‘Não se pode ficar de malzinho com os EUA’
Executivo da Cargill assume hoje o conselho da Amcham, entidade que comemora 100 anos no Brasil

O alinhamento entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos é um avanço para as relações comerciais brasileiras e a expectativa da Câmara Americana de Comércio (Amcham) é que os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump evoluam nas conversas de negociação de um acordo de livre-comércio. "Os EUA são o maior consumidor do mundo. Não se pode ficar de malzinho, entre aspas, com eles", diz o presidente da Cargill no Brasil, Luiz Pretti.
Confira uma entrevista com o executivo, que assume nesta quarta-feira, 10, a presidência do conselho de administração da Amcham, em cerimônia de comemoração dos 100 anos da entidade no Brasil.
Como o sr. vê a relação entre Brasil e EUA sob as administrações de Bolsonaro e Trump?
A relação no governo anterior (de Dilma Rousseff) estava meio jogada de lado. Os EUA são o maior consumidor do mundo. Não se pode ficar de malzinho, entre aspas, com ele. As empresas americanas, em 2018, injetaram no Brasil US$ 3,2 bilhões, o que representa 25% do total de investimento estrangeiro direto. Elas geram 650 mil empregos diretos aqui. O Brasil é hoje o segundo maior gerador de empregos nos EUA entre os países emergentes. A gente vê com muito otimismo essa aproximação do novo governo. Claro, tem muita coisa para ser desenvolvida, que precisa ser debatida pela sociedade no Congresso, mas (a aproximação dos países) é um fator bastante produtivo. Nós fizemos um estudo, com a FGV, que mostra que, se Brasil e EUA assinassem um acordo de livre-comércio, o PIB brasileiro acumulado até 2030 cresceria 0,44% ao ano.
Quando o presidente Bolsonaro foi aos EUA, havia uma expectativa de que ele e o presidente Trump falassem que os países iriam caminhar em direção ao livre-comércio. Isso não ocorreu...
Mas somos otimistas nesse ponto. Com certeza, essa é a pretensão dos dois governos. Não é uma coisa mais de governo, mas de Estado. É como a reforma da Previdência, o Brasil precisa fazer, não o governo. Deixar o Brasil um pouco mais aberto e criar um ambiente melhor de negócios, isso com certeza está alinhado (entre os dois países).
Leia Também
Bitcoin (BTC) chega ao final da semana acima de US$ 103 mil e JP Morgan vê espaço para mais
Brasil fica de fora das capitais da cultura do mundo em 2025; veja a lista completa
O Brasil deve se abrir mesmo com Trump tendo uma postura protecionista?
O Brasil tem de se abrir, mas trabalhando um projeto de livre-comércio, acabando as barreiras protecionistas e burocráticas dos dois lados. O Brasil tem uma participação muito pequena no comércio internacional. Nossas trocas com o mundo equivalem a 1,2% do comércio global. Precisamos dar maior prioridade ao comércio exterior como plataforma de transformação econômica do País. Nos últimos 70 anos, todos os países que conseguiram mudar de patamar econômico tiveram entre 40% e 50% do seu PIB como resultado da soma de exportações e importações. Precisamos ser protagonistas dessas negociações internacionais, e não apenas espectadores. Nesse quesito, o mercado americano deve ser prioritário.
O momento em que o sr. assume o conselho da Amcham é, então, de caminho aberto entre os países?
Tenho muita sorte. Os dois governos estão sentados, conversando. A Amcham está fazendo cem anos e somos otimistas. A Câmara acredita que a reforma tributária vai ser aprovada, que o combate à corrupção vai ser intensificado, que governo vai propor queda da burocracia.
Há uma preocupação que o alinhamento entre Brasil e EUA possa se romper se um democrata vencer as eleições americanas no ano que vem. Caso isso ocorra, o fato de Bolsonaro ter dito que torce por Trump em 2020 pode prejudicar os empresários brasileiros?
A relação entre os maiores países da América tem de ser institucional, e o americano entende muito bem isso. Nossa relação não poderia estar tão afastada quanto já esteve. Independentemente do apoio a um ou a outro presidente, é importante que as relações sejam de longo prazo e institucionais. O americano é muito pragmático e acredito que vai continuar sendo se for o governo A ou B.
O alinhamento entre Brasil e EUA não pode acabar prejudicando o empresariado brasileiro, ao colocar a China em segundo plano?
Vou usar uma analogia super pobre: é como amor de mãe. O fato de o Brasil ter se reaproximado dos EUA não é excludente. A relação Brasil e China tem de continuar sendo construtiva. A China é o maior consumidor de produtos agrícolas. O fato de a gente se aproximar dos EUA não quer dizer que a gente precisa se afastar da China.
Surgiu uma preocupação porque o presidente já criticou a China e provocou os países árabes ao anunciar a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, apesar de ter recuado.
O que pode ter acontecido é que o presidente entrou em campo e não estava totalmente aquecido. As coisas então sendo revistas. Esse negócio de Israel mesmo: o ministro Ernesto Araújo disse nessa terça-feira, 9, que tem uma aproximação forte com os países árabes também. Não dá para querer se isolar, estrategicamente é ruim para qualquer país.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
Trump dá ‘bronca’ em Tim Cook, CEO da Apple, por produção de iPhone fora da China; entenda essa história
Apple tenta mascarar os efeitos das tarifas enquanto procura alternativas para evitar os danos da guerra comercial entre EUA e China
Bank of America muda o preço-alvo para as ações da JBS (JBSS3) após teleconferência de resultados do 1T25; veja o que fazer com os papéis
A reavaliação acontece sob a luz de novos argumentos relacionados à dupla listagem da JBS na bolsa brasileira e americana
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Pelo quarto mês consecutivo, EUA tem queda de movimento na fronteira… do Canadá
Número de turistas regressando dos EUA para o Canadá em abril foi até 35% menor do que o mesmo período em 2024; de acordo com pesquisa, política externa de Trump seria motivo para queda
Após receber jatinho de presente, Trump fecha acordo de US$ 1,2 trilhão com o Catar; Boeing sai ganhando com venda de 210 aeronaves, estimadas em US$ 96 bilhões
Estados Unidos fecham nova série de acordos no Oriente Médio, mas parceria trilionária ganha contornos controversos após presidente receber jatinho de luxo como presente
Regulação das stablecoins trava no Senado dos EUA e Federal Reserve emite novo alerta sobre riscos
Projeto batizado de GENIUS Act travou no Senado em meio a embate entre democratas e republicanos após controvérsias envolvendo Donald Trump, sua família e o mercado cripto
Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca
Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo
Trump e o Boeing: por dentro da controvérsia (e da possível aeronave) que família real do Catar ofereceu aos EUA
Segurança, legalidade e carpetes felpudos: o que está por trás da luxuosa e polêmica aeronave que a família real do Catar ofereceu a Donald Trump
Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60
A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado
Unidos contra Trump? Lula e Xi aproveitam encontro na China para mandar mensagem aos EUA
Sem mencionar o nome do republicano, o presidente chinês, Xi Jinping, também comentou sobre a política tarifária dos EUA
Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA
Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido
Depois do incêndio, EUA e China aparecem com baldes d’água: o que está em jogo no cessar-fogo da guerra comercial
A reação brasileira ao armistício tarifário tem sido, no mínimo, peculiar. Se por um lado a trégua parcial afasta o fantasma da recessão global e reacende o apetite por commodities, por outro, uma série de forças contrárias começa a moldar o desempenho do mercado local
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Hoje, anestesiados por um longo ciclo ruim dos mercados brasileiros, cujo início poderia ser marcado em 2010, e por mais uma década perdida, parecemos nos esquecer das virtudes brasileiras
Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui
De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar
Apple avalia aumentar preço da nova linha de iPhones enquanto evita apontar o verdadeiro “culpado”
Segundo o jornal The Wall Street Journal, a Apple quer justificar possível alta com novos recursos e mudanças no design dos smartphones a serem lançados no outono dos EUA
Criptomoedas (inclusive memecoins) disparam com avanço de acordos comerciais; Moo Deng salta 527% em uma semana
Mercado de memecoins ganha fôlego após alívio nas tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e outras potências globais
Bitcoin (BTC) toca os US$ 105 mil; XRP lidera ganhos após trégua na guerra comercial entre China e EUA
Mercado de criptomoedas ganha força após EUA e China reduzirem tarifas comerciais e abrirem caminho para novas negociações; investidores voltam a mirar recordes
Ações das farmacêuticas passeiam na montanha-russa de Trump após ordem para cortar preços de remédios em 59%
De acordo com especialistas, uma nova pressão sobre os preços dos medicamentos pode ter um impacto significativo nas receitas do setor
Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China
Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana