescimento e à inflação vão persistir. Particularmente sobre inflação, o aceno é de que a convergência à meta de 2% será mais lenta.
Sobre o voto contrário no colegiado, Powell disse que as dissidências bem argumentadas são um processo saudável e que a tomada de decisões é melhorada quando se dá ouvido a diferentes visões.
Por que não agora?
Perguntado do motivo que levou o Fed a não cortar os juros já nesta reunião, Powell foi franco ao dizer que a maioria dos membros do colegiado, como ele, achou apropriado ver mais dados antes de agir. Segundo o presidente, algumas indicações são muito recentes e podem não ser duradouras.
“O que estamos nos perguntando é se esses riscos vão continuar a pesar sobre o cenário econômico. Vamos atuar conforme o necessário, tempestivamente se isso for apropriado, e vamos usar nossas ferramentas para sustentar a expansão da atividade”, disse.
Perguntado sobre a moeda virtual anunciada pelo Facebook nesta semana, Powell disse que não acredita em uma substituição rápida da moeda emitida por bancos centrais por moedas digitais.
“Moedas digitais estão na sua infância. Então, não estou muito preocupado com a possibilidade de os bancos centrais não poderem mais levar adiante a política monetária por causa das moedas digitais”, disse.
Powell deu a entender que tanto o Facebook quanto outras empresas desse mercado têm procurado e conversado com os reguladores sobre as inovações em meios de pagamentos.