🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Olivia Bulla

Olivia Bulla

Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).

A Bula do Mercado

Trump reativa guerra comercial e assusta mercados

Trump afirma que vai elevar tarifa sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses para 25% e joga um balde de água fria nas expectativas de fim da guerra comercial

Olivia Bulla
Olivia Bulla
6 de maio de 2019
5:30 - atualizado às 6:02
guerra comercial trump
Ameaça de uma guerra comercial plena entre EUA e China ressurge e abala mercados -

A semana começa negativa no mercado financeiro, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevar o tom com a China às vésperas de uma nova rodada de negociação. Bastou uma mensagem na rede social para jogar um balde de água fria na expectativa de fim da guerra comercial, levando os investidores a fugir do risco, em busca de proteção.

Trump afirmou ontem, no Twitter, que irá elevar de 10% para 25% a tarifa de importação sobre US$ 200 bilhões de produtos chineses a partir desta sexta-feira. Segundo ele, as negociações comerciais com Pequim estão agora “muito devagar”, sendo que os chineses querem “renegociar”.

“Não!”, escreveu Trump, que também ameaçou sobretaxar “em breve” outros US$ 325 bilhões em importações chinesas para 25%. A postura do presidente norte-americano pegou a China e o mercado financeiro de surpresa, uma vez que, até então, a Casa Branca vinha dizendo que as conversas com os chineses estavam “indo bem” e eram “produtivas”.

A decisão foi tão inesperada que Pequim considera nem mais comparecer à capital dos EUA nesta semana, como era previsto. O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, deveria desembarcar em Washington na quarta-feira, com uma delegação composta por cerca de cem representantes para costurar um acordo que seria assinado pelo líder Xi Jinping. Por ora, a China mantém uma posição conciliadora, buscando uma cooperação responsável.

All-in

Mas os tweets de domingo de Trump marcaram uma reviravolta abrupta na posição dos EUA desde a trégua assinada em dezembro do ano passado. À época, o prazo de entendimento entre as duas maiores economias do mundo era de 90 dias, mas essa data limite foi estendida até que se alcançasse um acordo final - esperado para este mês.

Assim, a mudança de postura de Trump reflete a frustração dos EUA nas negociações com a China, principalmente na questão de tecnologia, o que encorajou a Casa Branca a adotar uma linha mais dura. O problema é que a principal exigência de Pequim era a derrubada das barreiras já existentes e a garantia de que não haveria novas sobretaxas.

Leia Também

Há, portanto, uma quebra de confiança, e os tweets de Trump adicionam incerteza ao cenário econômico global, já que se imaginava estar na fase final de negociação da guerra comercial. Afinal, é improvável que a ameaça de Trump seja apenas uma tentativa de extrair mais concessões da China dias antes de uma nova rodada de conversas.

Considerando-se o estilo durão, há quem diga que Trump fez o que no pôquer é conhecido como all-in. Trata-se de uma estratégia no jogo de cartas, na qual o jogador aposta todas as suas fichas em um único lance. Mas se é apenas um blefe, o tiro parece ter sido pela culatra, com os chineses se retirando da mesa e se recusando a negociar com uma arma apontando para suas cabeças, podendo ainda retaliar qualquer medida dos EUA.

Mercados no vermelho

Ou seja, os riscos de uma guerra comercial plena estão aumentando, o que derruba os ativos financeiros pelo mundo. A Bolsa de Xangai voltou do feriado prolongado pelo Dia do Trabalho em queda acelerada e tombou 5,6%, ao passo que o yuan chinês (renminbi) atingiu o menor valor em três anos, perto da faixa de 6,80 por dólar.

O iene, por sua vez, disparou, rumo à barreira de 110 ienes, em meio à fuga para ativos seguros, enquanto o dólar australiano conduz as perdas entre as moedas correlacionadas às commodities. Aliás, o petróleo tem forte baixa, de até 3%, com o barril do tipo WTI voltando à marca de US$ 60. Entre os metais básicos, o minério de ferro afundou 1%.

De volta às bolsas, Wall Street deve despencar hoje, em meio à queda de quase 2% sinalizada pelos índices futuros das bolsas de Nova York, o que contamina o pregão na Europa. As principais praças do velho continente abriram em baixa ao redor de 2%, mas a liquidez financeira na região é prejudicada por um feriado em Londres.

Esse desempenho no exterior projeta um dia feio para a Bolsa brasileira e o dólar, que pode testar a marca de R$ 4,00 já na abertura do pregão. Já o Ibovespa pode ser contaminado não só pelo recuo esperado para em Nova York, mas também pela fraqueza das commodities. À esse cenário externo hostil soma-se o ambiente político ainda conturbado.

Reforma volta amanhã

A reforma da Previdência volta ao radar do mercado doméstico amanhã, quando acontece a primeira sessão da comissão especial. No total, os 49 deputados têm um prazo de dez sessões para apresentar as emendas à proposta aprovada na CCJ e o período deve ser dedicado a discussões, o que pode ocasionar ruídos aos negócios locais.

São necessários 25 votos para aprovar a matéria na comissão especial e a estimativa do governo é de que há cerca de 20 integrantes a favor da reforma e 13 que aceitam aprovar a proposta, com algumas mudanças. Ainda assim, o governo ainda precisa conquistar o apoio de muitos parlamentares para quando a proposta chegar ao plenário da Câmara.

Afinal, de nada adianta fazer um texto que atenda apenas aos membros da comissão especial. É aí que entra a articulação política e o diálogo do Executivo com o Legislativo, de modo a ampliar o número de votos favoráveis. Para aprovar o texto em plenário, em dois turnos, são necessários 308 votos, cada.

Semana de agenda forte no Brasil...

A agenda econômica desta semana está carregada, tanto no Brasil quanto no exterior. Os destaques locais ficam com a decisão de política monetária do Banco Central (Copom), na quarta-feira, e com a inflação ao consumidor (IPCA) em abril, na sexta. Entre essas divulgações, saem as vendas do varejo em março, na quinta-feira.

Hoje, as atenções se voltam para o relatório de mercado Focus (8h25), que deve trazer a décima revisão seguida para baixo na estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Aliás, aos poucos, essa previsão deve ficar cada vez mais próxima dos 1%, em meio à perda de dinamismo da atividade doméstica na virada de 2018 para 2019.

Com isso, o mercado financeiro renova as esperanças em relação a um corte na taxa básica de juros (Selic) neste ano. O problema é que a decisão pode ser um tiro no pé, considerando-se o cenário atual de real depreciado, com o dólar flertando com a marca de R$ 4,00, e inflação pressionada por choques de oferta (combustíveis, alimentos etc.).

O que se pode dizer, por ora, é que não tem espaço para subir em 2020 - nem a Selic nem o PIB. Ainda no calendário doméstico, merecem atenção os dados da indústria automotiva (amanhã), o IGP-DI de abril (quarta-feira) e a estimativa revisada para a safra agrícola neste ano (quinta-feira).

Na safra de balanços, destaque para os resultados trimestrais das peso-pesado Ambev, amanhã, Petrobras, na quarta-feira e Vale, na quinta-feira. Um dia antes, a mineradora publica o relatório de produção referente aos três primeiros meses deste ano, período marcado pela tragédia em Brumadinho (MG).

...E no mundo

Já no exterior, após o crescimento acima do esperado do PIB dos EUA no início deste ano e da sinalização do Fed, de que o cenário de inflação fraca é “transitório”, o índice de preços ao consumidor (CPI) norte-americano em abril, na sexta-feira, é o destaque da agenda econômica no exterior.

Até lá, serão conhecidos dados de atividade na zona do euro, já nesta segunda-feira, além da produção industrial na Alemanha, na quarta-feira. Nesse mesmo dia, o Banco Central do Japão (BoJ) publica a ata da última reunião de política monetária, quando afirmou que os juros no país seguirão baixos por mais tempo.

Ainda na quarta-feira, a China informa os números de inflação ao produtor (PPI) e ao consumidor, que já podem refletir o impacto do surto da peste suína. Além disso, dados da balança comercial e de crédito devem trazer novos sinais sobre o ritmo da atividade chinesa.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TEMOS VAGAS

Elon Musk demitido da Tesla? WSJ diz que conselho deu início a busca por substituto, mas montadora nega; entenda

1 de maio de 2025 - 11:25

A Tesla tem sido alvo de boicotes devido à aproximação do bilionário com o governo Trump. Conselheiros estariam insatisfeitos com a postura de Musk e a repercussão nos lucros e valor de mercado da montadora

TUDO É ALVO

Ozempic na mira de Trump? Presidente dos EUA diz que haverá tarifas para farmacêuticas — e aproveita para alfinetar Powell de novo

1 de maio de 2025 - 10:55

Durante evento para entregar investimentos, Trump disse entender muito mais de taxas de juros do que o presidente do Fed

PRIMEIROS EFEITOS

China já sente o peso das tarifas de Trump: pedidos de exportação desaceleraram fortemente em abril

1 de maio de 2025 - 10:18

Empresas americanas estão cancelando pedidos à China e adiando planos de expansão enquanto observam o desenrolar da situação

8 DE JANEIRO

Entenda por que Bolsonaro pode se beneficiar se ação penal de Ramagem for suspensa no caso da tentativa de golpe de Estado

1 de maio de 2025 - 9:46

Câmara analisa pedido de sustação da ação contra o deputado Alexandre Ramagem; PL, partido de Bolsonaro, querem anulação de todo o processo

SD ENTREVISTA

Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30

1 de maio de 2025 - 7:31

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo

SD ENTREVISTA

Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê

1 de maio de 2025 - 6:54

Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora

30 de abril de 2025 - 19:45

Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil

QUEDA DE BRAÇO

Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal

30 de abril de 2025 - 15:59

Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos

JUNTANDO OS TIJOLINHOS

Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa

30 de abril de 2025 - 13:57

Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3

TCHAU, QUERIDA?

Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora

30 de abril de 2025 - 12:48

Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava

TREINO ATIVO

Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas

30 de abril de 2025 - 11:08

Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

SD ENTREVISTA

Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China

30 de abril de 2025 - 5:52

Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump

DIÁRIO DOS 100 DIAS

Donald Trump: um breve balanço do caos

29 de abril de 2025 - 21:00

Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso

DIA 100

Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”

29 de abril de 2025 - 19:12

O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro

FOGO AMIGO

Ironia? Elon Musk foi quem sofreu a maior queda na fortuna nos primeiros 100 dias de Trump; veja os bilionários que mais saíram perdendo

29 de abril de 2025 - 18:15

Bilionários da tecnologia foram os mais afetados pelo caos nos mercados provocado pela guerra tarifária; Warren Buffett foi quem ficou mais rico

ALTA COM ALERTA

Trump pode acabar com o samba da Adidas? CEO adianta impacto de tarifas sobre produtos nos EUA

29 de abril de 2025 - 17:16

Alta de 13% nas receitas do primeiro trimestre foi anunciado com pragmatismo por CEO da Adidas, Bjørn Gulden, que apontou “dificuldades” e “incertezas” após tarifaço, que deve impactar etiqueta dos produtos no mercado americano

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar