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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
NO FIO DA NAVALHA

Powell fala o que os investidores queriam ouvir — saiba o que o chefe do Fed disse e que fez Wall Street disparar

O banco central norte-americano anunciou a segunda alta de 0,75 ponto percentual seguida da taxa de juro, mas o mercado não se assustou com o calibre do aperto; entenda o que ajudou as bolsas a subirem

Carolina Gama
27 de julho de 2022
16:28 - atualizado às 17:27
Imagem mostra Jerome Powell como grande estrela do mercado financeiro
Imagem: Shutterstock, com intervenções de Andrei Morais

O mercado financeiro geralmente anda no fio da navalha. Basta um dado ou uma frase para que as bolsas subam ou despenquem. Nesta quarta-feira (27) também foi assim. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, falou por cerca de 1h, mas uma declaração fez Wall Street disparar.

O banco central norte-americano anunciou na tarde de hoje um novo aumento de 0,75 ponto percentual (pp), colocando o  juro na faixa entre 2,25% e 2,50% a ano

Essa é a ação consecutiva mais rigorosa desde que o Fed começou a usar a taxa básica como principal ferramenta de política monetária, no início dos anos 1990.

Então por que as bolsas de Nova York dispararam diante de um aperto monetário tão agressivo?

A primeira coisa a se ter em mente é que o mercado já esperava uma elevação de 0,75 pp na reunião desta quarta-feira. Então, ninguém foi pego de surpresa apesar do calibre do aumento do juro. 

A segunda é o efeito Powell. Toda decisão do Fed é seguida de uma coletiva do presidente do banco central norte-americano. É nesse momento que a autoridade monetária dá sinais do que está por vir e o que espera da economia. 

Powell salva o dia em Wall Street

As bolsas em Nova York já operavam em alta antes da decisão do Fed, em boa parte embaladas pelos balanços das grandes empresas de tecnologia dos EUA. 

Mas foi Powell começar a falar que Wall Street disparou, renovando máximas intradiárias. O Dow Jones avançou 200 pontos e o Nasdaq passou a subir 3%. 

A disparada veio depois que o chefe do principal banco central do mundo disse que o ritmo de elevação da taxa de juros deve diminuir. 

“Nos próximos meses vamos buscar evidências de que a inflação está desacelerando na direção de nossa meta. Vamos continuar subindo o juro, mas o tamanho do aumento depende dos dados que virão. Acreditamos que a tendência é de redução do grau do aperto”, afirmou Powell. 

Apesar de ter dado esperanças aos investidores de que o Fed seguirá aumentando a taxa básica, mas em ritmo menor, Powell tentou manter os pés no chão. 

“Não vamos medir esforços para trazer a inflação para a meta no longo prazo e se precisarmos ser mais agressivos do que já estamos sendo agora, não vamos hesitar”, disse ele. 

Powell provoca explosão dos ganhos em Nova York

A explosão dos ganhos em Nova York, no entanto, veio alguns minutos depois dessa sinalização de que o ritmo de aumento de juros pode abrandar. 

Questionado sobre as chances de recessão nos EUA, Powell foi contundente ao negar que a economia dos EUA esteja nessa situação. 

“A economia norte-americana vai desacelerar. E isso já iria acontecer porque o ritmo de expansão vinha forte. Agora temos um aperto monetário em andamento, então é natural que o crescimento econômico desacelere”, disse. 

“Não existe um crescimento sustentável e acima do potencial sem a estabilidade de preços. Vamos perseguir isso e terá um custo: a desaceleração econômica. É um preço que temos que pagar por estar aumentando tanto o juro para controlar a inflação”, acrescentou. 

O quadro pintado por Powell de ritmo menor de aumento da taxa básica somado à desaceleração econômica — e não uma recessão — fez o Dow Jones subir cerca de 500 pontos e o Nasdaq passou dos 4%. 

Se Powell está certo ou não, não vai demorar para saber. Na quinta-feira (28), o governo norte-americano divulga o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre. Será, literalmente, ver para crer.

Veja também: É hora de investir em ações do exterior ou em BDRs?

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