🔴 IPCA-15 DE ABRIL DESACELERA – VEM AÍ SELIC A 10,50% OU 10,25? SAIBA ONDE INVESTIR

Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Análise

Inflação não preocupa e Selic deve continuar em 6,5% por longo período

Se surpresas positivas acontecerem é possível que tenhamos novos cortes de juro, favorecendo ainda mais bolsa de valores, fundos imobiliários e outros ativos de risco

Eduardo Campos
Eduardo Campos
11 de janeiro de 2019
10:36 - atualizado às 14:13
Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central
Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central - Imagem: Beto Nociti/BCB

Em junho de 2017, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou, em entrevista: “Quebramos a espinha dorsal da inflação”. Parecia uma avaliação um pouco apressada tendo vista que apenas dois anos antes o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tinha marcado quase 11%, sem falar no histórico de hiperinflação do país. Mas depois dos resultados de 2016, de 6,29%, e de 2017, de 2,95%, abaixo do piso da meta, não há como duvidar do presidente. Ainda mais após o 3,75% de 2018, divulgado hoje.

A inflação fechou abaixo do centro da meta de 4,5%, mas dentro da banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O que importa, agora, é a inflação de 2019 e, com peso crescente, 2020, que estão estimadas em 4% tanto no Boletim Focus, quanto pelas projeções do próprio BC no seu cenário de referência. As metas para esses anos são de 4,25% e 4%, respectivamente.

Para os nossos investimentos isso significa que a Selic pode ficar nos atuais 6,5% a perder de vista. E se surpresas positivas acontecerem, como encaminhamento e aprovação da reforma da Previdência, é possível que se abra espaço para novos movimentos de baixa.

Isso é boa notícia para os ativos de risco, como bolsa de valores, e para o setor imobiliário e fundos imobiliários. Na renda fixa, os prêmios já caíram bastante nos papéis do Tesouro Direto, mas ainda é possível garimpar oportunidades. Mas há outros bons negócios em outros ativos de renda fixa. (Os links trazem as melhores dicas sobre cada um desses mercados, vale conferir)

Precisa mesmo esperar as reformas?

Essa inflação de 3,75% em 2018 deve dar mais fôlego a um debate iniciado no fim do ano passado sobre a contribuição da política monetária na retomada do crescimento.

Em ambiente de crescimento fraco e com expectativas ancoradas ao redor ou até abaixo das metas, alguns especialistas afirmam que há espaço para novas reduções da Selic, mesmo que a agenda de reformas, vista como fundamental pelo BC, não esteja completa.

A discussão passa pela avaliação sobre o juro neutro ou estrutural, variável não observável, mas que garantira o crescimento com inflação dentro das metas. A última pesquisa do BC sobre o tema, em abril de 2017, mostrou estimativas entre 4% e 4,5%, mas outros cálculos mais recentes mostraram que esta taxa estaria ainda mais baixa, entre 2,5% a 3%.

O BC não releva sua estimativa para a taxa neutra, mas afirma que a política monetária está estimulativa, ou seja, o juro atual está baixo do considerado neutro. Atualmente, a taxa real (juro de mercado descontado da inflação) está ao redor dos 2,6% ao ano.

Cautela, serenidade e perseverança

Em sua última entrevista para falar de política monetária, no fim de 2018, Ilan transmitiu a mensagem de que o Comitê de Política Monetária (Copom) se pauta por mudanças de tendências e não embarca em momentos nos quais os cenários para as variáveis econômicas são mais voláteis para a definição da taxa Selic.

Não por acaso, os termos cautela, serenidade e perseverança estão no centro do discurso do BC desde então. Segundo Ilan, há um esforço do BC e de outras áreas do governo em reduzir a taxa neutra ou estrutural da economia. Apesar dos avanços, Ilan afirmou que fazer uma afirmação na linha de que essa taxa já caiu seria um pouco prematuro.

Cabe lembrar que o auge das incertezas eleitorais, com dólar a R$ 4,2 e elevação nos prêmios de risco, o Copom chegou a acenar a possibilidade de subir o juro, retirando estímulo monetário, já que as projeções ameaçavam escapar das metas.

Com o resultado da eleição e a posterior acomodação de preços no mercado, o BC abandonou essa avaliação. Mas continua com um balanço de riscos assimétrico, ou seja, o risco de decepção com as reformas aliado a eventuais pioras no cenário externo tem maior peso na avaliação do BC. No outro lado do balanço está a chance de a inflação seguir abaixo da meta em função da debilidade da atividade econômica.

O próximo encontro do Copom acontecerá nos dias 5 e 6 de fevereiro, quando Ilan e os demais diretores voltam a rodar os modelos de projeção que vão considerar um dólar mais baixo e usar seu julgamento sobre como está esse andamento das reformas. O cenário externo também se mostra um pouco menos conturbado.

Em tese, os modelos recomendariam uma redução, mesmo que breve, da Selic, mas o BC ainda não mudou sua mensagem de cautela, serenidade e perseverança.

Compartilhe

SOBE MAIS UM POUQUINHO?

Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora

15 de setembro de 2022 - 12:41

Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade

PREVISÕES PARA O COPOM

Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda

10 de setembro de 2022 - 16:42

Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro

OUTRA FACE

O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?

9 de setembro de 2022 - 10:51

De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal

GREVE ATRASOU PLANEJAMENTO

Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso

8 de setembro de 2022 - 16:28

Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses

FAZ O PIX GRINGO

Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda

30 de agosto de 2022 - 12:08

Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado

AMIGO DE CRIPTO

Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto

12 de agosto de 2022 - 12:43

O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”

AGORA VAI!

O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar

10 de agosto de 2022 - 19:57

Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair

2 de agosto de 2022 - 5:58

Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas

PRATA E CUPRONÍQUEL

Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420

26 de julho de 2022 - 16:10

As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia

AGRADANDO A CLIENTELA

Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas

21 de julho de 2022 - 16:43

O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar