Esquenta dos mercados: Busca por barganhas sustenta alta das bolsas pela manhã, mas crise energética e cenário externo não ajudam; Ibovespa digere pesquisa Ipec
No Brasil, a participação de Roberto Campos Neto em evento é o destaque do dia enquanto a bolsa digere o exterior
Uma pausa para tomar fôlego costuma cair bem. Principalmente em ocasiões nas quais tudo ao redor parece prestes a desabar. Essa sensação tomou conta dos mercados financeiros e bolsas internacionais nos últimos dias.
Tudo por causa de um nome: Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Na última sexta-feira, durante o simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole, ele sinalizou que o ambiente de taxas de juros mais elevadas provavelmente persistirá até que o Fed consiga domar o dragão da inflação.
A alta dos preços dos Estados Unidos tem mostrado sinais de desaceleração, mas encontra-se ainda próxima de seus níveis mais elevados em mais de 40 anos.
Com a sinalização de que usará todos os recursos à disposição, Powell admite a possibilidade de causar “alguma dor” às famílias e empresas norte-americanas em meio à alta dos juros.
Em outras palavras, o Fed pretende colocar a inflação sob controle mesmo que isso lance a economia norte-americana em recessão.
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Por aqui, o investidor local acompanha o calendário das eleições. Sem maiores indicadores locais para o dia, um evento com a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é destaque no pregão desta terça-feira (30).
O Ibovespa encerrou a primeira sessão da semana em leve alta de 0,02%, aos 112.323 pontos. O petróleo mais uma vez salvou o dia da bolsa local, juntamente com o fluxo estrangeiro positivo, enquanto o dólar à vista cedeu 0,88%, aos R$ 5,0334.
Confira o que movimenta as bolsas, o dólar e o Ibovespa hoje:
Alívio com o Fed antes da tempestade para as bolsas
A sinalização de que o BC dos EUA deve manter o pé no acelerador dos juros levou os principais índices de ações dos Estados Unidos ao pior pregão em meses na última sexta-feira (26).
O climão resistiu ao fim de semana e repetiu-se ontem nas bolsas de praticamente todo o mundo.
Hoje, porém, os mercados internacionais fazem uma pausa para respirar. Os investidores aproveitam as pechinchas proporcionadas pelas quedas recentes enquanto reavaliam suas posições.
Agridoce
Começando pelo encerramento da sessão na Ásia e no Pacífico, as bolsas por lá fecharam os negócios sem um único sinal. Os investidores mantêm uma posição defensiva sobre o futuro dos juros nos EUA.
Na Europa, as bolsas por lá também buscam a recuperação enquanto os investidores procuram por barganhas. A alta é limitada pelo cenário externo desfavorável.
Por fim, os futuros de Nova York sinalizam uma abertura em alta mais tracionada.
Crise energética e as bolsas
Problemas com as matrizes energéticas dos países também não devem sair do radar do investidor nos próximos meses. Analistas internacionais preveem um choque de oferta com a retomada das atividades.
A China enfrenta problemas com a maior seca de sua história em décadas — a matriz hidrelétrica do país depende dos rios para funcionar; a Europa permanece em estado de alerta com o fantasma do corte de gás russo e a proximidade do inverno gera calafrios para além do frio no Velho Continente.
Somado a isso, a Opep+ deve anunciar um novo corte na oferta de petróleo em sua próxima reunião. Tudo isso somado à necessidade de alta de juros por parte dos Bancos Centrais deve formar a tempestade perfeita para a recessão.
Ibovespa e as pesquisas eleitorais
De volta para o panorama doméstico, o Ibovespa irá digerir todo o cenário externo e ainda acompanhar a disputa eleitoral local.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém ampla vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e segue vislumbrando a possibilidade de vitória em primeiro turno.
É o que mostra a mais recente pesquisa do Ipec (ex-Ibope), encomendada pela Rede Globo e divulgada na noite de ontem. Os dados não refletem o desempenho dos candidatos no debate do último domingo (28).
Governo: ruim, péssimo ou bom?
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, é avaliado como ruim ou péssimo por 43% dos eleitores entrevistados na pesquisa do instituto Ipec divulgada há pouco. O índice é o mesmo da sondagem divulgada no dia 15.
De acordo com o levantamento, divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e o G1, 31% afirmam que a administração Bolsonaro é ótima ou boa, ante 29% no dia 15, e 24%, regular, ante 26%.
Não sabem avaliar 2% dos eleitores — era 1%.
Condução do país
Já a maneira de Bolsonaro governar é reprovada por 57% dos entrevistados e aprovada por 38%. A porcentagem de reprovação é a mesma da sondagem do dia 15. Os que aprovavam eram 37%. Não sabem 5% (ante 6%).
O levantamento entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 26 e 28 de agosto em 128 cidades. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsa hoje: agenda do dia
- FGV: IGP-M de agosto (8h)
- Estados Unidos: Relatório Jolts de emprego em julho (11h)
- Tesouro Nacional: resultado primário do governo central (14h30)
- Banco Central: Presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa do evento 'Modernização da Lei Complementar 130/2009', promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília (15h)
Eleições voltam à estaca zero, enquanto investidores aguardam números de inflação no Brasil e nos Estados Unidos
Além disso, nesta semana ainda será publicada a ata da mais recente reunião do Fomc, o Copom norte-americano, que reduziu os juros nos EUA
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