O exterior deu as cartas para o mercado de câmbio, e o dólar recebeu uma mão forte
O dólar à vista passou o dia pressionado e fechou em alta de quase 1%, retornando ao patamar de R$ 3,77. O Ibovespa encerrou em baixa, permanecendo nos 103 mil pontos

As diferentes moedas do mundo sentaram-se à mesa. O dólar, o euro, a libra, o real e todas as outras divisas globais pegaram suas fichas e aguardaram pelas cartas da rodada desta terça-feira (23). Mas, conforme o baralho foi sendo distribuído, um desses jogadores sorriu por dentro: não é todo dia que se recebe um par de ases.
Ocorre que o noticiário externo assumiu o controle da sessão nesta terça. E as notícias vindas lá de fora acabaram por dar impulso ao dólar em escala global — tanto em relação às moedas fortes quanto na comparação com as de países emergentes. Assim, a divisa americana ficou confortável para vencer a disputa desde o início do dia.
Esse cenário se refletiu no comportamento do dólar à vista por aqui: a moeda dos EUA operou em alta ao longo de toda a sessão, encerrando o dia com ganho de 0,92%, a R$ 3,7728 — na máxima, chegou a bater os R$ 3,7763 (+1,01%). É o maior nível de fechamento desde o dia 8.
E as bolsas? Bom, no mercado acionário, o dia não teve vencedores e perdedores tão claros. Os índices americanos terminaram o pregão em alta, mas as praças da Europa também tiveram ganhos expressivos. Já o Ibovespa voltou a patinar, encerrando em queda de 0,24%, aos 103.704,28 pontos.
Apesar dos ganhos vistos lá fora, o principal índice da bolsa brasileira sentiu o peso das incertezas no front doméstico. Como resultado, o Ibovespa até chegou a subir 0,46% mais cedo, tocando os 104.429,57 pontos. No entanto, acabou cedendo a um movimento de correção e realização de lucros.
E quais foram as cartas que deram vantagem ao dólar e às bolsas americanas nesta terça-feira?
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Ás de espadas
Logo no início do dia, uma notícia referente ao cenário político dos Estados Unidos elevou a confiança do dólar: lideranças partidárias firmaram um acordo com o presidente do país, Donald Trump, a respeito do orçamento e do teto da dívida americana.
Com isso, dissiparam-se os temores quanto a uma nova paralisação do governo de Washington — o que trouxe tranquilidade aos agentes financeiros e provocou um aumento da demanda por dólar no mundo, de acordo com Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.
Essa carta já era suficiente para deixar o dólar bem posicionado ante as demais moedas. No entanto, a divisa americana recebeu outro reforço do noticiário global.
Ás de copas
No meio da tarde, a agência de notícias Bloomberg afirmou que o representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e outras autoridades do país, irão viajar à China na próxima segunda-feira (29). O objetivo é dar continuidade às negociações referentes à guerra comercial, desta vez cara a cara com uma delegação do país asiático.
Citando fontes, a Bloomberg diz que Lighthizer e os demais representantes americanos chegarão a Xangai na quarta-feira. E, apesar de as pessoas ouvidas pela agência terem afirmado que não são esperados avanços de maior magnitude após essas conversas, os mercados se animaram com a notícia.
Assim, o fortalecimento do dólar em escala global deu mais um passo na segunda metade do pregão. Nesse cenário, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta com as principais divisas do mundo, fechou em alta firme.
E, na comparação com as divisas de países emergentes e ligados às commodities, o tom não foi diferente: o dólar avançou ante o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno, o rand sul-africano, o peso colombiano e o dólar neozelandês, apenas para citar algumas — o real apenas seguiu a tendência externa.
Cartas na mesa
Os demais jogadores também receberam cartas interessantes. No entanto, nada que fosse páreo para a dupla de ases ostentada pelo dólar.
O destaque fica com o euro e a libra esterlina, que reagiram à vitória de Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, na disputa pelo cargo de primeiro-ministro britânico. Johnson é um ferrenho defensor do Brexit e, sob seu comando, é de se esperar que o Reino Unido deixe a União Europeia sem fechar nenhum tipo de acordo com Bruxelas.
Dado o perfil do novo premiê, os agentes financeiros reagiram com uma estratégia bem definida: aumentaram a exposição ao risco no mercado de câmbio e assumiram uma posição defensiva no câmbio. Assim, a bolsa de Londres e as demais praças acionárias da Europa fecharam o dia em alta, mas o euro e a libra perderam terreno ante o dólar.
E o real? A moeda brasileira recebeu uma mão sem grande brilho — nada muito fraco, mas também nada particularmente forte. Afinal, com o Congresso em recesso, a tramitação da reforma da Previdência e de outras pautas econômicas está parada, o que deixa os ativos domésticos sem seu principal referencial.
"Com a questão da Previdência bem encaminhada, o mercado sofre um impacto maior do vaivém no exterior", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "E, apesar de as coisas estarem andando por aqui, há um temor quanto ao que vai acontecer no Brasil daqui para frente, como vai ser o cenário político pós-Previdência".
Sem clima para jogar
Quanto ao Ibovespa, o analista Rafael Passos, da Guide Investimentos, afirma que o noticiário referente ao saque das contas ativas do FGTS foi fonte de confusão, uma vez que as sinalizações emitidas pelo governo mudam constantemente. "Há muito pouca articulação, não vemos um direcionamento mais claro e, com isso, o mercado fica esperando", diz.
Sem ter certeza quanto ao que pode ocorrer em relação ao FGTS, os agentes financeiros se voltaram ao noticiário corporativo, às recomendações de bancos e ao desempenho das commodities para promoverem ajustes pontuais de posição.
No front corporativo, o destaque desta terça-feira foi o Santander Brasil, que deu a largada na temporada de balanços do segundo trimestre. A instituição reportou lucro líquido de R$ 3,635 bilhões, uma alta de 20,2% ante o mesmo período do ano passado, com rentabilidade chegando a 21,3% entre abril e junho de 2019.
No entanto, analistas ponderaram que os números do Santander, apesar de fortes, ficaram dentro das expectativas. Assim, as units da instituição (SANB11) até chegaram a operar em alta no início do pregão, mas perderam força e fecharam em baixa de 0,51%.
Quanto às recomendações de bancos, as ações ON da Ultrapar (UGPA3) foram as mais afetadas: os papéis subiram 2,58%, a R$ 19,85 na esteira da elevação de nota do Bradesco BBI, de neutro para 'outperform' (desempenho acima da média), com preço-alvo de R$ 26,00 ao fim de 2020.
Por fim, os papéis ON da Vale (VALE3) caíram 1,32% e representaram um foco de pressão ao Ibovespa. Os ativos reagiram negativamente à baixa de 0,43% na cotação do minério de ferro na China — além disso, Passos diz que o fraco desempenho operacional da Vale no segundo trimestre, reportado ontem, continua pesando sobre suas ações.
"Por aqui, ainda não há nenhuma grande novidade, nenhum fator novo de influência para o mercado de ações", pondera Passos. "Houve um fluxo corporativo em alguns papéis, mas nada que gere um direcionamento maior".
O tom negativo do Ibovespa ficou na contramão dos ganhos exibidos pelas bolsas americanas. O Dow Jones subiu 0,66%, o S&P 500 avançou 0,67% e o Nasdaq teve alta de 0,58%, reagindo positivamente ao noticiário internacional e à temporada de balanços corporativos — o destaque foi a Coca-Cola, cujas ações subiram mais de 6%.
Juros caem — e sem blefe
Apesar da alta do dólar à vista, as curvas de juros fecharam em baixa nesta terça-feira. Por aqui, os mercados viram a leve alta de 0,09% na inflação medida pelo IPCA-15 em julho como um sinal de que o Copom terá mais tranquilidade para promover cortes na Selic no dia 31.
Nesse cenário, os DIs para janeiro de 2021 caíram de 5,48% para 5,42%; na ponta longa, as curvas com vencimento em janeiro de 2023 recuaram de 6,36% para 6,31%, e as para janeiro de 2025 vão de 6,94% para 6,87%.
"O mercado já comprava um corte de juros, e agora debate se o ajuste será de 0,25 ou de 0,50", diz Passos. "O pessoal vai arbitrando isso, e o IPCA-15 sob controle sustenta um corte de juros mais agressivo". O Bank of America Merrill Lynch, por exemplo, já estima que a Selic chegará a 4,75% ao fim de 2019, permanecendo nesse patamar ao longo de 2020.
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