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Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

(Mais um) dia complicado

Ibovespa fecha em queda de mais de 3% com crise política; dólar sobe a R$ 3,95

A briga cada vez maior entre governo e Câmara trouxe forte pessimismo aos mercados — e o exterior negativo piorou ainda mais as coisas

Victor Aguiar
Victor Aguiar
27 de março de 2019
10:33 - atualizado às 9:54
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa - Imagem: Seu Dinheiro

Brasília continua em clima de guerra. E os mercados locais, é claro, refletiram os ânimos acirrados: o Ibovespa fechou em queda de mais de 3%, mergulhando ao nível dos 91 mil pontos, e o dólar à vista disparou para a faixa de R$ 3,95.

Por aqui, o pano de fundo continua o mesmo, com o governo e o Congresso medindo forças. O ponto é que essa crise se aprofundou ainda mais — e, no meio desse fogo cruzado, o mercado teme que a reforma da Previdência fique de escanteio. Para completar, o tom negativo do exterior aumentou ainda mais a aversão ao risco.

Nesse cenário, o Ibovespa abriu em queda de mais de 1% e continuou perdendo força ao longo da sessão, encerrando em baixa de 3,57%, na mínima do dia, aos 91.903,40 pontos — entre as ações do índice, apenas Suzano ON terminou em alta. A marca histórica dos 100 mil pontos, tão comemorada no começo da semana passada, vai ficando cada vez mais distante.

Com as perdas de hoje, o principal índice da bolsa brasileira voltou ao nível de 7 de janeiro, quando fechou aos 91.699,05 pontos. No acumulado de março, o Ibovespa tem perda de 3,85%.

A bola da vez foi a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pode engessar ainda mais o Orçamento da União, obrigando o governo a executar as despesas aprovadas pelo Legislativo — uma pauta-bomba de 2015 que contraria os planos do ministro da Economia, Paulo Guedes.

A votação da PEC na noite de ontem chamou a atenção pela velocidade e pelo placar elástico, contando com o apoio de mais de 400 deputados em ambas as etapas. Assim, em meio às dúvidas a respeito da articulação política, a cautela toma conta das negociações.

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"A primeira interpretação é a de que a Câmara mostrou ao governo que está viva e forte", afirma um operador. "Agora, fica a dúvida: o governo tem força? Vai conseguir votos [para aprovar a reforma da Previdência]?".

Membros da base do governo chegaram a afirmar que a aprovação da PEC não era uma derrota. Além disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia — um dos protagonistas da atual crise — negou que a matéria seja uma medida política e afirmou que a mudança não tem potencial para afetar o Teto de Gastos.

Mas os discursos oficiais não combinam com o clima cada vez pior em Brasília, e a votação relâmpago deixou clara a falta de alinhamento entre a Câmara e o governo. Vale lembrar que, na tarde de ontem, Guedes cancelou sua ida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da casa, o que gerou mal estar em Brasília — e a resposta dos deputados veio pouco tempo depois.

"Ainda não dá para dizer que está tudo perdido, mas o grau de imprevisibilidade aumentou drasticamente", diz Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Indosuez Wealth Management. "As incertezas e riscos para a reforma subiram muito, e o mercado tem que colocar isso nos preços".

O dólar à vista seguiu tendência parecida e fechou em alta de 2,24%, a R$ 3,9543, maior nível desde 1º de outubro do ao passado — antes, portanto, do primeiro turno das eleições presidenciais. Na máxima do dia, a moeda americana foi aos R$ 3,9613 (+2,43%).

Nem mesmo a audiência de Guedes na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, nesta tarde, foi capaz de acalmar os ânimos do mercado. Um segundo operador destacou que as declarações do ministro não trouxeram grandes novidades no cenário da Previdência ou da articulação política. Pelo contrário: declarações do ministro afirmando que não tem apego ao cargo, mas que não será irresponsável de sair na primeira derrota, foram as que mais chamaram a atenção do mercado.

"Só o que pode mudar o humor dos mercados é alguma notícia mais positiva", diz esse operador. "A essa atura do campeonato, a CCJ da Câmara já deveria estar andando, mas ainda nem tem relator para o texto da reforma".

As curvas de juros também fecharam sob intenso estresse por causa da tensão em Brasília: os DIs com vencimento em janeiro de 2020 fecharam em alta de 6,465% para 6,565%, enquanto os com vencimento em janeiro de 2021 subiram de 7,09% para 7,27%. Entre os DIs longos, os para janeiro de 2023 avançaram de 8,24% para 8,47%.

E o exterior, que poderia ser uma fonte de alívio nesta quarta-feira, também não trouxe ventos favoráveis. Pelo contrário: lá fora, o tom foi de preocupação em relação ao ritmo de crescimento da economia global e aos sinais de uma recessão econômica de maior porte. No mercado de câmbio, o dólar ganhou força em relação às moedas emergentes; entre as bolsas, o Dow Jones (-0,13%), o S&P 500 (-0,47%) e o Nasdaq (-0,63%) caíram em bloco.

"Esse é o quadro de hoje, é muito preocupante. Quem não está preocupado, não está entendendo nada", resume Caramaschi.

Melhor fugir das estatais

Nesse cenário de pessimismo em relação ao governo, as ações de empresas estatais apareceram entre os destaques negativos do Ibovespa. As ações PN da Petrobras caíram 4,51% e as ON recuaram 4,64%, devolvendo os ganhos de ontem — no exterior, as perdas do petróleo WTI (-0,88%) também contribuíram para o dia ruim para os ativos da Petrobras.

Banco do Brasil ON teve baixa de 5,54%, o pior desempenho entre os papéis do setor bancário. E, ainda entre as estatais, Eletrobras ON (-7,23%) e Eletrobras PNB (-5,85%) também caíram forte.

Bancos sofrem

O setor bancário como um todo teve um dia bastante ruim: além das perdas expressivas dos papéis do Banco do Brasil, também fecharam em queda firme Itaú Unibanco PN (-3,39%), Bradesco PN (-3,46%), Bradesco ON (-3,17%) e units do Santander Brasil (-4,83%).

Para Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, as ações dos bancos são historicamente mais sensíveis ao aumento na percepção de risco em relação ao país. "Também são papéis bastante líquidos, que sempre têm um fluxo intenso, e ficam mais expostos num dia como hoje".

Dólar forte: bom para uns...

Com o dólar tocando os níveis mais altos de 2019, um grupo específico de empresas é beneficiado: as exportadoras, já que a moeda americana mais forte implica num crescimento da receita de tais companhias. Isso ajuda a explicar a alta de 1,72% das ações ON da Suzano, únicos ativos do Ibovespa que fecharam o dia no azul.

Vale ON (-1,35%) terminou em queda, mas num dia de perdas generalizadas no Ibovespa, os papéis da mineradora apareceram entre os de melhor desempenho do índice — o mercado também operou de olho nos resultados trimestrais da companhia, com divulgação prevista para a noite de hoje.

Ontem, a Vale reportou produção de 100,988 milhões de toneladas de minério de ferro no quarto trimestre de 2018 — os dados operacionais agradaram o mercado e elevaram a expectativa em relação ao balanço da mineradora.

...e ruim para outros

Por outro lado, quem tem despesas em dólar, como as companhias aéreas, sofre muito com o fortalecimento da moeda americana. Gol PN, por exemplo, recuou 8,71% e liderou as perdas do Ibovespa; fora do índice, Azul PN teve queda de 6,06%.

Oi despenca após balanço

Também fora do Ibovespa, destaque negativo para as ações da Oi: os papéis ON caíram 8,83% e os PN recuaram 7,18%, após a empresa reportar prejuízo líquido consolidado de R$ 3,359 bilhões no quarto trimestre de 2018, montante 65,7% maior do que no mesmo período de 2017.

 

 

 

 

 

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