O que você quer do mercado: roleta ou uma aposentadoria tranquila
Se optar por rer uma aposentadoria mais tranquila, trate-o com maior seriedade. Não irá se arrepender, tal como aconteceu comigo tantas vezes. Ainda bem que deu tempo de corrigir
No final dos anos 1960 e início da década de 1970, eu era sócio da Fator Corretora (atual Banco Fator) e atuava como operador de pregão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Ganhava dinheiro com a maior facilidade. Na época, havia um formidável bull market. O mercado batia recordes de volume quase todos os dias.
Os acontecimentos nacionais importavam pouco; os internacionais, menos ainda. Bastava ver quem comprava e quem vendia lotes, imitá-los, e trocar dicas com os colegas do recinto.
Um belisco ali, outro aqui, a cada manhã eu faturava algo como uns 5 mil reais em valores de hoje. Não é à toa que morava em uma cobertura duplex com vista para o mar de Ipanema, tinha um Galaxie 500 (o carrão da época), um Karmann Ghia esporte TC, uma motocicleta japonesa e fretava jatinhos para assistir aos jogos do Fluminense fora do Rio.
Os anos que se seguiram não foram tão fáceis. Mas não tenho do que me queixar. Eu deixara o pregão e operava em trading desks. Era, ao mesmo tempo, broker e trader, operando principalmente nos mercados de Chicago e Nova York.
Como especulador, ganhava algumas vezes, perdia em outras. Já como corretor, faturava sempre. Nunca fiz as contas se teria sido melhor trabalhar só comobroker, mas acho que, apesar de alguns reveses brabos, fiquei no lucro no trading também, graças a algumas boas porradas.
Leia Também
Para um profissional de mercado, investir o próprio dinheiro é muito mais fácil. Ele fica antenado nas bolsas e derivativos o tempo todo. Já para quem exerce outro ofício, as coisas são mais difíceis. E pioraram bastante nesta fase de taxas de juros reais baixíssimas.
Aos poucos, os recursos dos investidores estão migrando dos papéis de renda fixa para os de renda variável. O problema destes últimos é que... ora, quem diria... variam.
Um momento. Pulei uma parte importante e deixe-me consertar. Antes do Plano Real, e durante décadas, o mercado era muito diferente do momento atual. Com os níveis de inflação, inflação galopante e hiperinflação (nessa ordem), a moeda ia se desmilinguindo a cada dia.
Investir no open market (ou over, como a gente chamava) era questão de sobrevivência. Caso contrário, o dinheiro derretia em seu bolso ou em sua conta bancária.
Ao longo dessas mutações, conheci outro tipo de investidor, se é que podemos chamá-lo assim. Refiro-me aos que especulam o tempo todo. Tive diversos amigos que perderam tudo o que tinham e, pior, o que não tinham.
Lembro de um que simplesmente não sabia ficar zerado. Ele chegava ao escritório e perguntava:
“E aí, Ivan, quais são as novidades?”
“Hoje saem os números do desemprego nos Estados Unidos. Espera-se uma redução. Os bonds estão caindo.”
“Vende 30 contratos!”
“Calma, isso já está embutido nas cotações. Pode até haver uma reação em contrário. Isso chama-se knee jerk.”
“Ni, o quê?”
“Knee jerk. É aquele pulo pra cima que a perna do paciente dá quando o médico bate no joelho do cara com um martelinho de borracha.”
“Tudo bem. Compra 30 contratos!”
“Mas...”
“Porra, Ivan. Você acha que vou ficar sem nada pra torcer o dia inteiro? A História não fala dos covardes. Compra os 30 e vamos ver como é que fica. Aposto que vai subir. Nijerque... Gostei!”
Eu mesmo tinha dificuldades para ficar zerado em minha conta pessoal. Olhava para a tela do monitor de cotações como se fosse o cardápio de um restaurante. Sempre acabava escolhendo um trade entre as centenas de opções.
Alguns dos meus clientes eram muito ricos. Embora alavancassem bastante, a fatia de capital que destinavam ao mercado, ela representava uma pequena parte de seu patrimônio total.
Outros iam com tudo para o tudo ou nada. Entre estes últimos, muitos só não moram debaixo de um viaduto porque são sustentados pelos filhos e até por netos.
O cenário mudou. Embora ainda haja tresloucados, hoje o mercado é levado mais a sério. Algumas coisas óbvias estão se tornando mais óbvias, se é que o caro leitor entende o raciocínio rodriguiano.
Se você, por exemplo, quer proteger sua velhice com o recebimento regular de dividendos, não fique aborrecido quando a Bolsa cai e sua ação vai junto. Lembre-se que, se comprar mais por um preço menor, seus dividendos serão maiores em relação ao capital investido.
Caso sua aflição seja a garantia de ter uma aposentadoria digna, mesmo que viva cem anos, e não é desembargador, nem general, nem oficial legislativo, adquira um plano de previdência privada.
Mas, atenção, a maioria deles é péssima. Costuma cobrar altas taxas de administração. Os cálculos atuariais visam o lucro da gestora e não o seu bem-estar no futuro.
Eu tive duas experiências. Na primeira, adquiri um desses planos nos Estados Unidos, no final dos anos 1960.
Já pagava minhas mensalidades havia uns oito meses quando descobri que os benefícios não seriam corrigidos pelo Cola (Cost of Living Allowance – Correção Monetária).
A inflação americana de lá para cá foi de 667% e isso diz tudo. Confirma a decisão correta que tomei ao cancelar meu contrato e perder o pouco dinheiro que cheguei a investir.
Anos mais tarde, fiz uma previdência privada num bancão brasileiro. Com o tempo, constatei que a cada ano que passava minha contribuição mensal diminuía, assim como diminuía meu benefício futuro. Ambos convergiam para valores irrisórios.
Precisei ir a uma assembleia do banco para, ameaçando pôr a boca no trombone, espinafração que constaria da ata, receber meu dinheiro de volta com juros e correção monetária.
Nada disso impede que você faça um bom plano. Mas antes leia os conselhos de quem estuda isso a fundo.
Detalhe importante: os cálculos que você está fazendo sobre suas necessidades futuras estão errados. A excrescência tem nome: Planos de Saúde.
Com a conivência da agência oficial reguladora, eles praticam aumentos absurdos com a intenção de expelir os velhinhos. E agora o ministro da Economia, Paulo Guedes, insinua, na reforma tributária, retirar os gastos com saúde (inclusive as mensalidades dos planos) dos abatimentos na declaração anual de ajuste do IR.
Ou seja, nunca poupar foi tão importante. Claro! Você vai viver mais, ganhar uma aposentadoria menor, terá de se sustentar amanhã com o que economiza e aplica hoje.
Fazer poupança (e obviamente não estou me referindo a cadernetas) é mais importante do que se vacinar num posto de saúde. Invertendo a ordem do raciocínio, se não poupa, não vacine. Assim, quem sabe, uma pneumonia ou doença tropical leva você embora antes de seus problemas começarem.
Meu caro amigo leitor, esta crônica poderia ter dez, vinte, trinta páginas e não esgotaria o assunto. Mas, como se trata de um artigo, e não de um livro, paro por aqui.
Antes, faço questão de deixar uma pergunta, cuja resposta poderá ser a chave de seu sucesso como investidor.
O que é que você quer do mercado?
Transformá-lo numa roleta, melhorar sua renda ou garantir uma velhice sem sobressaltos?
Nas duas últimas hipóteses, principalmente na terceira, trate-o com a maior seriedade.
Não irá se arrepender, tal como aconteceu comigo tantas vezes. Ainda bem que deu tempo de corrigir.
Azzas 2154 (AZZA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam mais de R$ 300 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)
Dona da Arezzo pagará R$ 180 milhões, e fabricante de ônibus, R$ 169 milhões, fora os JCP; veja quem tem direito aos proventos
XP (XPBR31) anuncia R$ 500 milhões em dividendos e recompra de até R$ 1 bilhão em ações após lucro recorde no 3T25
Companhia reportou lucro líquido de R$ 1,33 bilhão, avanço de 12% na comparação anual; veja os destaques do balanço
Banco do Brasil (BBAS3) lança cartão para a altíssima renda de olho nos milionários; veja os benefícios
O cartão BB Visa Altus Liv será exclusivo para clientes com mais de R$ 1 milhão investido, gastos médios acima de R$ 20 mil e/ou renda mínima de R$ 30 mil
A ação que pode virar ‘terror’ dos vendidos: veja o alerta do Itaú BBA sobre papel ‘odiado’ na B3
Apesar da pressão dos vendidos, o banco vê gatilhos de melhora para 2026 e 2027 e diz que shortear a ação agora pode ser um erro
JBS (JBSS32): BofA ‘perdoa’ motivo que fez mercado torcer o nariz para a empresa e eleva preço-alvo para as ações
Após balanço do terceiro trimestre e revisão do guidance, o BofA elevou o preço-alvo e manteve recomendação de compra para a JBS
Grupo Toky (TOKY3), da Mobly e Tok&Stok, aprova aumento de capital e diminui prejuízo, mas briga entre sócios custou até R$ 42 milhões
Empresa amargou dificuldades com fornecedores, que levaram a perdas de vendas, faltas de produtos e atraso nas entregas
Petrobras (PETR4) descobre ‘petróleo excelente’ no Rio de Janeiro: veja detalhes sobre o achado
A estatal identificou petróleo no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde e segue com análises para medir o potencial da nova área
Gigantes de frango e ovos: JBS e Mantiqueira compram empresa familiar nos EUA para acelerar expansão internacional
A maior produtora de frangos do mundo e a maior produtora de ovos da América do Sul ampliam sua presença global
Cosan (CSAN3) e Raízen (RAIZ4) têm perdas bilionárias no trimestre; confira os números dos balanços
Os resultados são uma fotografia dos desafios financeiros que as duas companhias enfrentam nos últimos meses; mudanças na alta cúpula também são anunciadas
Nubank (ROXO34): o que fazer com a ação após maior lucro da história? O BTG responde
Na bolsa de Nova York, a ação NU renovava máximas, negociada a US$ 16,06, alta de 3,11% no pregão. No acumulado de 2025, o papel sobe mais de 50%.
IRB (IRBR3) lidera quedas do Ibovespa hoje após tombo de quase 15% no lucro líquido, mas Genial ainda vê potencial
Apesar dos resultados fracos no terceiro trimestre, a gestora manteve a recomendação de compra para os papéis da empresa
Não aprendi dizer adeus: falência da Oi (OIBR3) é revertida. Tribunal vê recuperação possível e culpa gestão pela ruína
A desembargadora Mônica Maria Costa, da Primeira Câmara do Direito Privado do TJ-RJ, decidiu suspender os efeitos da decretação de falência, concedendo à companhia uma nova chance de seguir com a recuperação judicial
iPhones com até 45% de desconto no Mercado Livre; veja as ofertas
Ofertas são da loja oficial da Apple dentro do marketplace e contam com entrega Full e frete grátis
Azul (AZUL4) dá sinal verde para aporte de American e United, enquanto balanço do 3T25 mostra prejuízo mais de 1100% maior
Em meio ao que equivale a uma recuperação judicial nos EUA, a Azul dá sinal verde para acordo com as norte-americanas, enquanto balanço do terceiro trimestre mostra prejuízo ajustado de R$ 1,5 bilhão
BHP é considerada culpada por desastre em Mariana (MG); entenda por que a Vale (VALE3) precisará pagar parte dessa conta
A mineradora brasileira estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras deste ano
11.11: Mercado Livre, Shopee, Amazon e KaBuM! reportam salto nas vendas
Plataformas tem pico de vendas e mostram que o 11.11 já faz parte do calendário promocional brasileiro
Na maratona dos bancos, só o Itaú chegou inteiro ao fim da temporada do 3T25 — veja quem ficou pelo caminho
A temporada de balanços mostrou uma disputa desigual entre os grandes bancos — com um campeão absoluto, dois competidores intermediários e um corredor em apuros
Log (LOGG3) avalia freio nos dividendos e pode reduzir percentual distribuído de 50% para 25%; ajuste estratégico ou erro de cálculo?
Desenvolvedora de galpões logísticos aderiu à “moda” de elevar payout de proventos, mas teve que voltar atrás apenas um ano depois; em entrevista ao SD, o CFO, Rafael Saliba, explica o porquê
Natura (NATU3) só deve se recuperar em 2026, e ainda assim com preço-alvo menor, diz BB-BI
A combinação de crédito caro, consumo enfraquecido e sinergias atrasadas mantém a empresa de cosméticos em compasso de espera na bolsa
Hapvida (HAPV3) atinge o menor valor de mercado da história e amplia programa de recompra de ações
O desempenho da companhia no terceiro trimestre decepcionou o mercado e levou a uma onda de reclassificação os papéis pelos grandes bancos